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Policiais acusados de integrar grupos de extermínio são interrogados pela Justiça Militar

Grupo é acusado de participação em 27 execuções ocorridas em janeiro de 2017, logo após morte de policial

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A Justiça Militar iniciou, na manhã desta quarta-feira (13), o interrogatório dos policiais militares acusados de envolvimento em grupos de extermínio na Região Metropolitana de Belém (RMB) no mês de janeiro de 2017. Os policiais seriam responsáveis pelas mortes de 27 pessoas entre os dias 20 e 21 de janeiro daquele ano. As execuções em série aconteceram logo após o assassinato do PM Rafael da Silva Costa, do Batalhão de Policiamento Tático Operacional (BPOT), ocorrido no início da manhã do dia 20 de janeiro daquele ano, no bairro da Cabanagem, em Belém.

Dentre os PM's ouvidos pela Justiça Militar está o cabo da PM Heleno Arnaud Carmo de Lima, conhecido como "Cabo Leno", apontado como líder de uma das milícias que atuam em Belém. 

O promotor de Justiça Armando Brasil acompanhou os depoimentos.

Pela manhã, foi ouvido o soldado do 29º Batalhão da PM Reutman Coelho Spindola. Ele é acusado de assassinar Rosinaldo Lopes Favacho, mais conhecido como Charles, no dia 20 de janeiro de 2017, no bairro do Curuçambá, em Ananindeua, RMB. A vítima foi morta a tiros de pistola calibre ponto 40 e revolver calibre 38, por volta das 12h30. No local do homicídio, foram encontrados estojos de munições com código de rastreabilidade “BEB12”, “BEB21” e “BOX75”, respectivamente. Os lotes de munição “BEB12” e “BEB21” são do tipo “treina” calibre ponto 40 e foram adquiridos pela Policia Militar.

Reutman também foi alvo de interceptação telefônica a pedido da Justiça. Há um diálogo entre o soldado e uma pessoa que está custodiada provisoriamente, em alguma casa penal não identificada, pela prática de crime doloso contra a vida. Na conversas, o soldado também revela preocupação com uma pistola que estaria na residência do seu irmão. Ainda nos áudios interceptados, consta uma conversa indicando que Reutman participa em conjunto com outros militares de uma atividade denominada "Matança".

Reutman negou todas as acusações e disse que foi incriminado por ser um policial "conhecido, produtivo, operante e com destaque na corporação". Segundo relato do policial, a denunciante, que era companheira de Rosinaldo, teria sido presa por tráfico de drogas no dia 26 de dezembro de 2016, um mês antes do assassinato de seu cônjuge. Para se vingar, a denunciante teria apontado o policial como autor do assassinato de seu companheiro. 

CABO LENO

O policial teve a prisão preventiva decretada no dia 29 de janeiro deste ano, pela Corregedoria da PMPA. Ele foi preso na manhã do dia 30 de janeiro, na residência de sua mãe, no bairro do Una, em Belém, sob suspeita de comandar a "Milícia da Pedreira", um grupo de extermínio que seria responsável por diversos assassinatos recentes ocorridos na RMB. O grupo liderado por Cabo Leno teria participação em pelo menos dois homicídios ocorridos naquela época. As vítimas foram Rerisson Reinaldo Soares Rosário e Fagner Luis Lobato Neri. 

O cabo foi apresentado ainda no dia 30 no Centro de Recuperação Coronel Anastácio das Neves (CECAN), no município de Santa Izabel, RMB.

O PM também é investigado  pelos crimes de organização de grupo para a prática de violência, de envolvimento com traficantes, de prática de homicídio, de fornecimento de armamentos e munições, e extorsão e é suspeito de colaborar com arrombamentos de residências e outros crimes.

Em um vídeo publicado em suas redes sociais, o policial canta alguns trechos de uma canção própria, que teria relação com os assassinatos em Belém. "Ele é pior do que capeta, ele é pior do que o Bin Laden. Leno na cidade não tem pra ninguém. Ele vai matar, ele vai deitar, ele vai aterrorizar". O vídeo serviu para substanciar a acusação feita junto à Justiça.

Cabo Leno foi detido em setembro de 2017, junto com outros seis suspeitos de integrar o grupo de extermínio. Ele chegou a cumprir cinco meses de detenção, mas teve a liberdade provisória concedida pela Justiça com algumas medidas cautelares, como uso de tornozeleira eletrônica, recolhimento em residência durante à noite e proibição de sair do Estado.

Ele também teve conversas telefônicas interceptadas pela Justiça. Em um dos diálogos, o policial utiliza a expressão "utilizando a expressão “aniversário de trinta e oito anos”, para se referir revolver de calibre 38. Em outros momentos, o PM refere-se a “M da Pedreira”, que significaria “Milícia da Pedreira”.

INVESTIGAÇÕES

Após investigação e operação das polícias Civil e Militar, o Ministério Público do Estado do Pará (MPPA) denunciou 18 pessoas, entre elas seis policiais militares e dois ex-policiais, pela onda de homicídios que ocorreu em janeiro daquele ano. Foram cumpridos 25 mandados de prisão e 22 de busca e apreensão em diversos pontos da RMB. Também foram apreendidas duas motocicletas, 11 armas de fogo e três carros de cor prata.

Outros seis policiais militares foram acusados pelo MPPA em 2017 junto com o cabo Leno pelos crimes de extermínio: cabo Wesley Favacho Chagas; sub tenente Marco Antonio dos Santos Cardoso; soldado Reutman Coelho Spindola; soldado Michel Megaron Nascimento do Nascimento; cabo Romero Guedes Lima e cabo Heleno Arnaud Carmo de Lima. Todos foram postos em liberdade no mês de agosto do ano passado pela 1ª vara do Tribunal de Júri da Comarca da Capital, por falta de provas. 

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