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Em cinco meses, Pará contabiliza 350 acidentes com ciclistas; 17 morreram

Quem escolhe a bicicleta como meio de locomoção conta que o desrespeito de outros condutores é muito grande

Camila Guimarães
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A morte do ciclista paraense, Casemiro Nunes de Sousa Filho, de 62 anos, que foi atropelado por um caminhão na quarta-feira (21) na rodovia BR-116, em Porto Alegre (RS), reacendeu debates sobre a vulnerabilidade de quem utiliza a bicicleta como meio de transporte, lazer ou esporte nas cidades. No Pará, o Departamento de Trânsito do Estado (Detran) fez o levantamento do número de acidentes envolvendo ciclistas apenas até o mês de maio deste ano, contabilizando 350 acidentes, mais de um terço do total do ano passado, 830 - valor que já foi 18,9% maior que em 2020, quando 698 ocorrências foram registradas. Desde 2020 até maio deste ano, 129 ciclistas já perderam a vida no trânsito.

A autônoma Bia Viana, de 51 anos, conta que já pedala em Belém há cinco anos para deslocamentos do dia-a-dia, como ir ao supermercado, à academia ou a consultas médicas, mas o desrespeito dos demais condutores é o principal risco que ela enfrenta durante os trajetos:

"Eles não têm o cuidado necessário com a pessoa que está na pedalando, passando muito perto, buzinando para que a gente saia da frente e fique sempre pedalando no meio fio. Não respeitam as ciclofaixas, ultrapassam em alta velocidade e falta fiscalização e punição para esses motoristas infratores, por parte dos órgãos públicos", ela descreve.

Bia lembra quando correu risco de morte ao ser atingida por outro veículo que estava seguindo de modo irregular: "Já sofri um pequeno acidente uma vez: um motoqueiro me bateu de frente. Ele saiu de uma vila, na contra mão, e eu caí de bicicleta e meu pneu dianteiro empenou. Foi um grande susto porque era uma rua de movimento e, se viesse um carro, eu poderia ter sido atropelada por outro veículo e me machucado mais ou até morrido". Bia diz que espera que o trânsito seja mais pacífico e fiscalizado para preservar a vida de quem pedala.

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Outro ciclista que também teve experiência negativa no trânsito foi o servidor público Marcus Lima, de 41 anos. Ele utiliza a bicicleta como meio de locomoção de forma mais frequente há cerca de três anos e vivencia os riscos do trânsito para quem pedala. Algumas vezes ele trafega por longas distâncias, enfrentando perigos em rodovias federais e estaduais, como foi o caso de uma de suas últimas experiências na BR-308, entre a Vila do Cearazinho e a Vila do Patal, próximo ao município de Bragança, no nordeste paraense. Durante a viagem, ele conta que, junto a quatro amigos, foi vítima de desrespeito e ameaça:

"Ouvimos um caminhão buzinando de longe e nós, como sempre, ficamos atentos e passamos a pedalar próximo à faixa branca e em fila indiana, mas, por pouco, não fomos atropelados por esse caminhoneiro irresponsável. Quando o encontramos mais à frente, tentei filmá-lo para registrar a placa do veículo e, para nossa surpresa, o motorista parou o caminhão e veio tirar satisfação dizendo que nós estávamos no meio da pista".

Marcus conta que chegou a discutir com o motorista e alertá-lo sobre a regra do Código de Trânsito, de que veículos devem guardar uma distância de um metro e meio de ciclistas, mas não adiantou. "Frisando o fato de que, nesse mesmo momento, não havia veículo algum vindo no sentido contrário e ele tinha toda a outra pista pra passar bem longe de nós", pontua Marcus."Depois de alguns instantes batendo boca com esse irresponsável, ele nos xingou muito e falou por três vezes que 'da próxima vez, vai passar por cima' e foi embora".

Ao chegar à cidade de Bragança, Marcus e os amigos procuraram a delegacia para realizar a denúncia contra o caminhoneiro em questão. Ele diz que espera apenas respeito: "Sobre as nossas bikes vão pais, mães, doutores, policiais, professores, autônomos, empresários... Pessoas de todas as classes e credos. Exigimos mais respeito para conosco".

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