Sespa registra queda de casos de doenças endêmicas transmitidas por vetores no Pará
A maioria das doenças analisadas ocorre em áreas rurais. Na zona urbana, há mais casos de dengue, que seguem preocupando as autoridades de saúde

Levantamento feito pela Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa), divulgado nesta quinta-feira (5), mostra uma queda, em todo o Estado, nos números das principais endemias transmitidas por vetores (mosquitos, por exemplo). Os dados são de janeiro a julho deste ano, em comparação com o mesmo período do ano passado. Os registros de redução de casos são para malária (26,75%); dengue (14,5%); febre de chikungunya (36%); febre zika (88,88%); doença de chagas (32%); leishmaniose visceral (61%); e leishmaniose tegumentar (62.3%).
Essas doenças são transmitidas principalmente através dos vetores Aedes aegypti (dengue, chikungunya e zika), Anopheles (malária), triatomíneo (barbeiro) (doença de Chagas), e flebotomíneo (leishmaniose). Os principais alvos são áreas rurais.
“Apesar de o Governo do Estado ter investido muito na descentralização dos serviços de média e alta complexidade, com a construção de hospitais regionais, é fundamental atuar na prevenção de doenças e promoção da saúde para que tenhamos uma população que precise cada vez menos de internação hospitalar por doenças endêmicas, que podem ser evitadas com medidas simples”, é o que pensa o secretário de Estado de Saúde Pública, Rômulo Rodovalho.
Mesmo com a redução,os casos de malária ocorrem com mais frequência em áreas indígenas e de garimpo. Especificamente neste cenário, de janeiro a julho deste ano, os casos de malária em áreas indígenas aumentaram em 5,28% em comparação com o mesmo período do ano passado.
“Por isso, a Sespa tem dado maior atenção ao município de Jacareacanga, que é o mais atingido com 2.926 casos confirmados de malária, e Itaituba, com 2.047 casos da doença.
Outros municípios com mais casos são Anajás (986), Almeirim (434) e Oriximiná (312). Só os dez municípios com maior número de casos são responsáveis por 88,93% do total de casos do estado e, considerando os Centros Regionais de Saúde (CRSs), cerca de 70% dos casos de malária abrangem municípios do 9º CRS, que têm sede em Santarém, com 6.106 casos confirmados”, observou a coordenadora estadual de Controle da Malária, Paola Vieira.
Os casos de dengue foram registrados em maior quantidade nos municípios de Itaituba (502), Belém (434), Altamira (186), Novo Progresso (133) e Novo Repartimento (85). Com relação aos casos de febre Chikungunya, os municípios foram: Belém (21), Parauapebas (19) e Castanhal (09). E quanto à febre por vírus zika, os municípios com mais casos registrados são Santarém (19) e Belém (10).
“Além das ações que a Sespa realiza em conjunto com os municípios, é importante a participação da população nesse controle, eliminando os possíveis criadouros do mosquito Aedes aegypti transmissor dessas doenças, ou seja, tudo que possa acumular água dentro e no entorno da casa”, alertou a coordenadora estadual de Controle das Arboviroses, Aline Carneiro.
O Pará ainda é responsável por 80,95% dos casos de doença de Chagas no Brasil, mas ainda assim demonstra queda. Os municípios com mais casos são Bagre (13), Barcarena e Cametá (07), Oeiras do Pará (06) e Curralinho e Igarapé-Miri (05).
“A transmissão ocorre por inúmeros alimentos contaminados com o Trypanosoma cruzi, transmitido pelas fezes do inseto barbeiro. Entretanto, o açaí e a bacaba estão entre os mais envolvidos, devido ao consumo rotineiro e sem controle de higiene e cuidados no momento do processamento. Graças às notificações em tempo hábil, mais de 90% dos casos confirmados têm evoluído para a cura da doença”, enfatizou o coordenador estadual de Doença de Chagas, Éder Amaral. A Sespa produz várias programações e materiais para controle da doença.
No caso da leishmaniose, a doença possui duas subcategorias: clínicas tegumentar (cutânea e mucosa) e a visceral ( que ataca os órgãos internos). A maioria dos casos de leishmaniose tegumentar se concentra nas regiões do Xingu, Baixo Amazonas, Tapajós e Carajás, enquanto os casos de visceral se concentram nas regiões do Araguaia e Carajás.
“Infelizmente, a urbanização da leishmaniose visceral é uma realidade no Pará, pois 43 municípios estão com o agravo urbanizado", informou a coordenadora estadual de Leishmaniose, Mônica Fadul. A Coordenação Estadual monitora os municípios por meio de avaliação de dados do Sistema de Informação de Agravos de Notificação - Sinan. Através dele são realizadas capacitações locais em Vigilância e Controle dos Agravos, reunião com médicos e enfermeiros para informações básicas sobre as doenças, protocolo de tratamento e acompanhamento de pacientes.
O trabalho da Coordenação Estadual de Entomologia é fundamental para o controle dessas doenças. As atividades têm caráter preventivo e atuam de forma complementar à Vigilância da doença de Chagas, leishmaniose, malária e arboviroses. As ações buscam a captura, identificação e análise de infectividade dos vetores Aedes aegypti (dengue, chikungunya e zika), Anopheles (malária), Triatomíneo (barbeiro) (doença de Chagas) e Flebotomíneo (leishmaniose). É a partir dos resultados dessas análises que são definidas as estratégias mais adequadas para combate a esses vetores, considerando os impactos à população e ao meio-ambiente.
Nos anos de 2020 e até 22 de julho de 2021, a Sespa recebeu um total de 78 insetos de três espécies para análise pelo Laboratório de Entomologia Estadual. “Apesar da pandemia de covid-19, foram implantados PITs em Muaná e São Domingos do Capim em 2020; e neste ano, mais dois, sendo um em São Sebastião da Boa Vista e um em Cametá”, informou a coordenadora de Entomologia, Bárbara Almeida.
(Bruna Ribeiro, estagiária, sob supervisão de Victor Furtado, coordenador do Núcleo de Atualidades)
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