Venda de queijo garante o sustento do 'senhor Miyagi' há 30 anos nas praias do Caripi e Outeiro

Com os pés calejados após mais de 30 anos de andanças pelas praias paraenses, o seu Carlos Albertos Rodrigues, de 56 anos, persiste com muita alegria no trabalho informal, vendendo queijo assado nas praias do Caripi e Outeiro

Larissa Costa
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Com os pés calejados após mais de 30 anos de andanças pelas praias paraenses, o seu Carlos Albertos Rodrigues, de 56 anos, persiste com muita alegria no trabalho informal, vendendo queijo assado nas praias do Caripi e Outeiro.

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Há 22 anos morando na comunidade, a vendedora de 68 anos de idade é natural de Belém e veio pra Barcarena após o falecimento dos pais.

A pele está queimada de sol e a bandana na cabeça é colocada todos os dias na tentativa de proteger um pouco das horas de exposição ao sol. “Ele está com problemas de saúde devido os tempos de praia. Os pés doem muito e vivem inchados”, conta a filha Ana Carla Rodrigues, de 32 anos. “Eu queria poder ajudar mais o meu pai”, lamenta.

Apesar dos problemas relatados pela filha, o seu Carlos não demonstra tristeza durante a entrevista e nem aos clientes que são conquistados pelo bom-humor do vendedor. “Quando ele se aproxima gritando ‘o queeeê...ijo assado’, a gente já se diverte e não deixa de ajudar”, conta sorridente Débora Holanda.

O empresário Antônio Milk, dono do Restaurante Milk's Space, na praia do Caripi, conta que o vendedor de queijo é mais conhecido como seu ‘Miyagi’, uma brincadeira por conta da semelhança do vendedor com o personagem do filme Karatê Kid. “Quando é período de carnaval, ou final de ano, ele se fantasia. No carnaval as vezes até se pinta de lama para brincar com os clientes. É um cara trabalhador, gente finíssima!”.

Segundo a filha de seu Carlos, para o trabalhador não existe tempo ruim. “Ele sempre foi bem extrovertido e não só ele, como todos aqui sempre vivemos assim, buscando sorrir”, afirma sobre o segredo para não se entregar aos problemas.

O vendedor conta que as vendas ficaram mais tímidas após a pandemia, mas segue confiando em dias melhores. “Quando a praia está movimentada eu ainda consigo vender em torno de 300 espetos de queijo. Vai variando.”, comenta sobre os períodos de alta temporada. Durante os dias de semana, a parada do ambulante é a praia do Cruzeiro, em Icoaraci.

O trabalhador é natural de Marapanim, mas optou por trabalhar percorrendo as diversas praias do estado. Segundo seu Carlos, Salinas, Bragança, Marudá, Mosqueiro e Cotijuba também já foram seu ponto de vendas. “Trabalhei por todas essas beiras de praia, mas eu gostei mais daqui. Além de ser uma bela praia, é boa para os negócios e mais curta, assim cansa menos durante as vendas”, explica.

Seu Carlos, ainda jovem, fez das vendas de queijo o seu sustento. “Ele começou trabalhando na casa do Japonês, bem novo. Depois foi pra Belém vender por conta própria e tentar a vida, pois não tinha estudos e nem outra profissão”, explica Ana Carla.

Hoje Barcarena continua sendo o seu principal local de vendas, mas o vendedor não tem residência fixa na cidade e lamenta não ter conseguido um terreno próximo à praia. “Era pra eu ter pegado um terreno por aqui, mas não tive oportunidade de pagar o que era necessário”, diz.

Agora o vendedor de queijo enfrenta todos os finais de semana a viagem Outeiro/Barcarena e Barcarena/Outeiro, onde mora com a esposa, Pedrina Maia de 66 anos. Mesmo assim ainda sonha em ficar de vez em Barcarena. “Barcarena continua sendo a minha prioridade”, confessa.

Com muitos anos de trabalho pelas praias agora o vendedor planeja se aposentar e descansar. “Sonho em ter minha casa própria onde vou poder descansar as pernas e em breve largar a praia”, afirma.

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