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Ufra inicia primeiro centro de reabilitação de animais selvagens

São ofertados serviços variados a espécimes enfermas e vítimas de maus-tratos

Redação Integrada

Uma conquista para a fauna da Amazônia: o primeiro Centro de Triagem e Reabilitação de Animais Selvagens (Cetras) do norte do Brasil passou a funcionar na sede da Universidade Federal Rural da Amazônia (Ufra), em Belém. No Centro, são oferecidos atendimentos clínicos, cirurgias, exames laboratoriais e de imagem, e o internamento de animais selvagens doentes e vítimas de maus-tratos, encaminhados pelos órgãos ambientais.

A coordenadora do Cetras, a professora e médica veterinária Ana Silvia Sardinha Ribeiro destaca que "na região metropolitana de Belém não há local para atendimento dos animais silvestres apreendidos, vítimas de maus-tratos e abandono". "Nosso foco é justamente o atendimento desses animais doentes. A Ufra tem recebido grande parte da demanda dos órgãos ambientais e de instituições parceiras, como os zoológicos, que correspondem a quase 50% dos atendimentos, que incluem procedimentos cirúrgicos e exames, tanto laboratoriais quanto de imagem”, ressalta.

Atendimentos

O Cetras apresenta capacidade para atendimento de até 10 animais por dia, com a possibilidade de internação. Porém, temporariamente, os profissionais reduziram pela metade esse serviço, em função das restrições sanitárias da pandemia.

O horário de atendimento no Centro é de segunda-feira a sexta-feira, das 9h às 13h (exceto feriados). “Há exceção apenas para os casos de urgência/emergência e para os órgãos de meio ambiente, como as secretarias de meio ambiente, bombeiros e Ibama, que entram em contato direto, pois as situações dos animais que eles encaminham são sempre críticas”, afirma Ana Sardinha Ribeiro.

image O foco do atendimento é em animais silvestres apreendidos (Divulgação / Ufra)

Pessoas físicas e jurídicas podem buscar o Cetras, mas para isso é necessário o agendamento prévio, que pode ser feito pelo número (91) 99362-1661, das 9h às 13h. O atendimento é gratuito para animais encaminhados pelos órgãos ambientais. Para a comunidade, o custo dos serviços segue de acordo com a tabela de procedimentos estabelecida pelo Hospital Veterinário Mário Dias Teixeira (Hovet/Ufra).

Despetrolização

O Cetras é a ampliação do Ambulatório de Animais Selvagens da Ufra, que existe desde 2013 e que conseguia atender cerca de 500 animais por ano. Com a reforma, foi feita uma adequação dos espaços, que agora contam com um setor para quarentena, sala de preparo de alimentos para os animais e área com tanques para receber animais aquáticos.  

“Nosso grande diferencial agora é a área para despetrolização de animais oleados. Com isso, nossa capacidade de atendimento aumentou, assim como temos mais autonomia para, junto com os órgãos ambientais, decidir sobre a destinação dos animais reabilitados, além de ter um ambiente mais adequado para a equipe envolvida”, explica a coordenadora.

A médica veterinária explica que os animais que chegam ao ambulatório costumam apresentar traumas provocados por acidentes com linha de pipa, atropelamento, ingestão de corpo estranho, queimadura por choque elétrico, mordedura de animal doméstico, pedrada, projétil, entre outros.

“Quanto aos animais encaminhados com frequência destacamos entre as aves os psitacídeos, como os papagaios do mangue, que são muito comuns de serem criados como pet. Tem também os rapinantes, como as corujas e os gaviões, geralmente acidentados com linhas de pipa, com ferimento a bala, com fraturas e que são normalmente encaminhados pelos órgãos ambientais. Entre os répteis os mais comuns são os jabutis, que costumam ser criados como pet, e as serpentes da família Boidae, a maioria com traumas provocados por queimaduras ou pauladas. Entre os mamíferos, costumamos receber preguiças, quatis, tamanduás, lagomorfos e roedores exóticos, como porquinhos da índia. A perda de habitat e o hábito de criar os animais silvestres como pet, retirando-os do seu ambiente natural, são as principais causas”, relata Ana Sardinha Ribeiro.

Desde o início de janeiro, funcionando apenas com o serviço ambulatorial, a equipe do Cetras já atendeu mais de 30 animais, entre eles um filhote de lontra (Lontra longicaudis) e um papagaio do mangue (Amazona amazonica), que foram encaminhados para o Parque Zoobotânico Vale, em Carajás, em articulação com a equipe do IBAMA que emitiu a licença de transporte. Atualmente, estão internados um urubu, vítima de corte com cerol, em acidente com linha de pipa e que foi encaminhado pela BP Energy; uma serpente, encaminhada pelo 2º BIS; e uma preguiça real, oriunda de Barcarena, vítima de queimadura por choque elétrico.

Tráfico

Além dos maus tratos, acidentes e degradação ambiental, o tráfico também é o responsável pela perda da fauna na região. Segundo dados da Rede Nacional de Combate ao Tráfico de Animais Silvestres (Renctas), o mercado ilegal retira cerca de 38 milhões de animais da natureza, por ano, só no Brasil. Os dois desafios básicos pra a gestão da fauna silvestre na região abrangem a falta de uma política forte de Estado para conservação das espécies e combate ao tráfico e a falta de recursos financeiros para este fim, na avaliação da coordenadora e autora do projeto de criação do Cretas Ufra.

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