423 mil estudantes paraenses estão com a conclusão dos estudos em atraso

Este é o público-alvo apto a fazer a prova do Exame Estadual Permanente para a Educação de Jovens e Adultos (EJA)

Caio Oliveira
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A Secretaria de Estado de Educação (Seduc), por meio da Coordenadoria de Educação de Jovens e Adultos (Ceja), anunciou a abertura da pré-inscrição ao Exame Estadual Permanente para os alunos da Educação de Jovens e Adultos (EJA). A solicitação para fazer a prova pode ser feita por estudantes que não concluíram os estudos ou que devem alguma disciplina no respectivo ano, o que impossibilita a conclusão da formação. A prova gratuita tem como objetivo aferir as competências, habilidades e conhecimentos adquiridos no processo escolar.

Em todo o Pará, informa a Seduc, cerca de 423 mil alunos estariam aptos a realizar o Exame Estadual Permanente, de acordo com o levantamento do Censo Escolar 2020. A Seduc estima que,  aproximadamente 10 mil estudantes, anualmente, sejam atendidos com a avaliação em um dos cinco Centros Estaduais de Educação de Jovens e Adultos (Ceejas).

Neste primeiro momento, as pré-inscrições para o exame são realizadas de forma on-line, no site da Secretaria (seduc.pa.gov.br/portal/bancapermanente), mas cabe ao aluno confirmar presencialmente a sua inscrição, em um dos cinco Centros Estaduais de Educação de Jovens e Adultos (Ceejas) localizados em Abaetetuba, Belém, Marabá, Santarém e Xinguara.

Para obtenção da certificação do Ensino Fundamental, podem prestar as provas pessoas a partir de 15 anos, e para a certificação do Ensino Médio, pessoas com, no mínimo, 18 anos de idade. A pontuação mínima para aprovação é de cinco pontos em cada uma das áreas de conhecimento abordadas na avaliação. No ato da inscrição, o interessado deve escolher em qual Ceeja realizará a prova e marcar a data para comparecer ao local, com os seguintes documentos: carteira de identidade original e cópia; duas fotos 3x4 e histórico escolar original e cópia, de acordo com o grau de escolaridade escolhido previamente.

 

Mãe e filha são exemplos da importância de continuar os estudos

Maria Lobato (mais conhecida como Lúcia), de 58 anos, tem orgulho de ser uma aluna do programa da Educação de Jovens, Adultos e Idosos (Ejai), da Secretaria Municipal de Educação (Semec). Quando criança, ela estudou até a quarta série, e agora, voltou às aulas ao lado de uma colega muito especial: sua mãe, Raimunda Lobato, de 90 anos, que só agora, está tendo a chance de experimentar uma sala de aula - ainda que virtual, por conta da pandemia.

“Foi por falta de oportunidade mesmo, falta de chances de estudar na infância, pois a infância foi difícil. A gente morava no interior, e não tinha recurso. Ou trabalhava, ou estudava”, explica a mulher sobre o atraso em sua formação educacional. Hoje, ela e a mãe são alunas da Escola Municipal Cordolina Fontelles, que fica perto da casa delas, na Pratinha. “Aqui, sempre tem esses projetos. Passou um carro-som anunciando na rua sobre as matrículas no ensino fundamental, e aí nós nos inscrevemos, há umas duas semanas. Estamos no primeiro bloco ainda, nos habituando, tendo aulas online, pelo WhatsApp”, comemora Maria, feliz em ter uma parceira de estudos dedicada dentro de casa.

“Quando eu me criei, não tinha aula, não tinha professor no interior do município de São Sebastião da Boa Vista, no Marajó”, explica dona Raimunda. “Eu fui trabalhar na roça, e depois de um tempo, meu marido morreu, e foi aí que eu não estudei mesmo, trabalhando para dar de comer para meus filhos”, relembra a idosa, que agora, só pensa em se dedicar cada vez mais aos estudos e recuperar o tempo perdido. “Estou gostando muito! As meninas vão me ensinando aqui em casa, as minhas bisnetas. Elas fazem as letras e eu cubro tudo direitinho no meu caderno”, conta a aluna Raimunda Lobato.

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Belém
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