'Sexo Tunado': entenda como o consumo irregular de estimulantes sexuais coloca vidas em risco

Medicamento para disfunção erétil ao ser consumido sem orientação médica pode levar até a óbito

Eduardo Rocha
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Por ser barato e acessível, muitas vezes de forma irregular, nos bairros de Belém e em outras cidades paraenses, estimulantes sexuais (medicamentos para disfunção erétil) acabam por virar uma bomba relógio no organismo de consumidores. Uma pessoa que usou esses medicamentos vasodilatadores declara que é fácil adquiri-los, uma caixa pode ser comprada por cerca de R$ 20,00 e pessoas que não precisam tomar o remédio em tratamento médico ingerem o produto na intenção de apimentar seu desempenho sexual.

A reportagem integrada de O Liberal verificou essa situação na prática, e, por apenas, R$ 5,99, adquiriu uma caixa do genérico Tadalafila com dois comprimidos de 20 mg. Pessoas costumam usar o produto líquido excitante intitulado “Jumentinho”. Outro estimulante é o genérico citrato de sildenafila, 50 mg, com quatro comprimidos. 

Nesse contexto, vem o alerta do cardiologista Rodrigo Souza, diretor científico da Sociedade Paraense de Cardiologia e membro titular da Sociedade Brasileira de Cardiologia e da Sociedade Brasileira de Hemodinâmica e Cardiologia Intervencionista e fellow da Sociedade Européia de Cardiologia. Ele explica que os medicamentos utilizados no tratamento da disfunção erétil são da classe dos Inibidores da Fosfodiesterase 5 (PDE5), sendo os mais conhecidos: sildenafila, tadalafila, vardenafila e lodenafila. A PDE5 (enzima envolvida no mecanismo de dilatação/contração dos vasos sanguíneos) é encontrada principalmente na musculatura lisa do corpo cavernoso, no músculo esquelético, pulmões, plaquetas, músculo liso visceral e vascular. 

“Por estar presente na musculatura lisa vascular, seu uso causa vasodilatação e por conseguinte redução da pressão arterial. Por conta disso, indivíduos em uso de Nitratos NÃO podem fazer uso dessa medicação sob risco de queda importante da pressão arterial que pode, inclusive, levar a uma parada cardíaca. Entretanto, afora essa condição acima descrita, sabe-se hoje em dia que o uso desse tipo de medicação não traz riscos adicionais ao coração, sendo, inclusive, benéfico em algumas situações, tais como na hipertensão pulmonar, porém desde que prescrito e utilizado da forma correta sob orientação médica”, ressalta o médico.

image Além dos medicamentos, muitas pessoas recorrem a produtos apontados como naturais compostos de guaraná e ervas (Sidney Oliveira / O Liberal)

Uso de estimulantes sexuais não pode ser para fins recreativos

Acerca da aquisição desse tipo de  medicamento, o cardiologista pontua que “infelizmente, a despeito de ter sua venda atrelada à prescrição médica, não vemos um controle de venda eficaz nas farmácias, sendo comum a aquisição por pessoas sem indicação de uso e que pretendem fazer uso recreacional das mesmas, muitas vezes associado com bebidas alcoólicas e/ou outros estimulantes e até drogas ilícitas, o que aumenta as chances de desenvolver arritmia cardíaca, infarto do miocárdio e até a morte”.

Em contraponto a essa situação de risco, o procedimento correto a se seguir, conforme assinala Rodrigo Souza, é utilizar a medicação exclusivamente quando houver indicação médica. “Portanto, evite a automedicação. Procure um especialista que lhe irá orientar nesse processo”, reitera. No dia 3 deste mês, um homem de 87 anos foi encontrado morto em um motel em Santarém, município no oeste do Pará. A suspeita é de que ele tenha sofrido um infarto após consumir estimulante sexual.

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A diretora do Conselho Regional de Farmácia (CRF-PA), Simone Sena, explica que a venda de medicamentos que auxiliam na disfunção erétil é realizada, em sua maioria, mediante prescrição médica, porém sem retenção de receitas, como ocorre com medicamentos antibióticos e controlados. 

Ela observa que todos os medicamentos têm um risco em potencial e, nesse caso, a maioria dos medicamentos podem ter interações medicamentosas e reações adversas que geram complicações cardíacas quando utilizados indevidamente. “A compra desse tipo de produto deve ser recomendada por um profissional da saúde qualificado e o paciente deve se orientar com o farmacêutico na hora de comprar o estimulante, para entender sua posologia, riscos e melhor forma de utilizá-lo”, observa.

image O cardiologista Rodrigo Souza reforça a necessidade de evitar automedicação, já que o mau uso de um medicamento pode levar a sequelas e morte (Rodrigo Souza / Acervo Pessoal)

Comercialização clandestina de estimulantes sexuais preocupa conselho

A comercialização clandestina desses produtos, como enfatiza a diretora do CRF-PA, “implica em sérios riscos à saúde, justamente por não saber a procedência e a sua real composição química”. “Para devida segurança, é imprescindível que a população adquira esses produtos apenas em farmácias devidamente registradas, mediante prescrição médica e a orientação do farmacêutico. Além disso, é válido lembrar que o medicamento deve estar devidamente registrado na Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), caso não esteja, se enquadra como irregular”, frisa.

O usuário que observar a comercialização de medicamentos para tratamentos da disfunção erétil irregulares por vias ilegais deve denunciar imediatamente ao Departamento de Vigilância Sanitária do seu município. O CRF-PA também recebe esse tipo de denúncia por meio do Portal da entidade, na aba ‘Denúncias’, como repassa Simone Sena.

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