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UFPA traz orientações sobre consumo de peixes e urina preta

A doença da urina preta ainda requer estudos e análises de casos suspeitos. A UFPA se une à força-tarefa para pesquisar a doença

O Liberal
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A Universidade Federal do Pará (UFPA), por meio dos laboratórios de Ecotoxicologia e Pesquisas em Monitoramento Ambiental Marinho, tem auxiliado nos estudos sobre a doença de Haff, também chamada de "doença da urina preta". A instituição busca desmistificar a doença e levar mais conscientização à população acerca dos riscos e das medidas reais de proteção contra a doença. Os maiores problemas, até agora, são a desinformação e o pânico.

As pesquisas ainda são muito iniciais. A etiologia da doença permanece desconhecida, já que os estudos que buscaram identificar agentes causadores da doença, em restos de alimentos de pacientes e em animais, de locais com vários relatos da doença, não foram conclusivos. A coordenadora dos estudos, Lílian Lund Amado, explica que a relação entre o consumo de animais aquáticos e o estabelecimento da doença, até hoje não é bem compreendido.

"Muitos estudos relacionam a doença com toxinas [..] produzidas por organismos também aquáticos, como algas/microalgas, anêmonas, dinoflagelados e celenterados. Alguns estudos também apostam em micro-organismos devido à ampla distribuição de casos pelo mundo. Segundo essa teoria, tais organismos produziriam a toxina e esta bioacumularia nos animais que, quando consumidos, causariam a doença de Haff, geralmente peixes e lagostins”, explica a professora.

A doença de Haff é um tipo de rabdomiólise, que significa destruição de fibras musculares. Neste processo de infecção, os rins são sobrecarregados, já que a sua principal função é a “limpeza”. Por esse motivo, sendo lançado na urina o que o organismo não necessita ou precisa eliminar para evitar toxicidade, daí vem o principal sintoma: a urina preta. É derivada do alto conteúdo de destruição das fibras musculares.  

 

Desinformação e fake news

A pesquisadora chama atenção para que o público precisa estar atento à ciência. Através das novas descobertas e notificações de casos suspeitos, a doença será melhor compreendida. “A desmistificação vem da ampla divulgação de dados reais baseados em ciência de qualidade. Enquanto não se sabe exatamente a etiologia da doença de Haff, é necessário atentar para a procedência dos pescados antes do consumo, principalmente se estes passaram por inspeção sanitária antes da comercialização”, esclarece.

Além disso, a coordenadora dos estudos conta que diversos relatos estão conseguindo definir se a doença é sazonal. “Observa-se em vários estudos que o pico de ocorrência dos casos em todo o mundo ocorre em períodos sazonais de maior temperatura, levando a crer que o organismo produtor da toxina desconhecida tenha sua proliferação favorecida por essa condição.  Desta forma, é possível inferir que, caso a doença seja provocada por uma toxina derivada de um organismo presente nos corpos d'água, as altas temperaturas da região amazônica teriam o potencial de favorecer a proliferação desses organismos, que, consequentemente, levaria ao aumento da concentração da toxina nos corpos d’água/animais de consumo humano. Mas precisa ficar claro que isso é apenas uma especulação com base nos dados epidemiológicos. Cientificamente, não se tem nada concreto a respeito”, destaca Lilian Lund.

Ao poder público, ela recomenda “investimento em ciência, em estudos que possam identificar as reais causas dessa patologia, já que há um grande volume de evidências que apontam para a necessidade de mais estudos para a compreensão da etiologia da doença de Haff. Cabe à população cobrar o poder público neste sentido. Só com estudos de qualidade, chegaremos a informações conclusivas sobre a patologia”.

Por enquanto, permanece o alerta para que não sejam consumidos os peixes das espécies pacu, pirapitinga e tambaqui que não sejam provenientes de cativeiro e que não tenham passado por inspeção sanitária para a comercialização. As demais espécies de pescados estão liberadas para a comercialização e o consumo humano. Não há necessidade de alarde e total suspensão do consumo de peixes.

Até o início da tarde desta segunda-feira (27), o Pará registrava um total de 13 casos suspeitos e nenhum confirmado da Síndrome de Haff. Em nota, a Secretaria de Estado de Saúde Pública do Pará (Sespa), informa que na capital são dois casos suspeitos. Nos demais municípios são: Santarém (06), (03) Juruti, Trairão (01) e Almeirim (01). Um outro caso que havia sido notificado em Belém foi descartado pelo Laboratório Central do Estado (Lacen-PA) após amostra ter dado positiva para leptospirose.

(Karoline Caldeira, estagiária sob a supervisão de Victor Furtado, coordenador do Núcleo de Atualidades)

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