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Urina Preta: casos suspeitos aumentam em Santarém

Vigilância Sanitária tem intensificado as fiscalizações no município

Ândria Almeida

Em Santarém, oeste do Pará, houve um aumento considerável de casos suspeitos de pessoas com Síndrome de Haff, doença popularmente conhecida com o nome "Urina Preta". Em setembro foram 54 pessoas com sintomas parecidos com a síndrome, conforme levantamento do setor epidemiológico da UPA e Hospital Municipal, e ultrapassou o quantitativo de todo o ano passado, quando o Pará registrou 25 casos suspeitos.

A coordenadora da Divisão Especializada de Vigilância Sanitária de Santarém, Helen Silvestre, informa que a vigilância tem intensificado as fiscalizações no município, principalmente neste mês. “A vigilância intensificou a fiscalização relacionada ao acondicionamento do pescado. No entanto, pedimos a população que tenha um cuidado na hora da compra do pescado, verifique se ele está bem acondicionado, se ele tem procedência”, orientou.

image Em Santarém, oeste do Pará, houve um aumento considerável de casos suspeitos de pessoas com Síndrome de Haff (Ândria Almeida/ O Liberal)

 

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Desde a divulgação do primeiro caso suspeito da síndrome de Haff em Santarém, no mês de setembro de 2021, o setor pesqueiro do município enfrentou uma grave crise que resultou em muitos prejuízos. Isso porque a doença, segundo os especialistas, pode estar associada às espécies de Pacu, Tambaqui e Curimatã, diante disso, muita gente tem evitado o consumo desta e de outras espécies de peixe, mesmo as que não estão ligadas à doença.

 
Em 2021, o então diretor de patrimônio da Z-20, João Mário, relatou que por mês eram comercializadas, em média, 55 toneladas de pescado. Mas, devido à crise causada pela síndrome, esse número caiu em cerca de 90%.

Na ocasião, os pescadores da Feira do Pescado, localizada na Avenida Tapajós, relataram que toneladas de peixes ficaram encalhadas por falta de venda; diversos foram descartados.

Agora, o fantasma da crise ronda novamente o setor pesqueiro. O vendedor de peixe, Wander Rêgo, conta que as vendas do pescado estão fracas. No entanto, ele acredita que parte da baixa procura pelo produto pode estar ligada ao período do mês. "As vendas estão fracas, a gente vendia bastante. Mas ainda estamos vendendo, não é muito, mas o período do mês também influi”, enfatizou
 
Ele relata ainda que em comparação com o ano passado, as vendas deram uma leve melhorada. No entanto, teme uma nova crise. “Com certeza vai nos atrapalhar outra vez, a mídia está colocando que é problema do peixe e a gente não sabe realmente o que se passa, se por causa do peixe, se é porque está dando muito, ou se a safra está ruim”, indagou.
 
Já para o vendedor Renato Tapajós, a crise na venda do produto já é uma realidade. Ele relata que já caiu em 50% a comercialização do pescado. “Abandonaram a compra de Pacu e Pirapitanga. Todo dia a gente vende normal, mas o pessoal não está vindo para comprar peixe, ninguém compra mais. Hoje eu faturei R$500; em dia normal seria o triplo, R $1.500", relatou.

Transmissão da Haff

A veterinária da Secretaria Municipal de Saúde (Semsa), Antonieta Picanço, explica que estudos apontam que existem duas hipóteses para a contaminação do pescado, que posteriormente é passado para o ser humano. “A primeira hipótese é através da ingestão de uma alga que em vida livre os peixes se alimentam dela, e essa alga, devido às altas temperaturas e a baixa do rio, ficam oxidadas, e quando o peixe se alimenta dela quebra uma enzima dentro dele e o peixe fica impróprio para o consumo”, explicou.

A segunda hipótese é que com a chegada do verão, o peixe fica com uma fragilidade devido às altas temperaturas. “Quando o peixe é pescado e fica exposto por muito tempo, existe uma enzima que novamente é quebrada, e torna o peixe impróprio para consumo”, destacou a veterinária.

Posicionamento da Sespa

A secretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa) informou por meio de nota ao O Liberal, que em todo o ano de 2021 os casos com quadro clínico compatíveis com Síndrome de Haff somaram 25, sendo, dois em Belém, 13 em Santarém, 3 em Juruti, 2 em Almeirim, 2 em Afuá, 2 em Breves e 1 em Trairão.

Ainda segundo dados da Sespa, até o mês de junho deste ano, havia um total de 8 casos suspeitos da doença, sendo 3 em Santarém, 3 em Óbidos, incluindo 1 óbito em investigação, 1 em Monte Alegre e 1 em Terra Santa.

Em nota, divulgada na quarta-feira (29), a Secretaria de Saúde Pública do Pará (Sespa) informou que em 2022, até o momento, foram notificados 79 casos suspeitos de doença de Haff no Pará, sendo nos municípios de Santarém (52), Mocajuba (4), Cametá (4), Breves (3), Monte Alegre (3), Óbidos (3), Limoeiro do Ajuru (3), Mojuí dos Campos (2), Belterra (2), Terra Santa (1), Belém (1) e Marabá (1).  

A Sespa ressalta que “não há exame específico para o diagnóstico da doença, sendo este realizado com base nos sintomas clínicos apresentados, associados à alteração de exame laboratorial inespecífico (CPK e outros) associados ao consumo de pescado dentro das últimas 24 horas que antecedem o início dos sintomas e a exclusão de outras patologias que justifiquem o quadro clínico apresentado”, enfatizou.

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