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Governo deve investir R$ 100 milhões em bolsas para combater desigualdade na educação de mulheres

A paraense Carmen Foro, Secretária Nacional de Articulação Institucional, Ações Temáticas e Participação Política do Ministério das Mulheres, em visita a Belém, faz articulações para concretizar políticas

Camila Guimarães

Em visita a Belém ao longo desta semana, a secretária nacional de Articulação Institucional, Ações Temáticas e Participação Política do Ministério das MulheresCarmen Foro, se reune com lideranças da sociedade civil, governo estadual e municipal para articular políticas públicas voltadas às mulheres e que levem em conta a realidade do Pará. Em entrevista ao jornal O Liberal nesta quinta-feira (30), Carmen, que é parense natural de Igarapé-Miri, disse que um destaque do pacote de políticas públicas apresentado em reunião internacional da ONU será o investimento de R$ 100 milhões em bolsas de estudo para mulheres.

Carmen esteve, ainda no início deste mês, no encontro anual da ONU, em Nova York, onde levou um pacote de políticas públicas já apresentados pelo Governo Federal no dia 8 de março - resultado dos trabalhos do Ministério da Mulher que foi criado, em 1º de janeiro deste ano. 

"Estive na segunda comissão mais importante da ONU, que é a Comissão sobre a Situação das Mulheres, CSW na sigla em inglês, que este ano debateu a inovação tecnológica, educação, acesso à internet e o processo de digitalização - que é necessário para ampliar o acesso das mulher às políticas públicas e ao mercado de trabalho. O presidente da ONU chegou a afirmar que levará 300 anos para alcançarmos a equidade de gênero. No nosso caso, nós temos que recomeçar tudo de novo, porque tivemos o fim do Ministério das Mulheres no último governo e, agora, estamos restituindo e a gente está muito preocupado com os retrocessos em segurança, educação e renda", afirma.

Carmen destacou uma das principais políticas públicas do pacote apresentado no encontro internacional: "Um exemplo concreto é o investimento de 100 milhões de reais de parte do Governo Federal em bolsas de estudo para que mulheres possam alcançar mais espaços na área das ciências exatas e em outras carreiras. "Quando a gente olha o nível geral da Educação, a mulher tem muito mais escolaridade e estudo que muitos homens, mas, ainda assim, ganha menos. E quando você analisa os topos de carreira, também diminui a presença das mulheres", argumenta.

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Renda e segurança também são preocupações

Também relacionado à escolaridade e emprego, Carmen destaca a geração de renda como outra pauta do Ministério: "nós precisamos fortalecer a autonomia econômica das mulheres, porque quando você faz a leitura do cenário de emprego, desemprego e geração de renda, você vê que é algo muito grave - as mulheres estão sempre nas piores posições e, no Pará, que tem um alto índice de desemprego, a gente percebe que as mulheres estão lá embaixo. Para virar essa situação é preciso que mulheres tenham mais oportunidades na geração de renda".

Já na área de segurança, a secretária do Ministério das Mulheres diz que este foi um dos grandes pontos de retrocesso nos últimos anos. Ela descreve que a violência contra a mulher se tornou naturalizada em muitos aspectos, o que fez com que índices de feminicídios, estupros e outras agressões aumentassem.

Carmen destaca um dado do Fórum Nacional de Segurança Pública que diz que três mulheres são mortas, por dia, no país e comenta: "Cada vez mais nós temos visto os traços de misoginia presentes nos crimes, pela forma como as mulheres são agredidas, violadas e feridas. A misoginia é gritante".

Quanto à realidade do Pará, a secretária chama atenção para os casos de estupro e estupro de vulnerável, em especial em regiões como o Marajó: "As mulheres e meninas não têm proteção - é uma violação terrível do direito de viver e isso nos assusta profundamente. E nas regiões mais empobrecidas - não por serem em si mesmas pobres - acabam sofrendo muito mais com tudo isso. Muita violência foi naturalizada, pelas mensagens vindas do último governo, e a gente vai ter que enfrentar isso".

Parcerias para concretizar propostas

Para sair do plano teórico e de fato concretizar as políticas propostas, a secretária aposta em uma relação aberta, amigável e comprometida com o Estado e os municípios:

"O conjunto de políticas públicas do Governo Federal se dá, em sua execução, no município e no Estado. Então o Governo vai fazer investimentos e aportes em recursos, equipamentos etc. e nós precisamos dessa articulação. Sem eles, não tem como, por exemplo, implementar uma Casa da Mulher Brasileira. Esses governos precisam colocar sua contrapartida, garantindo terreno, servidores, profissionais para que seja um projeto concreto. A gente espera um bom diálogo com o prefeito Edmilson e com o governador Helder, assim como com o parlamento municipal e estadual no sentido de garantir emendas para reforçar esses projetos".

Alguns dos elementos que também chamam atenção da secretária e que devem colaborar com essa articulação é a Secretaria de Estado da Mulher (Semu), criada recentemente, em 7 de março deste ano, cuja secretária é a advogada Paula Gomes, e a Coordenadoria da Mulher de Belém, vinculada à Prefeitura, que são dois órgãos "muito importantes na criação e execução de políticas para mulheres" no Pará.

Ainda nesta quinta-feira, Carmen Foro deve se reunir com a secretária da Semu e com a coordenadora da Combel, bem como parlamentares e vereadoras que puderem estar presentes: "A gente precisa conversar sobre compromissos, seja no parlamento do município ou estadual, para fortalecer várias áreas das políticas para as mulheres".

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