Educação hospitalar: programa garante escolarização de estudantes em tratamento no Pará
Com as classes do Atendimento Educacional Hospitalar e Domiciliar (AEHD) em hospitais e abrigos públicos, o programa da Seduc atende cerca de 200 crianças e jovens mensalmente, com turmas do ensino fundamental ao médio e até Educação de Jovens e Adultos (EJA)
Mesmo enfrentando longos períodos de hospitalização, estudantes do Pará continuam suas jornadas de aprendizado por meio da educação hospitalar, que alia o tratamento médico ao desenvolvimento escolar. Com as classes do Atendimento Educacional Hospitalar e Domiciliar (AEHD) em hospitais e abrigos públicos, o programa da Secretaria de Estado de Educação (Seduc) atende, em média, 200 crianças e jovens mensalmente nas turmas de ensino fundamental, médio e até Educação de Jovens e Adultos (EJA).]
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As turmas seguem a matriz curricular da Seduc, que é adaptada de acordo com o calendário e as diretrizes da secretaria, de maneira flexibilizada para cada estudante, que recebe um atendimento individualizado e humanizado durante as aulas, como ressalta a coordenadora do Atendimento Educacional Hospitalar e Domiciliar, Eliana Celino. Segundo ela, a modalidade de ensino, vinculada à Coordenadoria de Educação Especial (COEES)), da Seduc, é assegurada pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. O objetivo principal é garantir a continuidade do ensino, sem interrupções.
Em meio à rotina de exames, consultas e procedimentos médicos, na sala de aula, os estudantes têm aulas de todas as disciplinas, desde Língua Portuguesa e Matemática até Educação Física, da mesma forma que no ensino regular. Durante esse processo, a condição em que o paciente se encontra é considerada para que ele tenha um pleno aprendizado. “Temos uma equipe de 40 professores, sendo 20 pedagogos e 20 professores de disciplinas que fazem esse atendimento educacional”, afirma Eliana.
“Cada professor atende um aluno, porque cada aluno é único. Cada um está em um momento diferente de aprendizagem, até porque está passando por uma fase difícil e precisa de um atendimento diferenciado. Na educação hospitalar, eles fazem provas, trabalhos, têm dever de casa, que, no caso, levam para fazer no leito. Passam por um processo de avaliação. Aqueles alunos que não podem se deslocar para a sala de aula, o professor vai até o leito para atendê-los”, explica a coordenadora.
Futuro
Além do atendimento educacional no hospital, a coordenadora do projeto lembra que, após a alta hospitalar, os estudantes também continuam com as aulas em casa, por meio da educação domiciliar. Ela considera que o programa também leva uma perspectiva de futuro. “O programa existe há 20 anos. É um desafio, por conta do momento em que o estudante se encontra. Mas, mesmo assim, procuramos resgatar esse lado deles e mostrar que a vida continua”, comenta ela, ao enfatizar que a iniciativa também leva esperança a esses pacientes que passam por um momento de saúde delicado.
O programa também oferece aulas específicas para os alunos que estão no ensino médio e irão realizar o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), como reforça Eliana. “Já tivemos vários alunos aprovados no Enem. Neste ano, temos cinco alunos que vão prestar o exame. Já fizemos simulados e iremos realizar aulões preparatórios”, conta. Para o futuro, a expectativa é que o programa seja ampliado para outros municípios do Pará, conforme adianta a coordenadora do projeto.
Em Belém, um dos locais onde o programa é realizado é o Hospital Oncológico Infantil Octávio Lobo (Hoiol). Na unidade, a “Classe Hospitalar Prof. Roberto França” recebe estudantes do ensino fundamental e médio, com uma média de 40 crianças e jovens atendidos. Anna Elvira dos Santos, professora de Educação Física, é uma das docentes que lecionam no projeto. Para ela, a Classe Hospitalar exerce um papel importante na vida de cada aluno, mesmo sendo um desafio diário devido ao momento delicado que essas pessoas enfrentam.
A professora detalha que, na rotina da sala de aula, a prática de exercícios, no caso da disciplina dela, é substituída por conteúdos teóricos. Apesar disso, ela diz que é possível ver o avanço dos alunos todos os dias, o que representa uma grande conquista: “Nosso objetivo é atrair e acolher esse aluno, convencendo-o de que esse período vai passar”. Ela complementa: “Há certas situações em que precisamos avançar e retroceder, porque o cognitivo deles, às vezes, é impactado pelas medicações e pelo tratamento”.
Esperança
O local, que pode não ser comumente associado a um ambiente de estudo, faz parte da rotina de aprendizado da pequena Larissa Lima, de 8 anos, que faz tratamento de leucemia no Hospital Oncológico há mais de um ano e, para sua mãe, a trabalhadora de serviços gerais Nisilaura Lima, de 52 anos, as aulas têm sido essenciais para a filha: “Eu sou muito grata a Deus e aos professores que trabalham aqui. Este ano, ela já começou estudando. É muito bom para ela. E eu sempre digo que ela precisa estudar”, conta.
A mãe da criança relata que, apesar de ter que lidar com o tratamento da filha, esse apoio é muito importante durante o processo. Elas vieram do município de Vitória do Xingu e, para Larissa, que está no 2º ano do ensino fundamental, o momento das aulas é repleto de diversão e aprendizado. “Eu gosto muito de estudar e brincar com meus coleguinhas. Eu aprendo a ler, tenho aulas de Matemática, também de pintura, Inglês e sobre as cores”, comenta, destacando que pretende ser médica no futuro.
Projeto
O programa Classe Hospitalar e Atendimento Domiciliar é realizado por meio de convênio e termo de cooperação técnica assinado entre a Seduc e hospitais, casas de apoio e abrigos. A iniciativa é desenvolvida na capital e no interior do Pará. Entre os locais: o Abrigo João Paulo II, Hospital Metropolitano de Urgência e Emergência, Fundação Santa casa de Misericórdia, Fundação Hemopa, Hospital Oncológico Infantil Otávio Lobo, Hospital Barros Barreto, Hospital de Clínicas Gaspar Viana e no Hospital Regional do Baixo Amazonas
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