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'Diziam a todo momento que devia ser parto normal', disse à polícia mãe de bebê morto na Santa Casa

Em depoimento prestado hoje, pais da criança que teve cabeça arrancada disseram que tentaram insistir, sem sucesso, sobre necessidade de cesariana

João Paulo Jussara
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Em depoimento prestado à Polícia Civil, em Belém, na manhã desta quinta (29), Daira Oliveira, mãe do bebê que teve a cabeça arrancada durante um parto realizado na Santa Casa de Misericórdia do Pará, no último dia 16, afirmou que os profissionais envolvidos no procedimento insistiram que ela deveria fazer parto normal, mesmo após ela ter os avisado da condição do filho, que apresentava uma má formação nos rins.

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"Eu lembro que em todo momento eu falava que eu não podia ter parto normal, porque o meu bebê tinha um problema no rim, e precisava ser operado. E eles diziam todo tempo que eu podia ter normal, sim. E arrancaram a cabeça do meu filho", relatou a mãe, emocionada, em entrevista à O Liberal.

Segundo Daira, os médicos responsáveis pelo parto nem levantaram a possibilidade de que fosse feito o parto cesariano. "Em nenhum momento eles me falaram que eu deveria fazer cesárea. Eles falavam todo tempo que eu tinha passagem pra ter normal. Eles insistiram nisso, e deu no que deu", contou.

"Em nenhum momento eles me falaram que eu deveria fazer cesárea. Eles falavam todo tempo que eu tinha passagem pra ter normal. Eles insistiram nisso, e deu no que deu", diz Daria Oliveira, mãe do bebê

A mãe da criança, o pai, Roberto Lemos, e uma amiga da família chegaram à sede do Data para prestar depoimento por volta das 9h30. Por volta das 11h, os três foram liberados. Emocionada, a mãe da criança relatou que ainda está muito abalada desde que o fato aconteceu. "O que eles fizeram foi horrível. Eu nunca imaginei que iria passar por isso. Só eu sei o que eu estou passando", afirmou. Veja:

Entenda o caso


Na noite de sexta-feira (16), Daira Oliveira de Souza  chegou a Belém, vinda de Ourém, em avançado trabalho de parto. Recebida na Santa Casa de Misericórdia, ela passou por um procedimento indicado para a realização do parto natural, mas durante o trabalho a cabeça do feto foi arrancada, segundo o testemunho de Amanda Vieira, amiga da família que acompanhava o parto. “Uma (enfermeira) novinha puxou, puxou com força e a cabeça do bebê caiu no chão”, afirmou ela.  

O feto foi levado para o Centro de Perícias Científicas Renato Chaves, onde um exame cadavérico foi feito, antes da liberação do corpo, que ocorreu apenas no dia 19, três dias após a morte. Só então a criança pode ser enterrada pelos familiares, em Ourém. 

“O feto possuía várias malformações, o que ocasionou uma complicação obstétrica pouco frequente chamada distocia de ombro, na qual a cabeça fetal se exterioriza e o corpo não. Todas as manobras previstas na literatura científica foram realizadas com o intuito de despender o ombro fetal e assim liberar o restante do corpo do bebê. Mas a equipe não obteve sucesso com a realização do procedimento”, disse a Santa Casa de Misericórdia em nota divulgada  na noite de sábado (17), quando o ocorrido ganhou repercussão. O hospital, que lamentou o episódio, disse que todos os procedimentos previstos para casos como esse foram realizados. 

O governador Helder Barbalho chegou a se pronunciar sobre o caso através da sua conta no Twitter. Helder prestou condolências à família e informou que havia acionado a Polícia Civil para investigar o caso. o governador também disse nas redes sociais que havia determinado o afastamento imediato dos profissionais envolvidos no caso. "Pedi também a Polícia Civil do Pará que apure com rigor o ocorrido".

A Polícia Civil confirmou, após o episódio, que instaurou um inquérito que "corre em sigilo para investigar, junto com o Renato Chaves, as causas e os responsáveis, para eventuais punições sobre o caso”

A Fundação Santa Casa também disse que uma investigação interna foi instaurada para apurar as condutas técnicas adotadas durante o parto e investigar se houve erro da equipe envolvida no parto do bebê, “dentro do processo de avaliação de riscos e de cumprimento dos protocolos de segurança do paciente estabelecidos pelo hospital”. O hospital confirmou ainda que os profissionais - que não tiveram os nomes divulgados - foram afastados.

Santa Casa diz que não consegue contato com família


A redação integrada de O Liberal solicitou ao governo do Estado e à Santa Casa de Misericórdia notas comentando as afirmações da família, feita no dia do depoimento dado à Polícia Civil, de que haveria  falta de apoio e assistência, após o episódio. 

Em comunicado, a Santa Casa de Misericórdia do Pará disse que "colocou à disposição da família todo o acompanhamento médico, ambulatorial e psicossocial disponível no hospital". A Santa Casa afirmou ainda que "após a alta médica da paciente foram feitas diversas tentativas de contato pelo número existente no cadastro feito na unidade, porém sem sucesso".

Segundo ainda afirmou a Santa Casa, "diante desta dificuldade, o Serviço Social da instituição comunicou a situação ao Serviço Social de Ourém, onde o casal reside na zona rural, se colocando mais uma vez à disposição para realizar o apoio necessário à família".

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