Senado discute flexibilização de agrotóxicos

Medida pretende contribuir com modernização e dinamismo do agronegócio

Fabrício Queiroz
fonte

O projeto de lei 1.459/2022, que trata das regras para pesquisa, experimentação, produção, registro, classificação, controle, inspeção, fiscalização, bem como dos procedimentos para embalagem, transporte, armazenamento, comercialização e destinação final de pesticidas, produtos de controle ambiental e outros será objeto de uma audiência pública na Comissão de Agricultura e Reforma Agrária (CRA) do Senado Federal nesta terça-feira, 22. Apelidado como “Pacote do Veneno”, o PL já foi aprovado pela Câmara dos Deputados, mas continua sendo alvo de controvérsias que opõem setores do agronegócio e ambientalistas.

Um dos objetivos é a revogação da lei nº 7.802, que estabelece o marco legal do assunto. Entre as principais mudanças está a criação do mecanismo de registro especial temporário para produtos novos destinados à pesquisa e à experimentação e o registro temporário para produtos técnicos equivalentes, novos ou genéricos que já sejam utilizados em culturas similares em ao menos três países-membros da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).

LEIA MAIS:

image Discussão sobre flexibilização do uso de agrotóxicos no Brasil deve avançar no 2º semestre
Pauta movida pelo agronegócio tem endosso do Governo Federal, mas oposição se preocupa com riscos para a saúde e meio ambiente

image Agricultura familiar é fonte de alimentação saudável e livre de agrotóxicos
Feira na UFPA teve como objetivo valorizar o trabalho de pequenos agricultores e conectá-los diretamente com consumidores que precisam de alimentação a preço justo

image Fertilizantes ajudam agronegócio e segurança alimentar, afirma presidente Bolsonaro
Rússia envia ao Brasil 27 navios carregados com insumos agrícolas

O texto da proposição propõe prazos mais rígidos e ágeis para conclusão dos procedimentos de análise por parte dos órgãos de controle, variando conforme a origem e a finalidade do produto de 30 dias a até, no máximo, 24 meses. Além disso, passaria a existir o recurso de autorização temporária que entraria em vigor até que os órgãos federais das áreas da saúde, agricultura e meio ambiente emitissem um parecer conclusivo sobre os agrotóxicos em questão.

A sessão desta terça deve ter como destaque a fala do pesquisador Marcos Orellana, que é relator especial da Organização das Nações Unidas (ONU) e docente em universidades dos Estados Unidos e do Chile. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) e o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) também foram convidados.

O requerimento da oitiva é de autoria do senador paraense Paulo Rocha (PT), com apoio dos senadores Dário Berger (PSB-SC), Eliziane Gama (Cidadania-MA), Jean Paul Prates (PT-RN), Zenaide Maia (Prós-RN) e Acir Gurgacz (PDT-RO), que preside a CRA. Um dos pontos levantados na justificativa para a audiência é uma nota da ONU que classifica a lei como um risco para os direitos humanos, a segurança alimentar, a saúde e a biodiversidade.

“O Brasil há anos apresenta dados alarmantes em relação ao uso de agrotóxicos, e que o país há muito sofre com a falta de fiscalização e controle sobre as atividades agrícolas que fazem uso massivo desses produtos. Nos últimos três anos, foram mais de 1.700 agrotóxicos liberados — cerca de 28% deles considerados extremamente, altamente ou medianamente tóxicos para a saúde humana. Por isso, todo debate neste sentido deve ser feito com paciência e avaliando absolutamente todos os aspectos e impactos envolvidos”, critica Paulo Rocha.

Por sua vez, o senador Acir Gurgacz, que é responsável pela relatoria do projeto, tem tentado agilizar a aprovação da medida. Em julho, ele apresentou seu parecer favorável elencando argumentos de instituições e entidades ligadas ao agronegócio brasileiro, segundo as quais é necessário modernizar a legislação e simplificar procedimentos para que o setor ganhe em competitividade e favoreça a produção de alimentos no país.

“Quanto à análise de risco, entendemos que a proposição trata de metodologia utilizada na maioria dos países desenvolvidos, considerando a exposição ao pesticida e não apenas suas características intrínsecas. Compartilhamos o entendimento de que tais medidas são, portanto, fundamentais para dotar nosso agronegócio de mais dinamismo”, pontua o relatório rebatendo as críticas de que o projeto abriria espaço para adoção de produtos com potencial danoso à saúde e ao meio ambiente.

O PL 1.459/2022 tramitou em regime de urgência na Câmara dos Deputados e obteve apoio expressivo dos parlamentares, com 301 votos favoráveis e 150 contrários. No Senado, ainda é apreciado no âmbito da CRA e não há previsão para ir à votação no plenário.

Entre no nosso grupo de notícias no WhatsApp e Telegram 📱
Política
.
Ícone cancelar

Desculpe pela interrupção. Detectamos que você possui um bloqueador de anúncios ativo!

Oferecemos notícia e informação de graça, mas produzir conteúdo de qualidade não é.

Os anúncios são uma forma de garantir a receita do portal e o pagamento dos profissionais envolvidos.

Por favor, desative ou remova o bloqueador de anúncios do seu navegador para continuar sua navegação sem interrupções. Obrigado!

RELACIONADAS EM POLÍTICA

MAIS LIDAS EM POLÍTICA