Câncer Infantil: conheça sinais de risco da doença em crianças

A data reforça a importância do diagnóstico precoce e tratamento

Laís Santana

Nesta terça-feira (15) é celebrado o Dia Internacional de Combate ao Câncer Infantil, data dedicada a conscientização e educação sobre o câncer na infância. No Brasil, a doença já é a principal causa de morte entre a faixa etária de 0 a 19 anos. Somente no Pará, foram registrados 320 casos em 2021, frente a 466 ocorrências em 2020, de acordo com o Painel de Oncologia do Ministério da Saúde.

Há 6 meses, o pequeno Jhonata Gabriel, de apenas 3 anos, enfrenta o tratamento contra a Leucemia Mieloide Aguda (LMA), no Hospital Oncológico Infantil Dr. Octávio Lobo (HOIOL), referência em câncer infantojuvenil no Norte do país. A doença foi descoberta pela família após a criança apresentar um sangramento pelo nariz e ser levada para Unidade de Pronto Atendimento (UPA) em Abaetetuba, cidade onde mora. Após alguns exames, o menino e a mãe, Karoline Côrrea, foram encaminhados para o hospital especializado na capital paraense.

“Foi descoberto que ele nasceu com a doença, só que a gente jamais poderia imaginar que era o câncer. No começo foi bem difícil, o choque abalou a minha família inteira. Eu me recordo que no começo eu me desesperei, mas busquei me apegar a Deus e lançar todas as minhas preocupações sobre Ele e seguimos aqui na luta”, afirma Karoline.

Apesar de ser um tratamento agressivo, Jhonata tem respondido bem as medicações, tanto que teve alta na semana passada, depois de dois meses internado. “Os médicos falam que da forma como ele chegou no hospital, para o tipo de câncer que ele tem, a criança ‘fica pelo meio do caminho’, mas só que o corpo dele estava estável, apesar da doença estar avançada. Eles sempre falam que ele é uma criança muito forte mesmo em meio a todas as adversidades”, revela a mãe.

Hoje mãe e filho estão abrigados na Casa Ronald McDonald Belém, instituição sem fins lucrativos que recebe crianças e adolescentes vindos do interior e de outros Estados para tratamento oncológico no HOIOL em Belém. A Casa possui 35 suítes, 09 salas de convivência, brinquedoteca, auditório, refeitório, sala para oficinas de diversas atividades, além de áreas de cunho administrativo. Durante o ano são desenvolvidas várias ações e campanhas para captação de recursos visando a sustentabilidade da Casa, sendo a mais importante o McDia Feliz que ocorre anualmente, no mês de agosto. 

Karoline Côrrea ressalta que a data internacional de reforçar o combatea ao câncer na infância é importante, pois representa a renovação da fé que muitas famílias tem na cura de seus filhos. “A gente abre mão de muitas coisas, mas a nossa prioridade é ver eles bem. Não importa o que ficou pra trás, o que importa é olhar para frente e ter a esperança de que dias melhores virão.“

 

image O pequeno Jhonata Gabriel vem enfrentando a luta contra um tipo raro de câncer (Cláudio Pinheiro / O Liberal)

Como diagnosticar fatores de risco para o câncer infantil

Para os especialistas, a melhor forma de combater a doença é com diagnóstico precoce. A médica hematologista Fernanda Cordeiro explica que por se tratar de proliferação celular anormal, quanto mais cedo se faz o diagnóstico maior a chance do tratamento levar a cura. "Hoje em dia a oferta de exames e o conhecimento vem crescendo cada vez mais facilitando o diagnóstico precoce", ressalta. 

"Deve ser feito acompanhamento com pediatra em consultas de rotina, um exemplo de exame simples e barato e que pode detectar indicios de câncer é o hemograma", alerta a especialista. 

A médica oncologista pediátrica Sweny Marinho, do HOIOL, pontua que é fundamental estar atento aos mínimos detalhes quando se trata da saúde do público infantojuvenil.

“Sempre digo que é muito importante que os pais e responsáveis tenham um olhar mais atento no cuidado com as crianças e jovens, para identificar os mínimos sintomas daquilo que possivelmente esteja errado. Sem isso, é impossível obter sucesso para um diagnóstico precoce”, afirma a médica.

Os tumores mais frequentes na infância e na adolescência são as leucemias (que afetam os glóbulos brancos), os que atingem o sistema nervoso central e os linfomas (sistema linfático).

Também acometem crianças e adolescentes o neuroblastoma, tumor de células do sistema nervoso periférico, frequentemente de localização abdominal; tumor de Wilms, tipo de tumor renal; retinoblastoma, afeta a retina, fundo do olho; tumor germinativo, das células que originam os ovários e os testículos; osteossarcoma, tumor ósseo; e sarcomas, tumores de partes moles.

De acordo com a Secretaria de Estado da Saúde do Pará (Sespa), em 2021, os cânceres com maior incidência foram leucemia linfóide, com 146 casos, seguido  de Doença de Hodgkin, com 13 casos, e neoplasia maligna dos ossos e cartilagens articulares dos membros, com 13 casos.

A médica oncologista destaca ainda que os sinais e sintomas do câncer infantojuvenil se confundem com os sinais de doenças que costumam aparecer no período da infância, como infecções, dificultando o diagnóstico correto. “Por isso, há necessidade de um olhar treinado e apto a identificar mínimas alterações”, reforça Sweny.

Alguns dos principais sintomas de alerta são: Palidez e hematomas; aumento do abdômen; persistência de dores de cabeça acompanhada de vômito, que ocorrem pelo período da manhã; perda de peso sem explicação; dor em membro ou dor óssea; sangramento na gengiva; tonturas; pupila branca, manchas ou inchaço ao redor dos olhos; cansaço, sonolência ou mudanças de comportamento; caroços ou inchaços (indolores e sem febre); infecções, febre e tosse persistentes, e suor excessivo à noite.

image O Hospital Oncológico Infantil Octávio Lobo é referência no tratamento do câncer em crianças (Ricardo Amanajás / Agência Pará)

Programação em unidades especializadas trazem conscientização sobre o câncer infantil

Para celebrar o Dia Internacional de combate ao Câncer Infantil, o Hospital Oncológico Infantil contará com uma programação especial, com uma roda de conversa com especialistas e ação teatral sobre alimentação saudável para os pequenos.

A unidade, que pertence ao governo do Estado do Pará, oferece atenção a crianças e adolescentes com câncer entre 0 e 19 anos, atendendo cerca de mil pacientes por mês. Em 2021, o hospital realizou mais de 341 mil atendimentos entre serviços ambulatoriais, consultas, exames, cirurgias, quimioterapias, dentre outros. No Estado, o tratamento especializado também é disponibilizado no Hospital Regional do Baixo Amazonas (HRBA) em Santarém.

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