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Pará registra queda de 12% nos óbitos em comparação com período de antes da pandemia, diz pesquisa

O levantamento mostrou, ainda, que os números de mortes por doenças associadas ao coronavírus estão em alta no estado

Camila Azevedo

O Pará registrou 12% de queda no número de óbitos durante os dez primeiros meses de 2022 em relação ao mesmo período de 2019, ano que antecedeu a pandemia da covid-19. Os dados são quatro vezes menores que em relação ao crescimento anual médio de mortes computadas no estado antes da doença causada pelo coronavírus. O número faz parte de um levantamento realizado pela Associação dos Notários e Registradores do Brasil (Anoreg) junto aos Cartórios de Registro Civil do Estado.

O motivo para a diminuição pode ser devido ao maior controle da pandemia e ao aumento da vacinação. Em números absolutos foram registrados entre janeiro e outubro de 2022, 25.339 óbitos, frente aos 28.892 ocorridos nos dez primeiros meses de 2019, antes da chegada da covid-19. Na comparação com os números dos anos onde a crise sanitária esteve no auge no país, verifica-se uma redução de 8,4% em relação ao ano passado, que totalizou 27.677 mortes, e de 20,4% em comparação a 2020, que computou um total de 31.853 óbitos.

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A redução no número de óbitos em 2022 chama mais atenção quando comparado em relação à média da evolução de mortes ano a ano no estado, que variou, em média, 2,6% entre 2010 e 2019. Durante este período, a maior variação no número de óbitos no estado tinha ocorrido em 2014, quando registrou crescimento de 5%. Com exceção ao ano de 2020, auge da pandemia no Brasil, quando os óbitos no estado cresceram 10%, o número de mortes em território paraense mostra um retorno à normalidade após dois anos de alto número de falecimentos.

Casos de óbito por SRAG crescem, diz pesquisa

Com o aumento da vacinação e o maior controle da pandemia, a covid-19 deixou de liderar o ranking de mortes por doenças no estado, apresentando queda de 84,2% entre janeiro e outubro de 2022 em relação ao ano passado. Em 2021, no período analisado, foram registradas 6.614 mortes causadas pelo novo coronavírus frente a 1.046 neste ano. No entanto, outras doenças, algumas delas relacionadas a sequelas da doença passaram a registrar crescimento diferenciado no estado.

A presidente da Associação Nacional dos Registradores de Pessoas Naturais (Arpen-Brasil) e diretora da Anoreg/PA, Fabíola Queiroz, explica que algumas sequelas do coronavírus ainda causam mortes. "Os números dos Cartórios de Registro Civil mostram, mais uma vez, o que acontece com a população paraense. As mortes no estado caíram para um patamar menor que o registrado em 2019 e houve uma diminuição acentuada nos óbitos por covid-19, mas notamos crescimento de óbitos por outras doenças como Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) e doenças do coração, que podem ser consequências de sequelas da covid. Com esses dados disponíveis, é possível pensar em políticas públicas para a prevenção dessas doenças", destaca.

Um exemplo é o aumento no número de óbitos por pneumonia, que passou de 2.089 entre janeiro e outubro de 2021 para 2.885 no mesmo período deste ano, um aumento de 38%. Já em 2020, foram 3.335 mortes pela doença nos dez primeiros meses do ano, enquanto 2019 registrou 3.304 óbitos causados por pneumonia. O número de mortes pela doença apresentou queda de 12,7% entre janeiro e outubro deste ano em comparação ao mesmo período de 2019, quando ainda não havia pandemia

Um número que também chama atenção no levantamento diz respeito às mortes por Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG). Entre 2019 e 2022, houve um salto de 532% nos registros de óbitos por esta doença respiratória. Em números absolutos, foram contabilizadas 215 mortes por SRAG nos dez primeiros meses deste ano frente a 34 registros para o mesmo período de 2019. 

Outra doença que apresentou crescimento em 2022 foram as mortes por septicemia, que aumentaram 16,6% de janeiro a outubro de 2022 em relação ao mesmo período de 2021. Neste ano foram computadas 2.034 mortes causadas pela infecção generalizada grave do organismo, enquanto que, em 2021, foram 1.744 óbitos no mesmo período. 

Mortes por doenças do coração estão cada vez mais presentes nos cartórios paraenses, quando comparadas com os primeiros dez meses do ano e do de 2021. Foi o caso dos aumentos de óbitos por Causas Cardiovasculares Inespecíficas (20,7%) e AVC (2,7%). Em comparação com 2019, ainda antes da pandemia, os números são 13% maiores para mortes causadas por AVC, 5% para Infarto e 7% para Causas Cardiovasculares Inespecíficas.

A pesquisa

Os dados constam no Portal de Transparência do Registro Civil, administrado pela Associação Nacional dos Registradores de Pessoas Naturais (Arpen-Brasil), abastecida em tempo real pelos atos de nascimentos, casamentos e óbitos praticados pelos 7.658 Cartórios de Registro Civil — presentes em todos os 5.570 municípios brasileiros —, e cruzados com os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que utilizam como base os dados dos próprios cartórios brasileiros.

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