Descoberta de crânio do 'homem dragão' agita discussões sobre teoria da evolução

O "homem dragão", como acreditam cientistas, pode ser o parente mais próximo do Homo sapiens, inclusive, tirando o lugar de destaque atribuído ao Homo neanderthalensis (o neandertal)

Eduardo Rocha

A descoberta do crânio de um ancestral dos seres humanos na China, datado de 146 mil anos, anunciado nesta semana, agita discussões sobre a evolução dos seres humanos. Para a academia, o achado arqueológico contribui nas pesquisas sobre a evolução humana, já no aspecto religioso, o fato em nada muda a concepção divina do surgimento de homens e mulheres na Terra.

O crânio descoberto, quase completo, no sítio de Harbin foi batizada de Homo longi e é chamado de "homem dragão". Foi encontrado nos anos 30, mas somente agora, analisado, e na sexta-feira (25) dados sobre o achado foram divulgados na revista "The Innovation". A Academia de Ciências da China e do Museu de História Natural de Londres desenvolvem estudos sobre o fato.

O "homem dragão", como acreditam cientistas, pode ser o parente mais próximo do Homo sapiens, inclusive, tirando o lugar de destaque atribuído ao Homo neanderthalensis (o neandertal). Qiang Li, um dos autores do trabalho, afirmou que "o fóssil de Harbin é um dos fósseis de crânio humano mais completos do mundo".

"Esse fóssil preserva muitos detalhes morfológicos que são críticos para entender a evolução do Homo genus e a origem do Homo sapiens", completou Li. O "homem dragão" (crânio apontado como de sexo masculino, de 50 anos de idade), apresenta boca mais larga, órbitas oculares maiores e quase quadradas e dentes grandes em comparação com as do homem moderno. No dia 24, restos mortais de um neandertal foram localizados por pesquisdores israelenses na linhagem Homo arcaicas.

Contribuição

Para o professor Hilton Pereira da Silva, do Programa de Pós-Graduação de Antropologia da Universidade Federal do Pará (UFPA), médico, biólogo, mestre em Antropologia e doutor em Bioantropologia, "cada novo material novo ajuda a escrever a história da evolução da humanidade, como é o caso desse agora, ou seja, abordando os primórdios da nossa espécie". "Ele nos fala da diversidade, da variabilidade dos grupos humanos, mas isoladamente não nos diz tanto, porque não se pode caracterizar uma espécie a partir de um indíviduo apenas. Mas o achado é importante, a partir do uso de tecnologia de análise, e mostra que a espécie humana é como qualquer outra, como aponta o Darwin, é variável; quando se retrocede no tempo se percebe que a variação é muito maior do que se imaginava", salienta o professor, que coordena o Laboratório de Estudos Bioantropológicos em Saúde e Meio Ambiente (Lebios), da UFPA.

O "homem dragão e o fóssil encontrado em Israel, como frisou o professor Hilton, mostram que a espécie humana sempre conviveu com a diversidade, inclusive, com a troca de genes com outros grupos, como é o caso dos neandertais e denisovanos "que conviveram conosco nos últimos 300 mil anos". Segundo o professor, Charles Darwin não fala especificamente da evolução humana na Teoria da Evolução. Na obra "A Origem das Espécies", ele mostra ser comum espécies conviverem em um mesmo espaço, e os seres humanos não fogem a essa regra. Daí que o pesquisador observar que a descoberta do "homem dragão", de forma isolada, não modifica a Teoria da Evolução, agora contribuirá para se entender melhor como funciona o processo evolutivo. Como disse o professor Hilton, há cerca de 150 mil anos havia quatro tipos de hominídeos convivendo na Ásia.

"Espécies que, possivelmente,  foram contemporâneas ao "homem dragão": Homo neanderthalensis, Homo heidelbergensis, Homo erectus, Homo floresiensis, Denisovanos, e Homo sapiens (nós). O achado se soma para mostrar a diversidade do nosso gênero (Homo) e nos ajuda a compreender um pouco mais sobre a história evolutiva da humanidade", arremata o professor Hilton Pereira.

Divina

O cônego Ronaldo Menezes, da Paróquia de São Geraldo Magela, no bairro de Val-de-Cães, destacou que ainda levanta informações sobre o achado arqueológico, mas ressaltou que "em nada contradiz o ato da criação divina".

Como obervou, a Teologia da Criação possibilita o entendimento da origem e desenvolvimento da humanidade a partir de uma ótica situada no campo da fé, e não apenas no olhar do ponto de vista histórico e das características físicas."Não se pode entender esse processo sem Deus", arremata.

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