Defesa de Braga Netto critica delação de Mauro Cid e diz que acusações são baseadas em ‘narrativa’
Advogado afirma que depoimento do ex-ajudante de ordens é inconsistente e que provas contra general são frágeis.

Durante o segundo dia do julgamento no Supremo Tribunal Federal (STF) sobre a tentativa de golpe de Estado, a defesa do general da reserva Walter Braga Netto voltou a questionar a legalidade e a consistência da delação premiada de Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro.
“Eu sou um defensor do acordo de delação premiada. Mas ele tem que ser coerente, tem que ter provas”, afirmou o advogado José Luis Oliveira Lima. Segundo ele, o acordo firmado por Cid com a Procuradoria-Geral da República (PGR) apresenta “vícios” e não pode ser considerado prova suficiente.
De acordo com Oliveira Lima, as únicas evidências contra seu cliente são a delação “mentirosa” de Cid e oito capturas de tela de conversas — o que considera insuficiente para uma condenação.
“Não se pode condenar alguém com base em uma narrativa. Tem que se condenar por provas”, reforçou.
Sobre a acusação de que Braga Netto teria levado dinheiro para financiar o plano golpista, o advogado atacou a falta de detalhes no depoimento de Cid.
“É essa fala que vai pôr na cadeia o meu cliente por mais de 20 anos, 30 anos? É com essa mentira, com esse vai e volta que o meu cliente vai morrer no cárcere?”, questionou. “Ele não consegue dizer onde foi, ele não consegue precisar a data.”
O advogado negou que Braga Netto tenha coordenado os atos golpistas.
"Quer dizer que ele coordenou todo esse ataque violento ao alto comando com oito prints, em quatro dias, com um interlocutor? Essa é a periculosidade de Braga Netto?", questionou.
Braga Netto está preso desde dezembro
Walter Braga Netto foi candidato a vice-presidente na chapa de Jair Bolsonaro nas eleições de 2022. Ele está preso desde dezembro do ano passado, acusado de obstruir as investigações sobre a tentativa de impedir a posse do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva.
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Julgamento prossegue sem presença de Bolsonaro
A sessão foi retomada às 9h desta quarta-feira (3/9), com as sustentações orais das defesas de Bolsonaro e de outros três réus. O ex-presidente não participou da audiência. De acordo com seu advogado, Celso Vilardi, Bolsonaro está bem, mas se ausentou por orientação médica.
O primeiro dia do julgamento, na terça-feira (2/9), foi marcado pelas manifestações do ministro Alexandre de Moraes, que destacou a importância da defesa da democracia, e pelo procurador-geral da República, Paulo Gonet, que responsabilizou os réus pelo plano de ruptura institucional após a derrota nas eleições de 2022.
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