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Dia dos Pais: em Belém, filhos seguem carreira de médico e militar do pai

Em um momento especial, o coronel Barletta e os dois filhos já participaram de uma cirurgia juntos

Dilson Pimentel

Neste Dia dos Pais, o coronel médico Angelo Barletta Neto tem ainda mais motivos para comemorar a data. Além da tradicional homenagem familiar, ele carrega o privilégio de compartilhar não apenas o mesmo sangue, mas também as mesmas escolhas profissionais com seus dois filhos homens: todos são médicos e militares. Uma relação construída com disciplina, afeto e inspiração mútua.

E um momento especial: pai e os dois filhos já fizeram uma cirurgiã juntos. Aos 56 anos, o coronel Barletta é diretor do Hospital Geral de Belém. "Quando assumi o comando aqui, vivi uma experiência ímpar: tinha dois filhos na unidade, compondo o Estado-Maior. Assumi no dia 22 de janeiro deste ano", relembra. Os filhos são o segundo tenente Angelo Barlleta, que trabalha no Hospital Geral de Belém, e César Barletta. César está atualmente em Salvador, na Escola de Saúde e Formação Complementar, em curso de formação de oficiais médicos.

A paixão pela medicina e pela carreira militar surgiu cedo na vida do coronel. Tudo começou ainda na infância, inspirado por cerimônias cívicas realizadas por militares em sua escola, o Instituto Dom Bosco, em Belém. "Eu era uma criança, tinha sete ou oito anos, e aquilo me marcou. Veio daí a semente da vocação. A medicina também era um sonho. Sempre quis ser médico. Cresci com essas duas paixões e consegui conciliar as duas. Até hoje, graças a Deus, creio que tenho sido um bom militar e um bom médico", disse ele, que é cirurgião geral.

O coronel Barletta contou que, quando se alistou, já cursava medicina. Optou por não incorporar de imediato para concluir os estudos e só depois passou a servir como médico. "Foi uma experiência magnífica. Quando entrei, tive a certeza de que estava no lugar certo. E o mais interessante foi inspirar meus filhos a seguir os mesmos caminhos”. Ele se formou em Medicina em 1994. E, em 1995, entrou no Exército.

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image O coronel Barletta e seu filho, o tenente Angelo, no ambiente de trabalho, no Hospital Geral de Belém (Foto: Thiago Gomes/O Liberal)

Família, missão e disciplina

Apesar da influência do ambiente familiar, o coronel garantiu que nunca direcionou seus filhos a seguirem suas profissões. "Eles foram criados no meio militar, estudaram em colégio militar, mas nunca houve estímulo direto. Acredito que foi inspiração mesmo", disse. O coronel citou uma ocasião especial ao lado dos dois filhos. "Um momento marcante foi quando fizemos juntos uma cirurgia. Era passagem de ano, entre 2023 e 2024, estávamos em Marabá, com a família reunida. Eu estava de sobreaviso na cidade, como cirurgião, e fui chamado para atender uma vítima de ferimento por arma branca no abdômen. Meus filhos me ajudaram no procedimento, que foi um sucesso. Passamos o Réveillon dentro do centro cirúrgico. Foi indescritível", contou.

O coronel acredita que a disciplina e a hierarquia do Exército são valores fundamentais em qualquer carreira, especialmente na medicina e na vida familiar. "Sempre digo a eles: caminhem com a disciplina ao lado de vocês. Na medicina, especialmente na cirurgia, a disciplina é essencial. A liderança militar também ajuda muito na prática médica”, afirmou.

No ambiente de trabalho, os filhos seguem todos os protocolos militares. "Eles não me veem como pai. Me cumprimentam como comandante, com continência. Nunca houve espaço para confusão entre as figuras. Aqui, somos soldados: um mais antigo, outro mais moderno."

Vida em Belém e o apoio da família

Para o coronel Barletta, estar novamente em Belém, sua cidade natal, é motivo de orgulho. “Dirigir o Hospital Geral de Belém foi um momento de muita satisfação. É a minha terceira experiência como diretor, depois de Rio Branco e Marabá, mas esta é, sem dúvida, a mais especial”, afirmou.

Além dos dois filhos médicos, o coronel tem uma filha mais nova, Maria Teresa, de 13 anos, aluna do Colégio Militar de Belém. "Está no nono ano. Quem sabe, futuramente, também siga nossos passos. Mas, como sempre, sem pressão. Talvez inspiração, não imposição", destacou.

O coronel também lembrou que, durante um discurso em Manaus, se emocionou ao falar da esposa, Teresa Cristina, psicóloga formada e pós-graduada. “Ela abriu mão dos próprios sonhos para viver os nossos: o meu e dos nossos filhos. Isso é algo que sempre vou valorizar. A abdicação da família militar é algo que poucos enxergam”, contou.

O coronel diz que é movido por três grandes paixões: a medicina, a carreira militar e a família. “São vidas que se entrelaçam com muita harmonia. E é isso que me motiva todos os dias”, contou. Mesmo no Dia dos Pais, a hierarquia dá lugar ao afeto. "Em casa, quem manda é o pai. No ambiente familiar, deixamos o lado profissional de lado. Curtimos a família, que vive tudo isso com muita alegria, muito orgulho e muita paixão."

Convivência no trabalho

A convivência entre pai e filhos no ambiente militar é, para o coronel Barletta, uma experiência única - especialmente por ser, ao mesmo tempo, chefe e pai. “Ter um subordinado que também é meu filho é algo muito especial. Ele é bem adaptado à vida militar e me dá muita satisfação ter meu filho trabalhado no mesmo ambiente que eu. A gente não consegue separar completamente o lado familiar do lado profissional, mas cultivamos essa dicotomia. Quando ele me vê, está falando com o coronel, com o comandante, não com o pai dele. E há detalhes bem afetos à vida militar, que é a hierarquia, a disciplina”, explicou.

Com orgulho, Barletta destaca o respeito às normas militares: “Falamos 'sim senhor', 'não senhor', 'permissão para entrar', 'permissão para sair'. E um dos momentos mais gratificantes no meu quartel é receber a continência do meu filho. O cumprimento dos militares, e isso é muito emocionante”.

Neste ano, a comemoração do Dia dos Pais será marcada por um almoço festivo, que ocorreu na sexta-feira, no Hospital Geral de Belém. “Um dos meus filhos, o César (26 anos), não esteve presente porque está em Salvador, fazendo o curso de formação de oficiais médicos da Escola de Saúde e Formação Complementar do Exército. Mas o outro filho, Angelo, estava aqui comigo nesse dia especial. Vai ser uma data muito gratificante”, comentou.

Para o coronel Barletta, seja como médico ou como militar, os valores que transmite aos filhos são os mesmos: comprometimento, responsabilidade e o amor à profissão. “Desenvolver a vocação, seja na esfera militar, seja na esfera civil, como médico. Em ambas é muito importante a gente conviver com disciplina e hierarquia. Quando adotamos esses princípios, tudo caminha melhor. É isso que tento passar para eles: comprometimento, envolvimento e amor pela profissão, seja na medicina ou na vida militar”.

image Um momento inesquecível: o coronel médico Barletta realizando uma cirurgia ao lado dos filhos Angelo e César (Foto: Arquivo Pessoal)

Pai e filho dividem plantões e vocação no Hospital Geral de Belém"

No Hospital Geral de Belém, a hierarquia militar e os laços familiares caminham lado a lado para o segundo-tenente Angelo Barletta, de 29 anos. Filho do coronel médico Angelo Barletta Neto, ele decidiu seguir os mesmos passos do pai, tanto na carreira militar quanto na medicina. Em entrevista, o jovem oficial fala sobre a convivência com o pai no ambiente profissional, as inspirações dentro de casa e os desafios de conciliar as responsabilidades familiares e profissionais.

O tenente explica como surgiu essa inspiração pelas mesmas profissões de seu pai. “A medicina a gente sempre teve contato, desde cedo, com meu pai. Então, desde pequeno, a gente já acompanhava ele nessa rotina de ir para o hospital, de levar para plantão, de buscar em plantão. Às vezes, pequeno, a gente acabava ficando em alguns consultórios, acompanhando a rotina de clínica junto dele”, contou. Ele também falou sobre a convivência no trabalho e em casa.

“Eu não consigo sentir muita diferença, não. Mas acaba que, às vezes, a nossa casa, a gente acaba trazendo para cá também. A nossa rotina em casa é corrida, até porque ele tem as demandas dele, eu tenho as minhas, tem as demandas da casa. E, às vezes, a gente acaba tendo mais contato aqui no hospital. Mas, se for rápido, ele tem fácil acesso onde ele está. Então, sempre quando tem algum problema, a gente consegue resolver rápido”, contou.

image Coronel Barletta ao lado da família, que conversa, à distância, com o militar César, que está em Salvador (Foto: Thiago Gomes/O Liberal)

O tenente também falou sobre a experiência de realizar uma cirurgia com seu pai e o outro irmão. “Foi um aprendizado. Desde o início da faculdade - acredito que lá no meu segundo ou terceiro ano -, sempre que tinha oportunidade a gente acompanhava ele. Meu irmão também. Meu irmão é um ano atrás de mim na faculdade. E sempre quando tinha oportunidade, ele chamava a gente pra tentar auxiliar, instrumentar”, lembrou. E falou, ainda, sobre a relação no ambiente de trabalho. “Eu acho que é 50% e 50%. Quando é assunto sério, é coronel. Quando é um assunto mais tranquilo, é pai”, disse. “Da parte médica, sempre quando eu tinha algum problema, alguma situação que eu precisava de ajuda, ele era a primeira pessoa que eu sempre liguei. Então, basicamente isso: sempre quando aperta, eu tenho alguém pra ligar. E isso sempre ajuda”.

 

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