Caso Sheila: família registra notícia-crime e cita médicos por suposto erro médico

O documento protocolado na delegacia cita nominalmente os médicos que participaram do procedimento cirúrgico que resultou na morte de Sheila, no último dia 15 de junho

Da Redação

A família de Sheila Barros Belúcio, de 50 anos, protocolou uma notícia-crime na Polícia Civil do Pará, denunciando suposto erro médico no atendimento prestado à paciente pelo Hospital Rio Mar, em Belém. O documento protocolado na delegacia cita nominalmente os médicos que participaram do procedimento cirúrgico que resultou na morte de Sheila, no último dia 15 de junho. Os nomes dos profissionais constam no prontuário médico fornecido à família pela própria unidade hospitalar e foram incluídos como supostos responsáveis pela conduta que está sendo questionada judicialmente.

Entre os profissionais citados estão: Fábio Alves Morikawa Caldeira (CRM/PA 13011), Liziane Santa Brígida de Sousa (CRM/PA 12691), Henrique Guimarães Gomes (CRM/PA 15687), Karoline Lima Pereira (CRM/PA 15564) e Santiago Gonçalves da Silva (CRM/PA 12155). A equipe médica plantonista do hospital responsável pelo atendimento da paciente, entre os dias 13 e 14 de junho, também foi citada na notícia crime, além da direção técnica e administrativa da unidade.

Para o filho de Sheila, Hanniel Barros, a denúncia, mais do que levar o caso adiante em busca de respostas do que realmente aconteceu no período de internação e cirurgia da mãe, é uma forma de responsabilizar os possíveis culpados pelo que ocorreu. Ele também lembra que o procedimento de vesícula, realizado inicialmente, era considerado simples e tomou outra proporção no período em que Sheila permaneceu internada.

image A família de Sheila Belúcio protocolou uma notícia-crime na Polícia Civil do Pará, denunciando suposto erro médico no atendimento prestado à paciente pelo Hospital Rio Mar, em Belém (Cristino Martins/ O Liberal)

“A denúncia foi levada à polícia no dia 8 de julho. A polícia deve investigar por homicídio com dolo eventual e homicídio culposo qualificado. Nós tivemos acesso ao nome dos cirurgiões e médicos envolvidos no caso. E eles são o doutor Fábio Alves, a doutora auxiliar que é a Liziane Santa Brígida, o doutor Henrique Guimarães, a doutora Caroline Lima e o doutor Santiago Gonçalves”, assegura Hanniel.

A família de Sheila Barros Belúcio reforça a demora no atendimento médico após a cirurgia de retirada de pedra na vesícula, realizada no dia 12 de junho. Apesar de inicialmente ser um procedimento simples e eletivo, Sheila apresentou agravamento no quadro clínico já no dia seguinte, com dores intensas e vômitos constantes. Entretanto, uma análise técnica feita revelou de forma sintética a existência de um risco previsto, a partir da descrição cirúrgica, ao relatar "múltiplas aderências no abdômen e a necessidade de liberação dessas aderências".

Outro fator agravante do caso é que segundo relatos das acompanhantes e do marido da paciente, mesmo com pedidos recorrentes de ajuda durante a madrugada do dia 13, a paciente não foi avaliada por um médico de plantão. Apenas medicações foram administradas por enfermeiros, sem uma análise mais aprofundada do caso.

“O que foi identificado no prontuário foi aquilo que a gente já estava denunciando, que foi a demora, foi o provável erro médico, e o prontuário só reforçou isso. Através de toda a linha do tempo do prontuário, a gente identificou justamente isso. Por enquanto, apenas apresentamos a denúncia. E ainda devem nos chamar para prestar depoimento. Com o tempo que apresentamos a denúncia, acredito que já estejam investigando”, afirma Hanniel.

Identificação de risco

Na denúncia, a que a reportagem teve acesso, outro ponto detalhado é a complexidade da cirurgia, que foi identificada pela equipe médica, conforme detalha a denúncia: “A Sra. Sheila foi submetida a uma cirurgia para retirada da vesícula. O cirurgião, Fabio Morikawa, tinha plena ciência de seu histórico de 'laparotomia exploratória devido apendicite complicada', um fator de risco explícito para o exato tipo de complicação que a vitimou”.

“Durante o ato cirúrgico, ele mesmo constatou a presença de 'múltiplas aderências intestinais', que exigiram complexa е arriscada manipulação. Contudo, em um ato que desafia a prudência, o Dr. Morikawa registrou no boletim de cirurgia que o procedimento transcorreu 'sem intercorrências', estabelecendo um plano de alta para o dia seguinte e, com isso, efetivamente desarmando o estado de alerta que a situação exigia”, detalha outro trecho do documento.

Posicionamento

A reportagem tentou contato com Fábio Alves Morikawa Caldeira e Henrique Guimarães Gomes, por meio dos telefones das clínicas onde realizam atendimento. No entanto, as ligações não foram atendidas até o fechamento desta edição. Já o contato dos profissionais Liziane Santa Brigida de Sousa, Karoline Lima Pereira e Santiago Gonçalves da Silva não foram localizados. O espaço segue aberto para posicionamento dos citados.

CRM

Além da notícia crime, a família de Sheila protocolou uma denúncia no Conselho Regional de Medicina do Pará (CRM-PA) denunciando suposta negligência e erro médico no atendimento prestado no Hospital Rio Mar. No documento, protocolado no dia 24 de junho, os familiares pedem apuração rigorosa dos fatos narrados, com investigação da conduta dos médicos envolvidos e do hospital.

Sobre o caso, o CRM informou, em nota, que a sindicância, como procedimento prévio obrigatório, foi instaurada, e está tramitando. "Ressaltamos que todos os procedimentos tramitam sob sigilo nos CRMs, conforme artigo 1º do Código de Processo Ético-Profissional (Resolução CFM 2306/2022)", completa o Conselho.

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