CONTINUE EM OLIBERAL.COM
X

Cirurgia bariátrica: médico explica a mudaça que permite o procedimento em adolescentes 14+

"A cirurgia é um tratamento seguro e oferece melhor qualidade de vida e maior longevidade ao paciente obeso”, diz o cirurgião Alexandre Nogueira, presidente do capítulo do Pará da Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica

Dilson Pimentel

Com o objetivo de melhorar a qualidade de vida de pacientes com obesidade, o Conselho Federal de Medicina (CFM) publicou a Resolução nº 2.429/25, que estabelece novos parâmetros para a realização de cirurgia bariátrica e metabólica em adultos e adolescentes. A resolução foi publicada no dia 20 deste mês. Segundo o cirurgião Alexandre Nogueira, presidente do capítulo do Pará da Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica, os critérios de indicação para a cirurgia foram ampliados. Agora, pacientes a partir dos 14 anos podem ser considerados elegíveis. Anteriormente, a idade mínima era de 16 anos.

Mas, para tanto, adolescentes entre 14 e 16 anos devem ser obesos mórbidos, apresentar doenças associadas, passar por avaliação de uma equipe multiprofissional e contar com o consentimento familiar. Além disso, explicou, é fundamental que compreendam que a cirurgia é apenas uma etapa do tratamento, sendo necessária a adoção de novos hábitos alimentares e comportamentais.

Quanto ao limite superior de idade, não há mais restrição. Pacientes idosos podem ser submetidos ao procedimento, desde que apresentem boas condições clínicas após avaliação médica. Com a nova resolução, a elegibilidade foi ampliada. A obesidade é classificada com base no Índice de Massa Corporal (IMC), que é calculado dividindo-se o peso (em quilos) pela altura ao quadrado (em metros).

IMC acima de 40: obesidade mórbida - indicação direta para cirurgia; IMC entre 35 e 40: obesidade grau II - indicação cirúrgica desde que o paciente tenha comorbidades, como hipertensão, diabetes tipo 2, osteoartrite ou apneia do sono; IMC entre 30 e 35: obesidade grau I - agora também são elegíveis à cirurgia pacientes com doenças como diabetes tipo 2, apneia do sono grave ou doença do refluxo gastroesofágico com indicação cirúrgica. Segundo o cirurgião Alexandre, “com essa ampliação, aumentou significativamente o número de pacientes elegíveis para o tratamento cirúrgico da obesidade”.

VEJA MAIS:

image Começam a valer novas regras para fazer bariátrica no Brasil: veja o que muda e quem pode fazer
O Brasil tem hoje mais de 8 milhões de pessoas com algum grau de obesidade

image Belém sedia 1º Congresso Norte de Cirurgia Bariátrica com foco em saúde e tratamentos eficazes
Especialistas de diversas áreas se reúnem de 5 a 7 de junho para discutir avanços na cirurgia bariátrica, abordagens multidisciplinares e o impacto da obesidade na saúde pública do Pará

Benefícios da cirurgia

O cirurgião Alexandre Nogueira explicou que a cirurgia bariátrica não apenas melhora a qualidade de vida, como também aumenta a sobrevida dos pacientes. Estudos mostram que ela contribui para o melhor controle de doenças como diabetes, hipertensão e apneia do sono - todas com potencial de mortalidade. Além disso, promove melhora da autoestima. “A cirurgia é um tratamento seguro e eficaz, que oferece melhor qualidade de vida e maior longevidade ao paciente obeso”, afirmou o especialista.

Sobre os riscos, ele explicou que, hoje, a taxa de mortalidade da cirurgia bariátrica é muito baixa, variando entre 0,1% e 0,2%. “É uma cirurgia altamente segura, com riscos semelhantes aos de uma cirurgia de útero, por exemplo. Claro que os riscos existem, como em qualquer procedimento cirúrgico, mas são avaliados cuidadosamente por uma equipe médica e multiprofissional”, ressaltou. O tempo médio da cirurgia é de cerca de uma hora e meia. Porém, segundo o dr. Alexandre, mais importante do que a duração é a segurança do procedimento. “O essencial é que o paciente seja operado com segurança e sem intercorrências”, afirmou.

Mas a cirurgia é apenas uma parte do tratamento. O paciente precisa estar disposto a mudar seus hábitos alimentares e comportamentais para obter resultados duradouros. “Isso é fundamental para o sucesso da cirurgia. O paciente deve entender que operar não é o fim do tratamento, mas o início de uma nova fase”, destacou o cirurgião.

A principal mensagem que o cirurgião deixa à sociedade de uma maneira geral é para a pessoa se cuidar desde cedo. Quanto mais precoce o cuidado e o tratamento, melhores os resultados. A nova resolução do CFM que reduziu o IMC mínimo para 30 (com comorbidades) tem justamente esse objetivo: evitar que o paciente chegue à obesidade severa. “A cirurgia é segura, eficaz e pode transformar a vida e a saúde das pessoas”, concluiu.

image A professora Nayana Véras chegou a pesar 115 kg. Fez a cirurgia e hoje pesa 68 kg: "Foi a melhor decisão que eu podia ter tomado para a minha vida" (Foto: Igor Mota/O Liberal)

Depois de perder o pai e sofrer três derrames oculares, professora fez cirurgia bariátrica

Aos 30 anos, a professora Nayana Véras chegou a pesar 115 kg. Após o falecimento do pai aos 54 anos, por complicações da obesidade, decidiu mudar de vida. Sofrendo de hipertensão e já tendo tido três derrames oculares (que ocorrem por picos de pressão), optou pela cirurgia bariátrica, após tentativas frustradas com dieta e exercícios convencionais. “Mas nunca alcançava o resultado esperado”, contou.

A cirurgia foi feita há quase oito anos. Atualmente, ela pesa 68 kg. Também estudante de Nutrição, Nayana contou que a decisão foi motivada pela busca por qualidade de vida, não por estética. "Eu tinha dor de cabeça todos os dias, não dormia bem. A gente fica mais cansada ao fazer tarefas simples”, lembrou.

Apesar das críticas que enfrentou por ser jovem, e que bastaria fazer exercícios, e por algumas entenderem que a bariátrica é o “caminho mais fácil”, Nayana disse que o processo não é fácil e exige acompanhamento com pelo menos cinco profissionais (endocrinologista, nutricionista, cardiologista, pneumologista e psicólogo) - além do cirurgião. A cirurgia é um tratamento reconhecido para hipertensão e diabetes, e não apenas uma questão estética.

“Tenho medo de engordar de novo”, diz professora

Ela perdeu cerca de 40 kg. Mas, depois de dois anos, teve um reganho de de 4 a 6 kg. "Tenho medo de engordar de novo. Não quero voltar a sentir dores de cabeça, todos os dias, de novo", afirma. Hoje, sua maior vigilância é com a alimentação, já que não consegue manter uma rotina de exercícios regulares. “Reconheço essa falha e quero mudar”, contou.

Seu café da manhã é variado, com frutas, pães leves e ovos. Ela evita alimentos industrializados por causa da síndrome de dumping - uma reação comum após a cirurgia que causa taquicardia, suor e até desmaios por consumo excessivo de açúcar. Nayana também precisa lidar com anemia recorrente e suplementação de ferro.

Para ela, o apoio psicológico foi essencial. "Engordei também por questões emocionais. Descontava a ansiedade e a depressão na comida”, contou. Questionada se, em algum momento, se arrependeu da cirurgia, Nayana é firme: "Foi a melhor decisão que eu podia ter tomado para a minha vida. Quem pensa em fazer bariátrica deve buscar acompanhamento, ler sobre experiências reais, e estar preparado para os desafios. A obesidade mata, e a cirurgia, apesar de difícil, pode salvar vidas".

Assine O Liberal e confira mais conteúdos e colunistas. 🗞
Entre no nosso grupo de notícias no WhatsApp e Telegram 📱
Belém
.
Ícone cancelar

Desculpe pela interrupção. Detectamos que você possui um bloqueador de anúncios ativo!

Oferecemos notícia e informação de graça, mas produzir conteúdo de qualidade não é.

Os anúncios são uma forma de garantir a receita do portal e o pagamento dos profissionais envolvidos.

Por favor, desative ou remova o bloqueador de anúncios do seu navegador para continuar sua navegação sem interrupções. Obrigado!

ÚLTIMAS EM BELÉM

MAIS LIDAS EM BELÉM