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Conheça dona Cleide, a tapioqueira que é símbolo de resistência em Barcarena

Há 22 anos morando na comunidade, a vendedora de 68 anos de idade é natural de Belém e veio pra Barcarena após o falecimento dos pais.

Larissa Costa

Quem for sair ou entrar no município de Barcarena e decidir fazer a travessia de Balsa certamente vai encontrar um grupo de vendedoras de tapioquinha, no Porto. Entre elas está a dona Ana Cleide, a mais antiga entre as trabalhadoras informais desse ramo, no Arapari.

Há 22 anos morando na comunidade, a vendedora de 68 anos de idade é natural de Belém e veio pra Barcarena após o falecimento dos pais. Iniciou trabalhando como empregada, antes da inauguração da Alça Viária, quando o movimento no porto ainda era intenso. “Depois que a Alça foi inaugurada, no dia 20 de setembro de 2002... Deu muita gente nesse dia!”, pontua. “Vieram muitos políticos. Eles inauguraram e depois atravessam na Balsa. No outro dia não tinha nenhum carro”, descreve dona Ana.

Por conta da queda no movimento os comerciantes locais decidiram vender os pontos e muitos foram saindo aos poucos. Mas a vendedora viu uma oportunidade em meio a crise e por isso decidiu montar o seu próprio negócio: “Em 2005 eu fui em Abaetetuba, mandei fazer esse carrinho e botei pra eu trabalhar. No início era só eu! Depois foi voltando, o pessoal começou a achar distante pela Alça e foram voltando. O povo foi vendo e copiando e hoje têm umas vinte tapioqueiras”, explica dona Ana.

A trabalhadora informal conta que no início vendia sopa também e que era famosa, com clientes populares também. “O Édson e o Juninho (Super Pop) me chamam de tia Dulce, eles tomavam café comigo e até hoje eles passam aqui comigo, eu fazia sopa e eles devolviam as panelas e os pratos pelo povo na Balsa”, fala sobre a notoriedade da sua venda.

A popularidade da idosa rendeu ao seu carro de vendas o apelido de ‘Carrinho das Celebridades’. Ela atendeu famosos como a Banda Double You, Jorge Aragão, os falecidos Jango Vidal do Rancho Não Posso Me Amofinar, Cleide Moraes, entre outros.

A vendedora conta que ama o que faz e ama ainda mais o local onde atua. “Eu adoro isso aqui, morar em frente do rio. A minha filha morava aqui, mas ela nunca se adaptou, eu já sou ao contrário, adoro isso aqui”, reforça a paixão pela localidade.

A trabalhadora começa a sua rotina de trabalho logo cedo. Chega no ponto de venda às 4h da manhã e fica até 10h. “Fico de acordo com o movimento e tiro um dia na semana pra ir até o ver o peso comprar a goma de tapioca, porque a moça tira especial, uma goma muito bonita. Acho que por isso sou muito procurada, modéstia parte”, brinca.

Além das tapioquinhas, que são uma opção de café da manhã para quem atravessa de Balsa, a trabalhadora também faz comidas típicas regionais e vende no horário da tarde. Por conta das delícias que faz, ela conquistou clientes fiéis, como a Renata: “Meu esposo trabalhou um tempo na localidade e sempre comia a tapioquinha dela e constantemente me falava que era uma delícia, então sempre tive a vontade de provar, e um belo dia deu certo e ele me levou. Daí por diante sempre que tenho uma oportunidade vou até ao Arapari pra degustar a deliciosa tapioca da minha querida tia Ana”, fala com carinho.

image A tapioquinha é companhia certa na espera para a travessia no Arapari (Cláudio Oliveira/ Especial para O Liberal)

Mesmo ficando na venda apenas no período da manhã, a trabalhadora consegue vender até 30 tapioquinhas diariamente, pegando três horários de Balsa. “Hoje o movimento não está tão bom, mas dá pra sobreviver. Não tenho casa própria, mas ao logo dos anos sempre tive tudo o que preciso e o conforto necessário”, afirma.

Dona Ana Cleide conta com muita felicidade que recentemente esteve em Concordia do Pará, para ser paninfa do filho de 44 anos de idade e que vive na cidade. “Ele se formou em Licenciatura em Química,e eu pensei que nunca fosse sentir essa emoção. Ajudo os meus filhos da maneira que eu posso. Tenho o meu conforto e ainda dá pra eu ajudar”, completa.

A idosa não pretende parar de trabalhar por enquanto. Deseja continuar morando sozinha e se mantendo com as vendas de tapioca e de comidas típicas em frente ao Rio Arapari.

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