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Imprensa completa 200 anos no Pará

O primeiro jornal a circular foi o "O Paraense", impresso na máquina de tipografia trazida de Portugal, pelo advogado Felipe Alberto Patroni Martins Maciel Parente. 

Laís Santana
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200 anos, numa quarta-feira, dia 22 de maio de 1822, começava a circular na província do Grão-Pará, o que hoje corresponde ao território da Amazônia, o jornal "O Paraense", primeiro jornal impresso de Belém, do Pará, da Amazônia brasileira e o quinto do Brasil. O periódico foi viabilizado pela máquina de tipografia trazida de Portugal, pelo advogado Felipe Alberto Patroni Martins Maciel Parente, que saiu de Belém para estudar na cidade de Coimbra, em Portugal. Já de volta as terras paraenses, Patroni passou editar o jornal pioneiro sob influência da Revolução Liberal do Porto e a instituição da Lei de Liberdade de Imprensa em Portugal, em 4 de julho de 1821, momentos determinantes na convicção político-intelectual de seu fundador. Em sua primeira edição, O Paraense trouxe parte da lei editada por Portugal falando da liberdade de expressão.

Com circulação inicial as quartas e sextas-feiras, O Paraense possui a uma linha editorial liberal, defensora da ordem constitucional e da autonomia brasileira frente ao domínio lusitano, o que incomodou os líderes da época. "Quando chegou em Portugal, em 1821, Felipe Patroni começou a se interessar por questões politicas e daí ele começou a publicar em jornais de Lisboa. Nesse momento acontecia algo que foi chamado de Movimento Vintista, que teve origem na Espanha, pregava a liberdade de imprensa, liberdades individuais, ou seja, uma outra forma de se portar principalmente no trato da liberdade de expressão. Com a criação do jornal O Paraense ele passa a atacar o governo da província e a elite que apoiava o Governador das Armas, representante de Lisboa, sendo muito crítico as posturas, as decisões e encaminhamentos", explica Netília Silva dos Anjos Seixas, professora do Instituto de Letras e Comunicação da Universidade Federal do Pará (ILC/UFPA). 

image Professora Netília Seixas, da UFPA (Foto: Thiago Gomes / O Liberal)

Para se verem livres de Felipe Patroni, o governo da província faz com que Portugal emita uma carta de prisão contra o editor d'O Paraense que foi preso e levado para a Fortaleza de São Julião, em Lisboa. Neste momento, o cônego João Batista Gonçalves Campos assume o jornal no lugar de Patroni. "Felipe Patroni tinha uma veia iluminista, já o Batista Campos não, ele tinha um linguajar claro, sem o apoio de grandes autores que Patroni buscava, ambos apresentando concepções de como deveria ser a administração da província, uma administração mais próxima da população", descreve a pesquisadora.

Após o editor Batista Campos ser também preso, o cônego Silvestre Antônio Pereira da Serra ficou a frente d'O Paraense. Por conta das críticas ao governo da época, o jornal pioneiro foi publicada até a 70ª edição, sendo empastelado em fevereiro de 1823 após provocar as autoridades militares pró-domínio português. Em seguida, O Paraense deu lugar ao jornal Luso Paraense que publicava as questões do governo. 

De acordo com a professora Netília Silva dos Anjos Seixas, de 1820 a 1850 foram criados 105 jornais em toda província, período que representa o estabelecimento da imprensa no Pará. "Nós temos um aumento desses jornais da década de 20 que foram 11 jornais criados para a de 30 que foram 29, na de 40 nós temos um número que diminuiu porque é um período pós-cabanagem, de uma realidade muito dura, os jornais ainda existiram, mas em número menor. Na década de 50 esse número aumenta para 44 jornais, momento de divisão da província, criação da província do Rio Negro (Amazonas) e a província do Pará. Esse foi um fenômeno geo-politica onde a imprensa também enfrenta mudanças, acontece uma descentralização do trabalho da imprensa", afirma. O primeiro jornal impresso criado no interior do Pará, teria sido registrado no município de Vigia. 

 Em 1853 foi registrada a fundação do primeiro jornal de circulação diária e de maior duração do século XIX, o Diário do Grão-Pará. "Nós passamos a ter em meados do século XIX efetivamente o estabelecimento de uma imprensa na região porque outros jornais diários passam a ser criados que significa que, de uma forma ou de outra, mesmo que fosse para posicionamentos políticos, esses jornais se mantinham, isso quer dizer que essa imprensa foi se profissionalizando, os jornais começam a variar suas editorias, passam a ter mais pessoas trabalhando, aumentam o número de páginas, podemos dizer que essa foi a época do nascimento do jornalista como profissional da imprensa", destaca Netília Silva dos Anjos Seixas. 

O Liberal é o jornal mais longevo

O final do século XIX também foi marcado pela criação de jornais que se tornaram referência para a região, como o jornal A Província do Pará (1876 -2002), considerado o periódico de maior duração do Estado, e o jornal Folha do Norte, segundo jornal de maior duração do Pará, lançado em 1896 e encerrado em 1974, um ano depois de ter sido comprado pelo empresário Romulo Maiorana. Atualmente, o jornal O Liberal é classificado como jornal de maior duração do século XX. 

Na avaliação da professora Netília Silva dos Anjos Seixas, atualmente existem transfigurações tecnológicas, transfigurações de processos e transfigurações do jornalismo, que podem reforçar a ideia de que o jornal impresso pode acabar um dia, mas isso está longe de acontecer. É por isso que diante das transformações, jornais impressos como O Liberal buscam inovar para se manter no mercado. 

"Nesse contexto está o jornal O Liberal que está tentando acompanhar essas alterações, buscando permanecer no mercado, alterando formatos, aumentando o número de páginas, alterando formas de tratar as notícias, justamente buscando por essa permanência no mercado. Eu ainda acredito que o jornalismo é fundamental para a sociedade, quem faz jornalismo são empresas jornalisticas, por isso eu gostaria muito que essa minha expectativa seja positiva e que os jornais permaneçam. Eu acredito que a empresa esteja buscando modelos de negócio para permanecer no mercado", acrescenta a pesquisadora. 

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