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Propósito da COP não é compreendido por quase metade dos brasileiros, aponta pesquisa

Apenas 35% dos brasileiros sabe que o evento ocorrerá em Belém

Estadão Conteúdo

A COP-30 começa na próxima segunda-feira, 10, e pela primeira vez será sediada no Brasil na capital do Pará, Belém. Ainda assim, segundo a pesquisa "Atitudes em relação à COP-30", feita pelo Instituto Ipsos e divulgada às vésperas da conferência, quase metade dos brasileiros ainda não conhece o propósito final do evento. Apenas 52% reconhece corretamente que a COP é uma reunião para negociar ações para combater as mudanças climáticas, enquanto 48% não sabem do que se trata, de acordo com o levantamento.

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A pesquisa foi feita em 30 países entre 20 de junho e 4 de julho de 2025, e entrevistou um total de 23.700 pessoas acima de 18 anos. Outra informação revelada pelo levantamento que demonstra o desconhecimento sobre a COP é que apenas 35% dos brasileiros sabe que o evento ocorrerá em Belém. O País ainda teve a melhor marca dentro todos nessa estatística, já que apenas 12% das pessoas do mundo sabe em qual cidade a conferência terá lugar.

O dado pode indicar que a divulgação e a exposição da mídia para a COP ainda não estavam consolidadas, algo a crescer apenas com a proximidade do evento. O estudo avaliou que outros países incluídos que já receberam a conferência das Nações Unidas para o combate à crise climática mostraram conhecimento maior do que a média global (Alemanha 64%, França e Reino Unido 59%, ante a média geral de 44%).

Se o desconhecimento ainda é comum, as baixas expectativas também são: 49% das pessoas entrevistadas no mundo consideram que o evento será meramente simbólico, 34% pensam que será efetiva e 17% não esperam nem uma coisa, nem outra; no Brasil, os números são de 43% com expectativa ruim, enquanto 41% esperam bons resultados e 16% não esperam nada.

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Os mais otimistas são os jovens - cerca de 45% da Geração Z afirmam que a COP-30 será eficaz, contra 29% entre os Boomers. Cidadãos do Sul Global também demonstraram maior otimismo, sendo que 51% consideram que o evento será efetivo no Oriente Médio/África, 43% na Ásia-Pacífico e 39% na América Latina. O ceticismo é maior em economias avançadas: na Europa, 25% acreditam que a COP30 será efetiva, na América do Norte, 24%, e no G7, 22%.

"Hipoteticamente, os jovens e a população dos países do Sul Global podem ver medidas climáticas como fundamentais para suas futuras oportunidades e condições de vida, impulsionando uma perspectiva mais otimista", afirma Márcia Cavallari, diretora do Ipsos. As maiores barreiras vistas pelos cidadãos de diversos países são a falta de vontade política (42% dos entrevistados consideraram relevante), falta de fiscalização contra desmatamento e poluição (34%) e falta de financiamento para projetos ambientais (31%).

Cobranças

A percepção sobre as ações de empresas e bilionários não é positiva ao redor do mundo. Na média global, 69% dos entrevistados consideraram que as companhias priorizam o lucro acima do cuidado ambiental, com resultado parecido no Brasil (70%). Em nenhum dos 30 países a média dessa resposta ficou abaixo de 50%.

A maioria também apoia que as empresas sejam obrigadas a alocar parte dos lucros em financiar ações contra a crise climática - 64% no Brasil e 65% no mundo. Da mesma forma, 54% acredita que os bilionários devem arcar com a maior parte dos custos da mudança climática (56% no Brasil).

"Isso indica pressão por contribuição dos muito ricos e das empresas, mais do que uma visão negativa em si", resume a diretora do instituto. Para ela, o público enxerga dificuldades na entrega de ações por parte dos setores público e privado e na fiscalização.

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O agronegócio é um tema polêmico: metade dos brasileiros acredita que a expansão do setor é incompatível com a preservação da Amazônia, e apenas 19% discorda (os restantes não souberam opinar). O número está acima da média global de 42%, mas é igual ao de outros países amazônicos como Colômbia e Peru. "O setor do agronegócio precisa demonstrar concretamente como pode conciliar produção com preservação", considera Márcia.

Compensações

Outra questão que dividiu os entrevistados foi se os países desenvolvidos devem pagar reparações para os que forem mais afetados por desastres climáticos. No Brasil, a média foi alta (59%), assim como no mundo (55%). Outros países subdesenvolvidos, como Indonésia, África do Sul e Colômbia também demonstraram muito apoio à medida, enquanto as populações de Reino Unido, Canadá, França, Bélgica, Estados Unidos, Japão e Alemanha foram contrárias, com menos de 50% dos cidadãos concordando com a ideia.

"Pode-se levantar a hipótese de que por um lado, esta opinião esteja baseada na percepção de justiça climática e por outro que os países que poderiam pagar reparações podem resistir mais a essa noção por preferir salvaguardar interesses econômicos nacionais", comenta a pesquisadora.

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Para a maior parte dos entrevistados, o governo brasileiro está certo ao propor que os países que preservam suas florestas recebam financiamento para isso e sejam penalizados se desmatarem (61% no mundo e 62% no Brasil). "Para o Brasil, este apoio global pode ser visto como uma aprovação das políticas nacionais de conservação e uma oportunidade para liderar pelo exemplo em práticas sustentáveis", avalia Márcia.

O governo brasileiro lançou oficialmente em Belém o Fundo Florestas Tropicais para Sempre (TFFF, na sigla em inglês), um mecanismo que deve gerar recursos para pagar quem protege as florestas essenciais para conter o aquecimento global. Na COP-30, o Brasil busca atrair mais recursos de vários países para o fundo.

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