Velório de estudantes da UFPA é realizado no campus Guamá nesta sexta-feira
Segundo o reitor da UFPA, Gilmar Pereira, este é o primeiro velório realizado nas dependências da instituição, o que reforça o vínculo dos estudantes com a comunidade acadêmica

O velório dos três estudantes da Universidade Federal do Pará (UFPA), que foram vítimas do acidente em Porangatu (GO), é realizado nesta sexta-feira (18) no Auditório Setorial Básico do Campus Guamá, em Belém, em uma cerimônia marcada por emoção e homenagens. Atendendo a um pedido das famílias, a universidade cedeu o espaço para a despedida, em um gesto simbólico de acolhimento e pertencimento. Segundo o reitor da UFPA, Gilmar Pereira, este é o primeiro velório realizado nas dependências da instituição, o que reforça o vínculo dos estudantes com a comunidade acadêmica.
Na primeira hora, o velório foi reservado exclusivamente aos familiares das vítimas. Em seguida, às 18h, o espaço se abriu para a presença de amigos e da comunidade acadêmica da UFPA. Na chegada à universidade, por volta das 17h10, os corpos foram recebidos com aplausos por familiares e amigos das vítimas que estavam presentes, além de diversos membros de movimentos estudantis e sociais
Foram trazidos a Belém os corpos de Welfeson Campos Alves, Leandro Souza Dias e Ana Letícia Araújo Cordeiro. Leandro cursava Farmácia; Ana Letícia, Pedagogia; e Welfeson, Produção e Multimídia, que era natural do município de Limoeiro do Ajuru, no interior do Pará.
A respeito dos horários de saída da UFPA, segundo a instituição, um estudante sairá às 20h e os outros dois sairão às 22h. “O local para onde eles serão levados não será divulgado a pedido das famílias, assim como o local do sepultamento amanhã. O estudante que tem origem em cidade do interior do estado será trasladado para este município amanhã também”, comunicou.
Segundo o reitor da UFPA, Gilmar Pereira, o velório no campus é uma cerimônia simbólica, pois algo semelhante nunca havia ocorrido antes. “Eu não me lembro de nenhum outro velório feito aqui na universidade. Foi um pedido das famílias. E desde o início disse que as famílias tinham todo o direito de fazer onde quisessem, mas pediram que fosse aqui. Esse momento foi também com a intenção de dizer a eles que essa casa continua sendo deles”.
Sobre como os velórios seguirão, o reitor: “A gente ainda não sabe, nós estamos preparados para passar a noite se eles quiserem, mas depende deles, se eles resolverem levar para uma capela ou para outro espaço, nós estamos à disposição para contribuir. Na verdade, todo esse processo é feito com a decisão deles”.Gilmar ainda pontuou que o corpo do estudante de Limoeiro do Ajuru deve ser levado para a cidade natal, mas a UFPA ainda aguarda decisão da família.
“Desde o momento que vocês tomaram conhecimento do acidente, a universidade também montou todo um aparato para receber as famílias dos que ficaram aqui. Nós estamos com esse aparato esse aparato ainda montado lá no Mirante do Rio com psicólogo, assistente social, enfermeiros, médicos para aqueles que precisassem durante esses dois dias”.
Legado
Uma amiga dos três estudantes que morreram no acidente, a membro do partido Unidade Popular, Carolina Martins, esteve presente no velório para se despedir pela última vez dos colegas. Ela relembrou as trajetórias dos jovens no movimento estudantil e falou que o que os uniu foi o movimento estudantil. A gente se conheceu no movimento estudantil. Fui estudante da UFRA, do diretório central dos estudantes da UFRA. E a gente se conheceu no Movimento Correnteza. Eu já militava com o Welfeson há 7 anos. Diariamente estava com ele. E, mais recentemente, a gente atuou no processo de legalização da Unidade Popular", afirma Carolina.
Ela também relembrou o legado de cada um: "O movimento estudantil uniu a gente. E, além disso, tanto ele [Welfeson] quanto Leandro eram voluntários na ocupação de mulheres Raiana Alves. Já a Ana entrou recentemente no movimento estudantil. Ela era muito tímida, mas se desafiava muito. Estava sempre tentando conversar com as pessoas, falar das lutas", completa.
Ela também destacou a importância que o congresso representava para os amigos: "Da Ana, provavelmente era o primeiro congresso, dos outros dois não, mas nem do Leandro nem do Wilson. Eles estavam muito felizes porque era a primeira vez que a gente estava levando a maior delegação do Movimento Correnteza para o congresso. Era difícil esconder a felicidade que todo mundo estava sentindo. E foi com esse sentimento que eles partiram daqui", conta.
"É uma perda irreparável. São pessoas únicas que vão fazer muita falta. É difícil pensar que não vão mais estar com a gente. Todos tinham uma relação diferente com eles, mas eu acho que a falta que vai fazer vai ser bem profunda para todo mundo", acrescenta Carolina.
Palavras-chave
COMPARTILHE ESSA NOTÍCIA