Casos de câncer de próstata diminuem no Pará, mas número de mortes aumenta, aponta Sespa

O diagnóstico precoce é fundamental para o sucesso do tratamento; a detecção e o encaminhamento de casos suspeitos podem ser feitos em qualquer unidade básica de saúde

Dilson Pimentel
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O número de casos de câncer de próstata diminuiu no Pará. Mas, em compensação, aumentou o número de óbitos causados pela doença. É o que apontam os dados da Secretaria de Estado de Saúde Pública, com base no Painel de Oncologia do Ministério da Saúde. Em 2023, o estado registrou 668 casos de neoplasia maligna da próstata e 431 mortes. Em 2024, os casos caíram para 585, mas o número de óbitos subiu para 456. Já em 2025, até o mês de agosto, foram contabilizados 232 novos diagnósticos e 323 mortes.

A Sespa reforçou que o diagnóstico precoce é fundamental para o sucesso do tratamento. A detecção e o encaminhamento de casos suspeitos podem ser feitos em qualquer unidade básica de saúde, que realiza o primeiro atendimento e direciona os pacientes para as policlínicas ou unidades de referência com atendimento em urologia oncológica, conforme o Protocolo Estadual de Acesso à Média e Alta Complexidade em Oncologia.

O tratamento de alta complexidade pelo Sistema Único de Saúde (SUS) é ofertado nos hospitais de referência como Hospital Ophir Loyola e Hospital Universitário Barros Barreto, em Belém; Hospital Regional de Castanhal; Hospital Regional do Baixo Amazonas (HRBA), em Santarém; Hospital Regional de Tucuruí.

Uma pesquisa nacional revelou que 59% dos homens brasileiros não costumam consultar esse especialista regularmente. É, portanto, um cenário preocupante em relação à postura dos homens brasileiros com a própria saúde. Novembro Azul é uma campanha global que busca conscientizar os homens sobre a prevenção. O câncer de próstata é o tipo de câncer mais comum entre os homens. O levantamento foi feito pelo feita pelo Instituto Lado a Lado pela Vida.

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image Oncologista Sandro Cavallero: "Vejo homens que se preocupam com a saúde de todos à sua volta - da esposa, dos filhos, dos pais -, mas negligenciam a própria saúde" (Foto: Leg)

Foram entrevistados 2.405 homens de todas as regiões do País. Apesar daquele percentual, a maioria dos entrevistados reconheça o médico urologista como o principal responsável pela saúde masculina. A falta de cuidado com a própria saúde é confirmada por uma pesquisa feita pela Sociedade Brasileira de Urologia. O levantamento da SBU constatou que 46% dos homens só vão ao médico quando sentem algo. A displicência masculina fica mais evidente quando comparamos com as mulheres.

É cultural. Desde a adolescência, a menina é levada pela mãe ao ginecologista e, normalmente, a mulher é acompanhada por esse especialista pelo resto da vida. Assim, as chances de uma mulher descobrir um problema de saúde logo no início são bem maiores do que as do homem. Foi com o objetivo de conscientizar os homens sobre a importância da prevenção e dos exames de rastreamento que foi criada a campanha Novembro Azul, direcionada para o diagnóstico precoce do câncer de próstata.

Câncer de próstata: números alarmantes no Brasil

O câncer de próstata representa 29% de todos os casos de câncer no sexo masculino, no Brasil. Segundo o Instituto Nacional de Câncer (INCA), mais de 71 mil brasileiros descobrem que têm câncer de próstata por ano, totalizando de 196 diagnóstico por dia. O número de mortes é elevado. Cerca de 17 mil por ano. Um dos principais motivos é o diagnóstico tardio, que significa tratamentos mais invasivos e menores chances de cura. 20% dos casos são diagnosticados em estágios avançados.

"Vejo homens que se preocupam com a saúde de todos à sua volta - da esposa, dos filhos, dos pais -, mas negligenciam a própria saúde", disse o oncologista Sandro Cavallero. "A revisão do carro não deixam de fazer, mas o checkup da própria saúde quase sempre é esquecido. Muitos homens passam anos sem ir a uma consulta com o urologista. Não há nada de constrangedor em cuidar da própria saúde. Na verdade, deixar o preconceito vencer significa, literalmente, colocar a vida em risco desnecessário", afirmou o médico. Ainda de acordo com levantamento da Sociedade Brasileira de Urologia, entre os homens com 50 anos ou mais, 45% nunca realizaram exames de rastreamento do câncer de próstata.

Rastreamento é a chave para salvar vidas

O rastreamento do câncer de próstata consiste em realizar exames e consultas periódicos mesmo sem apresentar sintomas. Essa é justamente a grande chave para salvar vidas, pois, por ser uma doença silenciosa, o câncer de próstata frequentemente não apresenta sinais em suas fases iniciais, quando as chances de cura são maiores. Segundo a Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC), o protocolo inclui: Exame de PSA (antígeno prostático específico) sérico; Toque retal, de acordo com orientação médica.

Juntos, esses procedimentos podem dar uma grande vantagem para o paciente que venha a apresentar a doença, por facilitar o diagnóstico precoce. Como regra geral, o rastreamento deve ocorrer em consultas anuais com um urologista, mas as recomendações são específicas de acordo com o perfil de risco de cada um, pois existem homens que possuem o chamado risco aumentado para a doença. São homens com histórico familiar de câncer de próstata (com pai ou irmão que deve a doença antes dos 60 anos), homens que já tenham tido câncer antes, obesos e homens da raça negra (não se sabe a razão, mas as pesquisas mostram que as possibilidades de ter a doença são maiores).

Assim, homens com risco aumentado devem iniciar o rastreamento já a partir dos 40 anos. Os outros devem seguir a regra geral: começar com 45 anos. "A população como um todo deve entender a importância de uma rotina de exames de rastreamento, justamente porque muitas vezes é a família que faz o homem procurar um médico", ressaltou o médico Sandro Cavallero.

Desta forma, o médico contou que a campanha Novembro Azul também é voltada para orientação e conscientização de familiares e amigos de quem é o público-alvo principal, pois, mesmo com os avanços recentes na oncologia – que incluem terapias personalizadas, radiofármacos e medicamentos de nova geração –, nenhuma inovação supera os benefícios da prevenção. Segundo o oncologista, além dos exames, ter um estilo de vida saudável é muito importante, reduz as chances de ter a doença. É essencial evitar o tabagismo, manter uma boa alimentação e combater a obesidade e o sedentarismo, praticando exercícios físicos regularmente. É o que a medicina chama de Prevenção Primária.

"A verdade é que a prevenção ainda é a melhor opção para os pacientes. Evitar a doença garante mais tempo para este homem ao lado da família e com a qualidade de vida que apenas a adoção de hábitos saudáveis pode promover", finaliza o especialista.

“Se já estiver na idade indicada, faça o exame”, diz paciente

Paulo Roberto Alves dos Santos, 63, descobriu o câncer de próstata em estágio avançado, aos 47 anos, após sentir dificuldades para urinar. Contou ter buscado atendimento médico por conta própria logo após o aparecimento do sintoma. Ele apresentou uma alteração na próstata já sensível ao exame de toque retal e confirmou o diagnóstico após o PSA e a biópsia.

Antes disso, Paulo nunca havia buscado exames de rastreamento. Segundo ele, por falta de informação, já que pensava que era necessário ter sintomas para buscar orientação médica. Atualmente, Paulo alerta outros homens de seu círculo social sobre a doença, principalmente sobre a rotina anual de exames, mesmo sem sintomas.

"Se tornou uma obrigação para mim passar essa informação para os colegas. Faço questão de passar essa experiência para eles não passarem pelo que eu passei", contou Paulo, que ainda vê o preconceito como uma forte barreira que afasta homens dos exames. "Eu recebo muitas perguntas principalmente sobre os sintomas, se eu sentia algo e sempre deixo claro que a busca pela doença precisa ser antes de qualquer sintoma aparecer. Se já estiver na idade indicada, faça o exame”, orientou.

 

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