CONTINUE EM OLIBERAL.COM
X
#end

Seguir profissão do pai é uma forma de homenagem

Alguns pais e filhos trabalham juntos e partilham ofício

Elisa Vaz / O Liberal
fonte

O Dia dos Pais, celebrado anualmente no segundo domingo de agosto, é uma data em que os filhos costumam homenagear e presentear o pai. Porém, em muitos casos, essas homenagens não acontecem apenas no dia comemorativo, e sim na rotina. De acordo com uma pesquisa do LinkedIn, rede social de negócios, os pais ainda estão entre as maiores influências na vida de uma pessoa na hora de escolher a carreira. Trabalhar ao lado do pai diariamente ou seguir a mesma carreira que ele teve é uma das formas de honrá-lo, seguindo os mesmos passos e dando prosseguimento ao legado deixado.

É o caso de Raimundo Costa, de 61 anos, e Gerson Costa, de 33. Os dois são pai e filho e trabalham juntos em um condomínio de Belém, no bairro Umarizal. Enquanto Raimundo fica na portaria, Gerson trabalha com os serviços gerais. O pai, que é casado e tem quatro filhos no total, começou a trabalhar com 18 anos, mas só aos 28 anos de idade começou as atividades no prédio residencial onde atua hoje.

“Trabalhei no Terminal Rodoviário, passei dois anos lá, depois saí e fiquei trabalhando como autônomo até 1983. No início deste ano, fui para um outro trabalho, onde passei cinco anos. Saí de lá no ano de 1988, e aí fui montar um imóvel no Edifício Marbella e fui ficando, desde 1988 até agora, continuo no prédio. Já são 32 anos trabalhando no edifício, considero a minha segunda casa”, conta.

Para ele, houve uma influência em seu filho, profissionalmente, já que Raimundo levava Gerson para ajudar nas atividades desde cedo. “Ele foi gostando e foi ficando, continua aqui conosco. Trabalhar ao lado do filho é uma parceria muito boa, a gente se dá muito bem, eu e ele. Eu me sinto feliz por trabalharmos juntos, espero um dia me aposentar da portaria ou ir embora e ele continuar aqui para dar continuidade ao meu trabalho”, adianta o pai, que trabalha como porteiro.

Sonho era outro

Gerson, no entanto, está na empresa há apenas quatro anos. Quando era mais novo, tinha o sonho de atuar na área militar – chegou a se alistar em 2007 e foi convocado a servir em 2008, mas não conseguiu prosseguir na carreira. A partir de então, se inspirou a fazer o que o pai lhe ensinou desde jovem.

“Ele me trazia para ver a função dele, e aprendi muitas coisas quando vinha. Aprendi carpintaria, pintura, serviços de encanador e várias outras funções. Me sinto honrado com esse aprendizado que ele me passou”, comenta Gerson. O trabalhador afirma que atuar ao lado do meu pai é muito interessante, porque desde cedo os dois são próximos. E como sempre estiveram juntos, ele diz que sentiria falta do pai se mudasse de emprego ou de rotina. “A gente sempre teve uma comunhão, uma amizade. Que bom que essa amizade prevaleceu até o dia de hoje. É uma satisfação para mim.Ele me ensinou o caminho certo por onde devo andar”.

Nos dias de hoje, a proximidade entre pais e filhos não é mais vista, na opinião do profissional de serviços gerais. Mesmo fora do trabalho, Gerson afirma que sempre procura o pai para pedir conselhos e opiniões, por conta da experiência adquirida na vida. “Homenagear meu pai nessa data também é um privilégio. Nós nascemos, crescemos e morremos, e mais uma vez passar o Dia dos Pais ao lado do meu pai é importante para homenageá-lo e agradecer pela instrução que ele me passou. Estaremos de folga e juntos comemorando, não só nessa data, mas em outras que vão se repetir”, comemora Gerson.

Mesma especialidade

Em outra família, a profissão é diferente, mas a história é parecida. O médico anestesiologista Luiz Paulo Cavalcante, de 34 anos, seguiu os mesmos passos do pai, José Luiz dos Santos Cavalcante, de 72, que também exerce a função. O filho é formado há sete anos e trabalha em vários hospitais e clínicas da capital paraense. Embora ele sempre tivesse certeza da área que queria seguir, a inspiração começou muito cedo, em casa. “Sempre quis ser médico. Acompanhava ele em alguns hospitais antes mesmo de entrar na faculdade, e ele foi me mostrando tudo da medicina, as coisas boas e as ruins, para saber se realmente era o que eu queria. E só fui me apaixonando”, lembra Luiz.

O médico anestesiologista conta que sempre se inspirou no pai em todos os sentidos: torce pelos mesmos times, faz viagens com ele e seguiu a mesma carreira – não só na graduação, mas também na especialidade. Hoje, os dois se ajudam: “Eu faço anestesia para ele quando ele não pode e ele faz a mesma coisa por mim, vamos nos ajudando sempre. Minha mãe sempre fala, quando estou indo trabalhar, que está vendo o meu pai mais jovem, saindo de casa o tempo todo, vivendo em hospital. Mas é muito gratificante poder ajudar ele, fazer o que ele sempre fez e continua fazendo”.

Apoio em casa

Quando Luiz tem algum problema relacionado à profissão, seja um acontecimento específico ou um dia difícil, é o pai que ele procura. “Quem vive em centro cirúrgico sabe que, infelizmente, faz parte da nossa rotina. Eu converso com ele, ele me aconselha, fala que faz parte da profissão. Me fez ser muito humanizado e isso levo para minha vida pessoal e profissional com meus pacientes. Ele sente orgulho desde que entrei na medicina, falava para todo mundo que eu fazia o curso, que ia ser anestesista e, geralmente, com os olhos cheios de lágrimas. Isso só orgulha ele e me deixa realizado também, por ter seguido todos os passos dele”, relembra o filho.

Em todos os Dias dos Pais, Luiz faz homenagens relacionadas com a medicina: porta-retrato com as fotos de médico, quadro com os diplomas e outras celebrações. Esta, segundo o médico, é uma data que eles sempre passam juntos.

Assine O Liberal e confira mais conteúdos e colunistas. 🗞
Entre no nosso grupo de notícias no WhatsApp e Telegram 📱
Economia
.
Ícone cancelar

Desculpe pela interrupção. Detectamos que você possui um bloqueador de anúncios ativo!

Oferecemos notícia e informação de graça, mas produzir conteúdo de qualidade não é.

Os anúncios são uma forma de garantir a receita do portal e o pagamento dos profissionais envolvidos.

Por favor, desative ou remova o bloqueador de anúncios do seu navegador para continuar sua navegação sem interrupções. Obrigado!

ÚLTIMAS EM ECONOMIA

MAIS LIDAS EM ECONOMIA