Dia mundial da alfabetização: a importância da educação para a cidadania

Pais com filhos em idade escolar relatam que a pandemia é um grande desafio para a alfabetização

Emanuele Corrêa
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Nesta quarta-feira (8) é o "Dia Mundial da Alfabetização", que foi instituído em 1967, pela Organização das Nações Unidas (ONU) e a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO). A alfabetização é a base para que a cidadania possa ser exercida em sociedade, é tão importante, que a ONU incluiu dentro dos 17 objetivos para o desenvolvimento sustentável, como a meta de número 4 "educação de qualidade". Objetivo que deve ser cumprido pelos países até 2030.

No Brasil de 2021, em um cenário pandêmico, a alfabetização torna-se mais desafiadora. Para explicar quais são os compromissos que a sociedade e governantes precisam assumir, a professora do curso de Pedagogia da UNINASSAU Belém, Milene Leal problematiza dados e o cenário da educação: "o IBGE notificou que existem 11 milhões de pessoas analfabetas. Dado que chama atenção para o desafio, para pensar no processo de alfabetização. Garantir um conjunto de formação continuada aos alfabetizadores, que irão trabalhar com crianças, jovens, adultos e idosos. Afinal, esse processo de alfabetização e a educação em si é um processo permanente, onde todos têm direitos", explica a professora.

Milene ressalta que é imprescindível: "pensarmos as questões sociais que estão atreladas a esse processo. Preciso promover a inclusão social destes alunos, para pensarem no processo de alfabetização", diz. E complementa que a família é indispensável nesse mecanismo, mas antes: "claro que preciso preparar e orientar a família, que dará esse suporte, continuidade e estímulo ao trabalho que está sendo realizado na escola", pontua a pedagoga.

A professora analisa o cenário de pandemia que está há quase 1 ano e meio mudando a rotina escolar da população e diz que ela também afetou decisivamente o processo formador dessas pessoas: "uma das grandes demandas que surgiu, foi o ensino remoto. A reflexão que fica é até que ponto esse ensino remoto trabalhou a inclusão? Nós caminhamos na contramão, muita das vezes, porque muitas crianças, adultos e idosos que passam por alfabetização, não tiveram acesso a essas ferramentas, por meio de políticas públicas, que reafirmaram esses direitos básicos a educação", observa Milene. Mas diz que a capital do Pará tem potencial para ser uma cidade alfabetizadora: "hoje eu me felicito em perceber que Belém vive esse momento de debate, para se tornar uma cidade alfabetizadora, que esse projeto venha se corporificar na nossa cidade", argumenta.

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Foi pelo método de alfabetização de adultos que Freire foi perseguido pelo militares durante a ditadura.

Para os os pais, mães e responsáveis de crianças que estão sendo alfabetizadas nesse contexto pandêmico, a dificuldade de se adaptar ao ensino remoto foi a parte mais delicada. Adriana Castro é assistente administrativa e tem uma filha de 7 anos, a Ana Gabriela de Castro, que está no segundo ano do ensino infantil. "O processo de alfabetização dela foi um pouco complicado devido à pandemia. Teve bastante dificuldade no aprendizado e como trabalho e passo o dia fora, para não prejudicar o aprendizado dela, contratei uma professora de reforço", explica a mãe.

Adriana celebra o fato de sua filha saber ler e, reforça, o valor da escola: "a presença na escola é de muita importância, para ajudar nesse processo de aprendizagem tanto para crianças, jovens e adultos... Aqui deixo um recado para os pais, que invistam na educação de seus filhos, para que tenham um futuro melhor. E aos nossos governantes que invistam na educação do nosso país, para que não haja tanta desigualdade no nosso país", declara.

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Viviane Ledo é nutricionista e conta que a filha Ana Beatriz, tem 6 anos e faz pré-alfabetização/jardim, e já está aprendendo a ler algumas palavras. "O processo de alfabetização tem sido uma experiência muito legal. É interessante ver o desenvolvimento da criança e o interesse delas ao ver as palavras e tentar ler, porém é um processo que requer bastante dedicação e paciência. Sempre tento tirar uma horinha para leitura. Incentivo ela com músicas, pois ela adora cantar e dançar. Estímulo a falar inglês, já que a escola é bilíngue. Os pais, mandem seus filhos para a escola, incentive a leitura, o estudo e a convivência porque tudo faz muita diferença no desenvolvimento da criança. A educação é a maior riqueza do ser humano.

O Relatório nacional de alfabetização baseado em evidências (Renabe-2021) significa a palavra alfabetização como o "ensino das habilidades de leitura e de escrita em um sistema alfabético, a fim de que o alfabetizando se torne capaz de ler e escrever palavras e textos com autonomia e compreensão". Nessa perspectiva, o Brasil tem um desafio até 2024, erradicar o analfabetismo, de acordo com o plano nacional de alfabetização. A professora Milene diz que "eu analiso com muito cuidado os desafios que vão sendo apresentados pelo método ABC do Ministério da Educação. Se nós falarmos sobre as metas que são apresentadas para o dia internacional da alfabetização, em relação ao Ministério da Educação, para o plano nacional de educação, uma das propostas é que até 2024 todos os alunos até o terceiro ano estejam alfabetizados. Aí cabe a nós problematizar até que ponto essas crianças que estão passando pela pandemia sem acesso ao ensino remoto e não tiveram acesso a políticas públicas, principalmente com vulnerabilidade socioeconômica, até que ponto vai contribuir para atingir essas meta", conclui.

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A pedagoga reflete sobre o processo alfabetizador e diz que "é para toda a vida. Não tem como dizer que 'alfabetizar crianças é mais fácil' ou 'alfabetizar adultos é mais fácil', eu costumo dizer que o processo de alfabetização entre os sujeitos é complexo, demanda a leitura da inclusão social. Estamos falando de um direito constitucional, art 205 vem nos falar que a educação é um direito de todos", finaliza.

Em todo o Pará, informa a Secretaria de Educação do Pará (Seduc), cerca de 423 mil alunos estariam aptos a realizar o Exame Estadual Permanente, de acordo com o levantamento do Censo Escolar 2020. A Seduc estima que, aproximadamente 10 mil estudantes, anualmente, sejam atendidos com a avaliação em um dos cinco Centros Estaduais de Educação de Jovens e Adultos (Ceejas).

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