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Casos de chikungunya em Belém quase triplicaram em menos de um ano

Paracuri, Agulha e Água Boa são os bairros que mais se destacam nos casos da doença

Cleide Magalhães
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Os casos de chikungunya em Belém quase triplicaram em menos de um ano e a cidade se destaca em primeiro lugar no ranking dos municípios do Pará com maior número de casos. Em 2017, eram 970 casos e saltou para 2.900 casos, até o último dia 3, de acordo com números da Secretaria Municipal de Saúde (Sesma), por meio da Coordenação do Programa Municipal de Combate à Dengue. Além disso, a cidade se destaca em quarto lugar nas ocorrências de dengue, com 89 casos confirmados. E fica em terceiro lugar nos de zika, com 5 casos confirmados.

O número de casos das três doenças na capital destoa dos registros no Estado. O Pará teve recuo nas três frentes de vigilância epidemiológica.

PARACURI LIDERA

Os três bairros de Belém que mais se destacam em casos confirmados de chikungunya são Paracuri (222), Agulha (148) e Água Boa (145). Os de dengue, com seis casos para cada, são Paracuri, Marambaia e Telégrafo. Os vírus de todas essas doenças são transmitidos pelo Aedes aegypti e cerca de 90% destes mosquitos nascem nos quintais e lixões das ruas.

Na travessa Soledade com o canal do Paracuri, que fica no bairro que tem este mesmo nome, no Distrito de Icoaraci, existe um “lixão” a céu aberto que tira o sossego e preocupa os moradores em relação à proliferação do Aedes aegypti. Segundo eles, a coleta de lixo não é feita com frequência e existe no lugar uma montanha de lixo. Lá se mistura restos de alimentos, como carcaças de bois e de peixes, frutas incluindo caroços de açaí e legumes com entulhos, como material de construção.

“As ações da Prefeitura não têm melhorado, principalmente nessa área do canal, onde tem o ‘lixão’, que é uma das principais reclamações dos moradores do Paracuri. A gente fez uma cerca para não jogarem lixo no canal, mas a prefeitura mexeu com a rua, retirou a cerca e voltaram a jogar lixo de novo", diz a artesã Léa Guilherme, 57 anos, que mora na Soledade há 40 anos.

"A gente luta para a prefeitura vir tirar o lixo da área do canal, é um sacrifício. Até o carro de lixo não passa todos os dias para pegar o lixo das casas. Isso nos preocupa, porque atrai todo tipo de lixo, atrai o Aedes e também porque existe muita criança. É preciso fazer a retirada do lixo das casas e do canal. A gente espera que isso melhore, porque Icoaraci está abandonada. A gente só vê os agentes de saúde que visitam as casas”. lembra dona Léa. 

LIXÃO

A sujeira na área do canal do Paracuri é tamanha que atraí também insetos, principalmente moscas, baratas e carapanãs, e até roedores, em especial ratos. O mal cheiro incomoda e entranha no nariz e nas roupas de quem precisa trabalhar, passar ou morar pelo lugar.

“Esse lixão se formou há 10 anos, quando a prefeitura retirou as casas e as famílias dizendo que ia fazer obras no canal. Até hoje a obra não saiu e a gente tem que conviver com esse ‘lixão’. Isso é péssimo, porque atrapalha minha venda, ninguém que encostar para comprar. Tem bicho podre e ratos aí. A prefeitura só vem retirar a sujeira quando a gente fica ligando. Em casa ainda não adoecemos, mas os moradores reclamam que adoecem com sintomas de dengue e chikungunya por causa desse ‘lixão’, já que atraí também carapanã”, afirmou a artesã e doceira Gorete Rocha, 53 anos, que mora em uma casa de palafita, na beira do canal do Paracuri.

AÇÕES

Segundo Jovelino Aguiar, coordenador do Programa Municipal de Combate à Dengue da Sesma, esses três bairros ainda têm alta incidência das doenças devido possuírem características peculiares. “São locais de ocupações recentes que têm muitas fossas em desusos e muitas danificadas, que podem abrigar vetores como o Aedes”.

Ainda segundo ele, hoje as maiores dificuldades enfrentadas no controle vetorial do Aedes se dão pela falta de saneamento básico nas localidades com maior incidência e infestação do vetor, que resulta em locais como lixos, entulhos, canaletas sem escoamento e represamento de água. Entre outros fatores a intermitência de água potável que faz com que boa parte reserve água de forma inadequada.

Aguiar defendeu que a Secretaria realiza de forma permanente em todos os bairros de Belém ações de controle vetorial de combate ao Aedes aegypti. “Ela é continua e pactuado com Ministério da Saúde. A pactuação se dá na obrigatoriedade de visitar todos os imóveis da cidade em ciclo bimestrais (sendo seis visitas anuais para cada imóvel. Em locais considerados como pontos estratégicos (com predominância de criadouros: cemitérios, sucatas, grandes obras) as visitas são quinzenais sendo 24 visitas anuais”, explicou.

Ao ser questionado sobre as ações mais focada nesses bairros que se destacam com os casos confirmados das doenças, Jovelino Aguiar afirmou que as ações do Programa Municipal de Controle do Aedes são baseadas na pesquisa entomológicas (larvária), que visa identificar locais de vulnerabilidade nos imóveis vistoriados que podem funcionar como criadouros do vetor.

“Entretanto, quando temos casos sugestivos dos agravos transmitidos pelo Aedes aegypti temos a realização de bloqueio de transmissão viral, que consiste na pesquisa larvária nos imóveis em um raio de 300 metros do imóvel da suspeição, depois sucede a aplicação de inseticidas que podem ser intra ou extradomiciliar, além de atividades de orientação em escolas nas imediações”, esclareceu.

Além dos indicadores epidemiológicos, ele disse que a Sesma utiliza a metodologia do Levantamento de Índice Rápido do Aedes aegypti (Lira), que consiste em levantar a infestação dos bairros, e possibilita trabalhar nos mais infestados prioritariamente.

CUIDADOS

Os cuidados básicos para combater os focos do mosquito Aedes aegypti são os mesmos: não deixar água parada e limpa; virar os pratos das plantas; fazer furos ou colocar areia, para não acumular água; não deixar os pneus ao ar livre tomando chuva, pois eles podem ser outro criadouro; deixar as garrafas sempre com a boca para baixo, e sem acúmulo de água; deixar a caixa d'água sempre fechada; não deixar piscina com água parada e suja e outros.

Além de a população manter todos esses cuidados relacionados à água parada, é importante tomar medidas eficazes para prevenir picadas do Aedes aegypti, como manter a casa protegida com tela nas janelas, usar inseticida regularmente no ambiente doméstico, dormir sob mosquiteiros e usar roupas e repelentes para proteção pessoal.

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