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Filhos de Ogum prestam homenagens ao orixá guerreiro nos terreiros de Belém

São Jorge nas religiões de matriz africana é o orixá Ogum. Por isso, neste 23 de abril, ele ganha homenagens por parte de seus filhos

Eduardo Rocha e Igor Wilson

São Jorge nas religiões de matriz africana é Ogum, o orixá guerreiro. Por isso, neste 23 de abril, ele ganha homenagens por parte de seus filhos. Carla Cabral, musicista, compositora e professora de Música da Universidade Federal do Pará (UFPA), moradora, como diz, na Matinha (bairro de Fátima). Ela pertence à religião Tambor de Mina, devota de Ogum, que corresponde a São Jorge, devido ao sincretismo religioso desde o tempo da escravidão de negros no Brasil. "O meu orixá de frente que é Ogum Megê a gente comemora no dia 23 de abril e tem essa representação com São Jorge", pontua Carla.

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Sobre a relação dela com Ogum, Carla conta que foi escolhida pelo orixá e, em 2024, completa 20 anos no Tambor de Mina. "São Jorge sempre me rondou, pela devoção da minha vó, e eu carrego uma imagem que era dela até hoje, que está aqui em casa, que passou pela minha mãe, sempre rezando para São Jorge, meu irmão devoto de São Jorge, e sem saber dessa relação com Ogum. Então, quando eu fui para o Tambor de Mina, que a minha mãe de santo anunciou que eu era filha de Ogum, parece que fez todo um sentido assim, toda a minha vida, toda a minha trajetória", destaca Carla.

Com gratidão expressa, Carla Cabral conta uma graça alcançada junto a Ogum. Em 2020, primeiro ano da pandemia da covid-19, a família dela estava reunida na sala da casa, no dia 23 de abril, para também comemorar o Dia Nacional do Choro. No dia seguinte, eles trancados em casa, devido à pandemia, a família acordou se sentindo mal-estar. Descobriram, então, que pegaram covid-19. "E com o passar dos dias o meu pai (João Silva, 76 anos) foi piorando".

image Musicista Carla Cabral pediu forças para Ogum para ajudar com o pai, João Silva, durante complicações de saúde (Foto: Thiago Gomes | O Liberal)

Ele ficou internado na UPA da Sacramenta por cinco dias e, depois, teve de ir para o Hospital de Campanha no Hangar. Carla lembra que sentiu que tinha de ficar ao lado do pai e, por isso, ela permaneceu ao lado de seu João por 27 dias no Hangar, "caminhando como um soldado de Ogum lá dentro, eu tinha a obstinação e a certeza de que eu ia sair com o meu pai". Carla se sente uma pessoa corajosa, inclusive, quando, como professora, vai ensinar alguém. "Tenho certeza que o Senhor Ogum me ensinou a ser obstinada e corajosa como ele, por meio dessa aventura que passei com o meu pai", afirmou. Carla e Diego Xavier compuseram a canção "Ogum Megê", em homenagem ao orixá, que foi gravada pela cantora Marisa Black.

Terreiro

O pai de santo Elivaldo Santos informa que no Terreiro Rei Sebastião e Toya Jarina, de Umbanda e Tambor de Mina, às 12h desta terça-feira (23), haverá ritual com tambor e serão encaminhadas oferendas a Ogum. O terreiro funciona na avenida Augusto Montenegro, no bairro do Mangueirão.

"Ogum é um dos orixás mais importantes, ele domina todos os espaços, ou seja, a terra, água, mato, ar, encruzilhadas e cemitérios. É um Orixá Guerreiro, na guerra pela paz. Um filho de Ogum está sempre encarando os desafios da vida", destaca Pai Elivaldo.

Sobre a data de hoje, pai Elivaldo ressalta que se sente muito protegido. Por ser um dos principais orixás, costuma-se pedir a permissão de Ogum para fazer qualquer coisa em qualquer lugar como ação fundamental.

Ervas de Ogum (São Jorge)

No terreiro Ashé Toy Asaká e Oshum, liderado por Mãe Tânia Noshê Humazaká na Cidade Nova, em Ananindeua, todo o mês de abril é dedicado ao santo guerreiro. O espaço recebe pedidos especiais dos devotos e realiza trabalhos com as ervas de São Jorge, que são a popular espada de São Jorge, facilmente encontrada nas casas dos habitantes paraenses, até os pouco religiosos, a aroeira e a pataqueira. Cada uma desempenha uma função na limpeza espiritual.

image Mãe Tânia Noshê Humazaká e seus irmãos de terreiro (Foto: Cláudio Pinheiro | O Liberal)

 

"A aroeira utilizamos para dar força para aquela pessoa que está precisando superar demandas, tomar iniciativa. A espada de São Jorge serve para banhos de descarrego, quando a pessoa está com aquele esmorecimento, tomado por energias pesadas, ela entra limpando, renovando. Já a pataqueira tem a função de atrair, que é quando a pessoa quer realizar, quer fazer acontecer. Então ela tem o magnetismo de atrair, mas claro, mediante a atitude física e mental”, explica a mãe de santo da linha maranhense ‘Tambor de Mina Nagô’

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