Castanha-do-pará segue cara e kg pode chegar a R$ 250 ainda em 2025, segundo vendedora
Fatores climáticos e oferta limitada impulsionam alta nos preços, enquanto exportações deste ano têm números expressivos.

A castanha-do-pará, um dos produtos mais tradicionais da Amazônia, continua com preços elevados nos mercados paraenses e deve registrar novos aumentos até o fim de 2025. No Complexo do Ver-O-Peso, em Belém, vendedores relatam que a combinação entre estiagem prolongada nos municípios onde há a produção da semente e baixa produção tem pressionado o valor do quilo, que já ultrapassa R$ 170 e pode chegar a R$ 250 nos próximos meses, segundo uma vendedora.
Oferta em queda e preço nas alturas
Josiane Antunes, vendedora de castanha-do-pará há seis anos, destaca que o problema não está na industrialização, mas sim na produção limitada do fruto, diretamente afetada pela escassez de chuvas nos municípios paraenses onde ocorre a produção da semente.
"As árvores não deram os grãos que tinham que dar porque não choveu o suficiente. O preço se resume a um aspecto climático", afirma.
Segundo ela, entre julho e o início de agosto, o preço da castanha se manteve alto, com variações entre R$ 135 e R$ 170 o quilo, dependendo do tamanho e da qualidade.
“Talvez daqui para o fim do ano o quilo de castanha vá chegar a R$ 250 ou mais, porque não tem o produto”, alerta.
João Batista Lopes, com mais de 15 anos de experiência no ramo, confirma a dificuldade de abastecimento.
“A castanha acabou cedo. As fábricas fecharam recentemente em junho. Agora é esperar até a nova safra, que começa entre fevereiro e março”, explica. Segundo ele, atualmente o quilo varia de R$ 140 a R$ 170.
Exportação cresce e agrava escassez interna
A castanha apresenta baixa oferta no mercado interno pelos motivos apresentados pelos comerciantes e, agravando a situação interna, o Pará segue como destaque nas exportações do produto.
Dados da Federação das Indústrias do Estado do Pará (Fiepa) mostram que, entre janeiro e junho de 2025, o estado exportou US$ 5,25 milhões em castanha-do-pará, um crescimento de 6,43% em relação ao mesmo período de 2024, quando o valor foi de US$ 4,93 milhões, consolidando o Pará como o 2º maior exportador brasileiro do produto.
Os Estados Unidos lideram como principal destino, com 31,3% das exportações, seguidos por Canadá (21,3%) e Espanha (9,09%).
Curiosamente, todo o volume exportado neste ano corresponde à castanha sem casca. O tipo com casca, que foi incluído na lista de isenções tarifárias pelo governo norte-americano, não teve registros significativos no primeiro semestre, segundo a Fiepa.
Taxação pode impactar, mas clima ainda é o principal fator
A imposição de tarifas norte-americanas sobre a castanha-do-pará sem casca é vista com cautela pelos vendedores.
Para João Batista, o chamado “tarifaço” pode até reduzir o preço no mercado interno, caso os exportadores optem por vender localmente.
“Se nós comprarmos mais barato, daí a gente vai passar para o consumidor mais barato”, diz. No entanto, ele reforça que a tendência é de alta, pois a oferta continua limitada.
Josiane compartilha visão semelhante: “Se a taxação vai aumentar ou não, não vai influenciar em nada, porque não tem castanha. O mercado está sedento. Ela está cara e não tem.”
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