Falhas no cuidado à saúde de crianças sobem no Pará e somam 900 casos este ano, aponta Sobrasp
No Brasil, foram notificados 459.746 eventos adversos entre 1º de janeiro a 14 de dezembro de 2025
O Pará registrou 900 falhas na assistência à saúde em crianças de 0 a 11 anos, entre 1º de janeiro e 14 de dezembro de 2025, segundo dados da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), compilados pela Sociedade Brasileira para a Qualidade do Cuidado e Segurança do Paciente (Sobrasp). No Brasil, foram notificados 459.746 eventos adversos no mesmo período. Desse total, 47.853 envolveram pacientes dessa faixa etária. Em 2024, haviam sido contabilizados 43.944 casos entre crianças de 0 a 11 anos.
Em um recorte mais específico, no mesmo período de 1º de janeiro e 14 de dezembro de 2025, o Pará teve 201 ocorrências foram notificadas em bebês com menos de 28 dias de vida; 291 entre crianças de 29 dias a 1 ano; outras 169 na faixa de 2 a 4 anos; e 239 casos entre 5 e 11 anos.
Por outro lado, o Pará ocupa a décima posição no ranking nacional de eventos adversos envolvendo crianças, com os 900 casos notificados. À frente do estado aparecem São Paulo, que lidera o levantamento com 7.289 ocorrências; Rio de Janeiro, com 3.787; Pernambuco, com 3.090; Bahia, com 2.859; Distrito Federal, com 2.788; Ceará, com 2.134; Santa Catarina, com 1.469; Paraná, com 1.346; e Goiás, com 1.337 notificações no período.
De acordo com a Sobrasp, nos hospitais, as principais causas relacionadas aos eventos adversos, envolvendo esse público, são decorrentes de falhas na comunicação entre os profissionais de saúde e os familiares e a falta de envolvimento da própria criança em seu cuidado. Ainda segundo a entidade, isso tem levado a danos desnecessários como lesões por pressão (dano causado na pele e nos tecidos moles), quedas e a administração incorreta de medicamentos.
Estratégias
Segundo a presidente da Sobrasp, Paola Andreoli, os gestores de serviços de saúde devem adotar estratégias que possibilitem a participação e o engajamento de pacientes e familiares no processo de cuidado. “Talvez a atitude mais importante, contudo, seja a preparação dos processos de cuidado e dos profissionais para que considerem a opinião e preferências dos pacientes e seus familiares. Ouvir os pais e envolvê-los no cuidado é uma importante atitude de segurança”, analisa.
Cuidados
De acordo com Paula, a prioridade da entidade é promover cuidados mais seguros a partir da implementação da participação dos pacientes e seus familiares na assistência, diretrizes essas definidas no Plano Global para Segurança do Paciente 2021-2030, instituído pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Promover a participação do paciente, na melhoria da segurança dos cuidados em saúde, implica a integração deste na tomada de decisão, de forma consciente e informada.
“Desta forma, o paciente e seus familiares, em especial quando se trata de crianças e adolescentes, devem conhecer todo o plano de diagnóstico e tratamento delineado pela equipe de saúde, participando de ações como: prover todas as informações sobre histórico de doenças prévias, alergias e outras circunstâncias, identificar mudanças não planejadas ocorridas no cuidado, questionar ativamente as propostas de tratamento e acompanhar sua execução”, alerta a pediatra Priscila Amaral, membro da Sobrasp.
Ela ainda ressalta que o engajamento dos pais no cuidado da criança é imprescindível para promover a segurança. “Os pais são as primeiras testemunhas quando ocorrem erros de medicação, falhas quanto à adesão aos procedimentos de segurança, como a higiene das mãos, e problemas com transferência de informações durante as mudanças de turno”, finaliza Dra. Priscila.
Plano Global de Segurança do Paciente
A OMS lançou o Plano Global de Segurança do Paciente 2021–2030, que reforça o papel de pacientes e familiares como parceiros essenciais para uma assistência à saúde mais segura. A iniciativa propõe o envolvimento ativo da sociedade na construção de políticas e estratégias, além do aprendizado a partir de experiências com cuidados inseguros para o desenvolvimento de soluções mais eficazes.
O plano também destaca a importância da transparência nos serviços de saúde, incluindo a comunicação de incidentes aos pacientes e familiares, e do acesso à informação e à educação em saúde, incentivando o autocuidado e a tomada de decisões compartilhadas.
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