Em pouco mais de um ano, Belém registra quase 4 mil sinistros com motocicletas, sendo 76 mortes

Em 2022, foram registrados, em Belém, 3.625 sinistros envolvendo motocicletas, que resultaram em 2.906 feridos e 70 óbitos. Já em janeiro de 2023, foram registrados 245 sinistros envolvendo motociclistas, com 210 feridos e 6 óbitos. As informações foram divulgadas, nesta segunda-feira (26), pela Superintendência Executiva de Mobilidade Urbana (Semob). Para divulgar esses números, a Semob citou o Relatório Estatístico de Acidentes de Trânsito em Belém, produzido pelo órgão, a partir de dados do Departamento de Trânsito do Pará (Detran). A autarquia acrescentou que ainda está consolidando, junto ao Detran, os dados de sinistros de trânsito ocorridos de fevereiro a dezembro de 2023.

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Os casos chamam atenção devido à recorrência de sinistros de trânsito envolvendo motociclistas na capital paraense. Na noite de domingo (25), um motociclista morreu ao se envolver em um acidente de trânsito, no bairro da Batista Campos, em Belém. Conforme as informações iniciais, a vítima foi atingida por um carro de passeio quando trafegava pela rua dos Mundurucus, esquina com a travessa dos Apinagés.

Nesta segunda-feira, 26, outro caso semelhante foi registrado. Uma passageira, que estava em uma motocicleta, foi atropelada por um ônibus, na rodovia federal BR-316, próximo de uma universidade particular, do bairro do Coqueiro, em Ananindeua, na Grande Belém. Segundo a polícia, a vítima foi socorrida consciente pelo Corpo de Bombeiros Militar do Pará (CBMPA) ao Hospital Metropolitano de Urgência e Emergência (HMUE), que fica perto do local do acidente.

Para os motociclistas, as dificuldades são diárias e constantes. O motociclista Ivan Ferreira, 52 anos, citou que há muitas pessoas circulando pelas ruas da capital, sobretudo em áreas de feira, o que causa lentidão no trânsito e exige muito cuidado dos condutores de motos. “Não há ciclofaixa e nem estacionamento para o pessoal que, de carro, vai à feira. Falta organização”, disse ele, que conduz moto há mais de 15 anos.

O motociclista Ivan Ferreira reclama das dificuldades de trafegar em áreas de feira. (Ivan Duarte / O Liberal)

Ivan contou que, em Belém, “nunca é seguro” trafegar de moto. “Os acidentes podem acontecer a qualquer momento. Tudo é atenção”, afirmou. Ele também disse que o poder público precisa investir mais na implantação de ciclofaixas e faixas para pedestres e, ainda, realizar campanhas educativas para o trânsito. “Mas, acima de tudo, o respeito no trânsito”, afirmou. Já o mototaxista Daniel Martins, 50 anos, citou os buracos na cidade e que algumas áreas da cidade são mal sinalizadas e, por essa razão, os pedestres precisam ir para as ruas, o que pode causar acidentes. “Há motoristas de ônibus que não respeitam a gente”, disse.

Ele também afirmou que há condutores de carros particulares que fazem manobras irregulares, o que prejudica os motociclistas. Daniel apontou soluções: “Tem que sinalizar as ruas. Não tem parada adequada para as pessoas aguardarem os ônibus. Tem muita coisa para ser feita em Belém para melhorar o trânsito”, afirmou ele, que conduz moto há quase 30 anos, dos quais 12 como mototaxista.

Para Daniel Martins, buracos na cidade também põem em risco o tráfego com motocicletas (Ivan Duarte / O Liberal)

Semob destaca realização de ações educativas

A Semob também informou que, em dezembro de 2023, as ações educativas foram mais ostensivas, direcionadas aos motociclistas, que possuem o hábito de cortar caminho pelo espaço dos ciclistas. As ações foram intensificadas nas avenidas com grande fluxo de veículos, além da reincidência de reclamações à Semob, envolvendo infrações cometidas, em especial, pelos motociclistas.

A Semob acrescentou que mantém fiscalização regular na cidade, por meio de rondas com agentes em viaturas e motocicletas, com o apoio do guincho, para coibir imprudências e infrações e tem feito autuações em casos de flagrantes, em conformidade com o Código de Trânsito Brasileiro (CTB) e que realiza estudos técnicos nas vias de Belém para criação de projetos para implementar sinalização viária em conformidade com o Manual Nacional de Sinalização Viária do Conselho Nacional de Trânsito (Contran).

E orientou que os condutores dirijam com mais atenção, não cometam imprudências e sigam as regras de circulação previstas no CTB, legislação que regula o trânsito e é aprendida nos Centros de Formação de Condutores, quando da habilitação. Seguindo essas recomendações, o condutor evita imprudências, infrações, multas, sinistros e mortes no trânsito.