Conselho alerta sobre uso equivocado do termo “psicólogo em formação”
Nomenclatura também tem colaborado com a prática irregular da profissão. Em 2021, quatro casos foram identificados pelo CRP no Pará

O uso indevido do termo “psicólogo em formação” está induzindo pacientes ao erro e colaborando com o exercício irregular da profissão. O alerta veio do Conselho Regional de Psicologia da 10ª Região - Pará e Amapá (CRP10), que se posicionou sobre o assunto, na última semana, em nota via redes sociais, para alertar a população sobre a importância de diferenciar os profissionais qualificados para atendimento de pessoas que estão oferecendo serviços sem a devida formação.
De acordo com Jureuda Guerra, conselheira presidente do CRP10, o Conselho sentiu a necessidade de se posicionar sobre o uso do termo ao perceber que o engano vinha sendo naturalizado, inclusive dentro de Instituições de Ensino Superior (IES): “Tem sido recorrente as pessoas se apresentarem assim. Os próprios professores de ensino superior têm chamado os alunos desta forma. Mas a gente precisa esclarecer que só é psicólogo quem se inscreve em Conselho de Classe, antes disso você é formando ou graduando”.
Jureuda explica que o termo “psicólogo em formação” se refere exclusivamente a profissionais graduados em Psicologia, inscritos no Conselho de Classe, que estejam fazendo pós-graduação, ou seja, dando continuidade à formação. Antes disso, pessoas que ainda estejam cursando Psicologia devem ser chamadas de “estudantes” ou “graduandos”, e ainda não estão aptas para o exercício da profissão.
O alerta se tornou ainda mais importante após os últimos anos de pandemia, quando cresceu a oferta de serviços de apoio à saúde mental, muitos sem a devida qualificação para atuar, conforme ressalta Jureuda: “Tem muita gente fazendo ‘psicologismo’, trabalhando com ‘achismo’ e isso não é Psicologia. Nós temos um Código de Ética e uma formação e isso precisa ser respeitado”.
A conselheira informa que existe uma comissão de orientação e fiscalização do CRP10 que atua em Belém e em Macapá recebendo e investigando denúncias de exercício ilegal da Psicologia. No último ano, quatro casos notificados foram confirmados pelo Conselho, mas Jureuda garante que o número deve ser muito maior: “Existe uma baixa notificação dos casos, muita gente não sabe que pode denunciar”.
Jureuda explica que, para ter certeza de que determinado serviço é oferecido por um profissional qualificado, o paciente sempre deve checar se existe registro do nome da pessoa no Cadastro Nacional de Psicólogos, disponível para acesso no site do Conselho Federal de Psicologia. Basta inserir o nome do psicólogo no campo de busca para obter a situação cadastral do profissional e o número de registro no órgão. “Até mesmo para o atendimento on-line o psicólogo precisa de registro, no caso, no site e-Psi, do Conselho Federal”.
A representante do CRP10 também alerta sobre os riscos e as consequências da atividade ilegal da Psicologia, tanto para quem exerce, quanto para quem se consulta com uma pessoa não-habilitada: “A pessoa que não estudou, não está apta para fazer aquela escuta. Então, quem está em sofrimento e em busca de ajuda e pode acabar recebendo uma fala atravessada, com sugestões equivocadas, com julgamento moral, provocando a gravidade do caso do paciente, inclusive o suicídio. Por isso é importante investigar se o dito psicólogo tem o registro no Conselho e, caso não tenha, que a denúncia seja feita, e ele será responsabilizado legalmente”.
Como saber se um profissional é qualificado?
É preciso que ele tenha registro no Conselho de Classe. A informação pode ser checada no cadastro de profissionais do site do Conselho Federal de Psicologia (CFP). O mesmo vale para quem oferece serviços pela internet. No caso, também é preciso consultar o cadastro no site e-Psi do CFP.
Como denunciar casos de irregularidades?
Ao perceber o exercício irregular da Psicologia, qualquer pessoa pode fazer a denúncia pelos e-mails: soe@crp10.org.br ou cof@crp10.org.br.
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