Ministério Público abre apuração sobre caso da balsa que naufragou com búfalos no Marajó

Promotoria disse que foi informada de que animais afogados estavam sendo preparados para consumo humano, com esquartejamento e distribuição aos açougues

Redação Integrada de O Liberal
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O Ministério Público do Estado confirmou, na manhã desta quinta-feira (15), que já está atuando para "apurar as circunstâncias" do naufrágio da balsa que transportava uma carga de boi vivos no município de Muaná, no Arquipélago do Marajó, na tarde da última quarta-feira (14). Segundo o MPPA, ainda ontem mesmo o promotor de Justiça de Muaná, Luiz Gustavo Quadros, tomou as primeiras providências, oficiando o caso à Delegacia de Polícia Civil, Secretaria de Saúde e à Vigilância Sanitária Municipal, para que "efetivassem as medidas iniciais" de sua competência.

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"No decorrer da tarde, chegou ao conhecimento da Promotoria de Muaná que, dos animais que tinham morrido afogados, pelo menos 30 estavam sendo preparados para consumo humano, com esquartejamento e distribuição aos açougues. Diante da denúncia, foi imediatamente solicitada uma vistoria no local com acompanhamento da Polícia Militar e de servidores da Agência de Defesa Agropecuária do Pará (Adepará) - um técnico e uma médica veterinária - para atestar as circunstâncias do abate e verificar se a carne estava em condições sanitárias de ser destinada ao consumo humano.

Após análise, a recomendação da médica veterinária da Adepará foi a de que o produto fosse descartado.

"Chegou ao conhecimento da Promotoria de Muaná que os animais que tinham morrido afogados estavam sendo preparados para consumo humano, com esquartejamento e distribuição aos açougues. Foi feita  vistoria no local e acionada a Polícia Militar e a Adepará. Após análise, a médica veterinária da Adepará condenou a carne para o consumo humano", disse o Ministério Público em nota

image Embarcação virou ao chegar ao porto de Muaná (reprodução)

Balsa pertence à secretário municipal e presidente da Câmara


A Redação Integrada O Liberal confirmou nesta quinta (15) que a balsa que transportava carga viva e naufragou no município de Muaná, no Arquipélago do Marajó, na última quarta-feira (14), pertencia ao vereador João Guilherme Kalume Kalif, presidente da Câmara Municipal, e ao secretário de Agricultura da cidade, Nalmiro Brabo, conhecido como Miroca, que também são empresários.

O próprio Nalmiro e o prefeito da cidade, Biri Magalhães, confirmaram a informação. Segundo eles, após o acidente, os animais que morreram foram incinerados. 

Ao todo, cerca de quarenta búfalos estavam sendo transportados de uma fazenda para o local onde fica o matadouro. Quando chegaram no destino, a tripulação saiu da balsa e os animais começaram a ser retirados, mas a embarcação virou e quase trinta animais morreram.

Vigilância sanitária esteve no local 

“Chegaram das fazendas e foram atracar no porto e parece que a tripulação saiu, a embarcação estava fazendo água, começou a pesar pro lado, a carga viva começou a se movimentar e virou”, disse o prefeito de Muaná, contactado pela Redação Integrada O Liberal. 

Segundo o prefeito Biri Magalhães, na noite do mesmo dia do acidente, equipes da Vigilância Sanitária e da Secretaria Municipal de Meio Ambiente estiveram no local verificando a situação. Na manhã desta quinta, às 6h, eles retornaram para fazer a incineração dos animais que morreram.

Providências

De acordo com o promotor Luiz Gustavo, o MPPA instaurou procedimento administrativo e solicitou à Delegacia de Polícia de Muaná a abertura de inquérito policial. Na semana que vem, o órgão vai ouvir os donos da embarcação e da carga, funcionários da balsa e técnicos envolvidos no caso.

Ainda na tarde desta quinta-feira (15), a Capitania dos Portos esteve no local do acidente. Vinte e nove, de um total de 40 búfalos que estavam sendo trannsportados na embarcação, de acordo com a Guia de Transporte Animal (GTA), foram incinerados nesta quinta (15).

image Imagens atribuídas ao acidente circulam desde ontem em redes sociais (reprodução)

Prefeito nega aproveitamento de carne de bois mortos 


Em conversa com a reportagem, o prefeito Biri Magalhães negou que os búfalos mortos tenham sido aproveitados para venda, como chegou a se espalhar por aplicativos de mensagens.

“Ontem mesmo, quando aconteceu, o presidente da Câmara estava comigo. Iria passar pela Vigilância Sanitária para fazer essa fiscalização. Em momento nenhum a gente ia colocar a vida das pessoas nesse risco. Isso, na verdade, é fofoca da oposição que tenta denegrir. Hoje, a gente não é nem maluco em pensar nisso. A gente está lutando contra uma pandemia e não ia colocar a população ainda mais em risco’”, ressalta. 

“Ontem mesmo, quando aconteceu, o presidente da Câmara estava comigo. Iria passar pela Vigilância Sanitária para fazer essa fiscalização. Em momento nenhum a gente ia colocar a vida das pessoas nesse risco. Isso, na verdade, é fofoca da oposição que tenta denegrir”, disse o prefeito de Muaná, Biri Magalhães


Secretário nega crime ambiental

O secretário municipal de Agricultura, Nalmiro Brabo, um dos donos da embarcação, também afirmou a O Liberal que já foram tomadas providências para retirada da balsa do local. “Já está meio caminho andado. Só falta esperar uma outra embarcação, para ajudar nisso”, declarou. “Não teve crime ambiental, não teve nada. Não teve vazamento de óleo, porque a minha preocupação era essa”, completou. 

Ele afirma, ainda, que estava tudo regular e em boas condições. Por isso, não sabe dizer o que pode ter provocado o naufrágio.

“Não teve crime ambiental, não teve nada. Não teve vazamento de óleo, porque a minha preocupação era essa. O prejuízo foi grande e vamos trabalhar para pagar”, disse o secretário Nalmiro Brabo

“É acidente de percurso que acontece e às vezes a gente não sabe nem explicar. O prejuízo foi grande e vamos trabalhar para pagar. Todos os fazendeiros se solidarizaram com a gente, prejuízo com o gado, prejuízo com o motor. O mais importante é que não houve vítima e nem dado ambiental”, concluiu.

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