Licor, pimenta, casadinho: produtos derivados do cupuaçu impulsionam negócios no Ver-O-Peso
Feirantes de Belém apostam na versatilidade da fruta para oferecer uma ampla variedade de produtos regionais e movimentar os negócios com forte apelo entre visitantes de outras regiões do Brasil.

De trufas e geleias a licores e biscoitos amanteigados, o cupuaçu se tornou o grande protagonista das barracas no Complexo do Ver-o-Peso na capital paraense. Uma das frutas mais conhecidas da Amazônia movimenta as vendas dos feirantes, que encontram no cupuaçu uma verdadeira potência econômica. Para especialistas da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Agropecuário e da Pesca (Sedap) ouvidos pelo Grupo Liberal, o cupuaçu é um motor estratégico de desenvolvimento econômico e sustentável, com alto potencial tanto na indústria alimentícia quanto cosmética, beneficiando agricultores familiares e fortalecendo a economia local.
Um produto, muitos sabores
Em Belém, o cupuaçu reina absoluto nas bancas do mercado mais tradicional da cidade. A vendedora Silvia Almeida, que trabalha há cinco anos no Complexo do Ver-o-Peso, afirma com orgulho:
“O cupuaçu é o carro-chefe daqui. Temos trufa, licor, geleia, bombom, suco, doce tradicional, polpa e até biscoitinho. Tudo feito com cupuaçu”.
Os preços variam conforme o produto. Uma trufa sai por R$ 4,50, a geleia simples ou com pimenta custa R$ 25, e o licor, um dos mais procurados, é vendido a R$ 45.
“O pessoal compra muito para levar de presente. Turistas adoram. A gente vende de 20 a 30 produtos por dia, fora as polpas”, conta Silvia.
Para a vendedora, o cupuaçu não é apenas uma fruta apreciada — é também símbolo da identidade amazônica e fonte de renda para muitos trabalhadores. Segundo ela, a variedade de produtos derivados encanta os turistas e garante o movimento constante nas barracas.
“É uma fruta nossa, regional. O pessoal procura porque é saborosa e versátil. Você pode fazer doce, geléia, bombom, licor, o que imaginar”, reforça Silvia.
Já Gabriel Lima, que começou recentemente no negócio, destaca o sucesso dos casadinhos de cupuaçu — biscoitos amanteigados recheados com compota da fruta — vendidos a R$ 25 o pacote.
“A gente tem bastante movimento nas redes sociais, então o pessoal já vem direto procurando os produtos. O cupuaçu ajuda bastante nas vendas. É o ponto forte do estado”, afirma.
Fruta paraense encanta quem chega
Para quem visita Belém pela primeira vez, como a professora Andressa Freitas Lopes, do Rio Grande do Sul, a experiência com o cupuaçu é surpreendente.
“Na nossa região não tem nada parecido. Estamos provando tudo que tem cupuaçu: sorvete, bombom, bolachinha…”, diz, entusiasmada.
A docente, que está no Norte pela primeira vez, garante que o sabor exótico do cupuaçu conquistou seu paladar:
“Tá aprovadíssimo. Quero levar na minha viagem. É tudo muito diferente e gostoso”.
Do alimento ao cosmético: o potencial da fruta
Segundo a engenheira química Maria de Lourdes Minssen e o engenheiro agrônomo Geraldo Tavares, ambos do Núcleo de Planejamento e Assessoria Técnica da Sedap (Secretaria de Estado de Desenvolvimento Agropecuária e da Pesca), o cupuaçu tem papel estratégico em diversos setores.
“A polpa é amplamente utilizada na indústria de alimentos e bebidas, enquanto a manteiga e as amêndoas são valorizadas na produção de cosméticos e no desenvolvimento de produtos como o cupulate”, destaca Maria de Lourdes.
Geraldo Tavares complementa: “O cupuaçu é uma fruta amazônica não apenas valorizada pelo seu sabor e propriedades nutricionais, mas também pelo seu impacto positivo na economia local e na sustentabilidade.”
Motor do desenvolvimento sustentável
Na cadeia produtiva do cupuaçu, o envolvimento de pequenos agricultores e comunidades tradicionais é essencial. Para o engenheiro agrônomo da Sedap, o cultivo da fruta, nativa da Amazônia, representa uma fonte de renda para milhares de famílias, especialmente nas zonas rurais e ribeirinhas.
“O cultivo e a comercialização do cupuaçu desempenham um papel fundamental no desenvolvimento das comunidades produtoras e na conservação ambiental”, afirma Tavares.
Ele ressalta ainda que, ao incentivar o consumo da fruta, fortalece-se a agricultura familiar e reduz-se a dependência de produtos importados.
Uma cadeia que gera emprego e oportunidades
Para a engenheira química da Sedap, a importância econômica do cupuaçu se reflete em toda a sua cadeia produtiva, desde o plantio até a comercialização. Segundo ela, agricultores, cooperativas, distribuidores e empreendedores locais fazem parte dessa rede que movimenta mercados internos e externos.
“Estimular o uso do cupuaçu é uma forma de valorizar os produtores locais e fomentar o empreendedorismo rural. Muitos pequenos agricultores estão encontrando na produção de polpas, doces e cosméticos uma alternativa econômica viável e promissora”, afirma Maria de Lourdes.
Benefícios para a saúde e para o mercado
Além do impacto socioeconômico, o cupuaçu também atrai consumidores preocupados com uma alimentação saudável. A fruta é rica em vitaminas (A, B1, B2, C), minerais (como cálcio, fósforo e selênio) e fibras. Seu consumo traz benefícios como ação antioxidante, anti-inflamatória e fortalecimento do sistema imunológico.
“O cupuaçu pode ainda melhorar a digestão, promover a saúde cardiovascular e auxiliar na recuperação pós-treino”, destaca a engenheira química.
Para quem busca investir em produtos que aliem valor comercial, impacto social e respeito ao meio ambiente, o cupuaçu se apresenta como uma excelente escolha.
“Entender os benefícios socioeconômicos do cupuaçu pode ser um diferencial estratégico para o seu negócio”, conclui Geraldo Tavares.
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