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Câncer de próstata: falta de cuidados com a saúde entre os homens dificulta diagnóstico precoce

Seis em cada 10 homens no Brasil só procuram um médico quando os sintomas estão insuportáveis

Dilson Pimentel
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O Dia Mundial de Combate ao Câncer de Próstata é comemorado nesta quinta-feira (17). E ainda há preconceito contra os exames de rastreamento para esse tipo de câncer. Seis em cada 10 homens no Brasil só procuram um médico quando os sintomas estão insuportáveis.

É o que mostra uma pesquisa do Centro de Referência da Saúde do Homem da Secretaria da Saúde do Estado de São Paulo, em parceria com a Fundação Oswaldo Cruz. A consequência é que 20% dos pacientes com câncer de próstata são diagnosticados em estágios avançados da doença.

Em 2021, foram registrados 410 casos de neoplasia maligna de próstata no Pará, seguidos de 162 novos casos entre 1º de janeiro e 15 de outubro deste ano. Em 2019, foram registrados 420 casos da doença, seguidos de 312 em 2020. Os dados são da Secretaria de Estado de Saúde Pública do Pará (Sespa). 

O câncer de próstata é o segundo mais incidente em homens, no Brasil, depois do câncer de pele não melanoma, segundo estimativas do Instituto Nacional do Câncer (Inca). Câncer é sinônimo de neoplasia maligna.

No Pará, a doença lidera os casos de câncer em homens. De acordo com o Inca, 930 novos casos de câncer de próstata devem ser registrados na população paraense neste ano de 2022.

E “Novembro Azul” é o mês dedicado ao combate ao câncer de próstata, que, no Brasil, mata um homem a cada 40 minutos, segundo os dados mais recentes do Instituto Nacional do Câncer (Inca).

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Aposentado achava uma "deselegância" fazer o exame

“Sempre achei uma deselegância”. É assim que o aposentado Walter Damasceno, de 83 anos, se refere à necessidade de fazer o exame de toque retal, para identificar o câncer de próstata.

Ele é o exemplo de uma geração de homens em que era comum ter resistência a esse tipo de exame e só iam ao médico “obrigados”. A partir dos 40 anos, o senhor Walter começou a fazer o exame preventivo anual porque a empresa onde trabalhava exigia. “Fazia todos os anos, mas não gostava”, disse.

A rotina de saúde foi interrompida quando ele parou de trabalhar. Por sorte ou destino, com o avanço da idade, passou a ir ao cardiologista, que pedia o PSA entre os exames periódicos. Foi assim que a alteração foi percebida.

“Na época, o cardiologista me recomendou a voltar ao urologista e descobri que estava com câncer de próstata”, contou Walter Damasceno. A doença foi diagnosticada bem no início e pôde ser tratada sem precisar de intervenções mais agressivas.

Há cerca de oito anos, o seu Walter faz o controle da doença a cada seis meses para verificar se o tumor tem alterações. “Graças a Deus, o diagnóstico foi precoce e estou bem”, disse o aposentado.

Descuido com a saúde retarda a detecção de muitas doenças

Esse descuido com a saúde retarda a detecção de muitas doenças. “Ainda não existe no Ministério da Saúde um programa específico de saúde do homem, com protocolos de rastreamento. Seguimos as diretrizes e recomendações da Sociedade Brasileira de Urologia, que é de pelo menos um exame de toque retal e um exame de PSA por ano, para homens a partir dos  50 anos",  explicou o urologista Gilflávio Normandes, do Centro de Tratamento Oncológico.

"Nos casos em que há um risco maior, esse intervalo diminui para seis meses, a partir dos 45 anos. Fazemos um rastreamento por idade”, completou.

O câncer de próstata é o 2º tumor mais frequente entre os homens, após os tumores de pele (não-melanoma). No Brasil, acontece, em média, um diagnóstico de câncer de próstata a cada sete minutos, e uma pessoa morre por causa da doença a cada 40 minutos.

image A imagem mostra a Campanha Novembro Azul, realizada, no ano passado, em Ananindeua (Leandro Santana/Ascom Ananindeua)

Toque retal é importante para identificar possíveis alterações na próstata

A mortalidade por câncer de próstata atinge 25% dos pacientes. Esse percentual poderia ser menor se todos os casos fossem detectados com antecedência. Apesar de ainda ser motivo constrangimento para muitos homens, o toque retal é importante para identificar possíveis alterações na próstata.

Cerca de 20% dos pacientes com câncer de próstata são diagnosticados somente pela alteração no toque retal. O exame de sangue para detectar o nível do PSA é o outro exame muito importante.

Segundo a estimativa do INCA, em 2022 serão diagnosticados mais de 65 mil novos casos de câncer de próstata no Brasil. Com o diagnóstico precoce, as chances de cura são de 90%.

Ausência de dor ou desconforto nem sempre é sinal de saúde

Quando os sintomas começam a aparecer, 95% dos casos já estão em fase adiantada. Por isso, é fundamental realizar exames periódicos, mesmo que não exista nenhum incômodo aparente.

A campanha do Novembro Azul de 2022 chama a atenção desses homens que negligenciam o autocuidado. O lema deste ano - “Cuide do que é seu” - é um alerta à população masculina, de que 11% dos homens vão desenvolver o câncer de próstata e, por isso, é preciso prevenir e fazer exames periódicos.

Ao contrário do que muitos pensam, ausência de dor ou desconforto nem sempre é sinal de saúde. Até porque o câncer de próstata se instala de maneira silenciosa. Na fase inicial, ele não apresenta sintomas.

Nas fases avançadas do câncer de próstata, os sintomas são: dor, ardor ou dificuldade de urinar; sensação de não conseguir esvaziar completamente a bexiga, dor ao ejacular, presença de sangue na urina e dor óssea - sinais que só se manifestam nos casos mais graves.

Conheça os fatores de risco

A idade é um dos fatores de risco, cerca de 62% dos casos são de homens a partir dos 65 anos. Além disso, o histórico familiar também influencia. “Homens que têm parentes de 1º grau, como pai ou irmão, que tiveram câncer de próstata antes dos 60 anos, ou mesmo mulheres na família, como a mãe, que tenha tido câncer de mama, o risco é aumentado. O mesmo acontece com homens da raça negra, que tem uma incidência maior da doença”, explicou Gilflávio Normandes.

Os fatores relacionados com o estilo de vida também aumentam o risco para a doença: alimentação inadequada, à base de gordura animal e deficiente em frutas, verduras, legumes e grãos; sedentarismo e obesidade.

Diagnóstico precoce aumenta chances de cura

A melhor forma de aumentar extremamente as chances de cura do câncer de próstata é o obter diagnóstico precoce. É importante que os homens marquem uma primeira consulta com o urologista até os 40 anos, para investigar se há doenças ou alterações no trato urinário e sistema reprodutor.

No caso do câncer de próstata, embora o maior número de casos apareça após os 55 anos, exames específicos para identificar a presença do tumor devem ser feitos a partir dos 50 anos e repetidos anualmente.

A indicação da melhor forma de tratamento vai depender de vários aspectos, como estado de saúde atual, estadiamento da doença e expectativa de vida. 

 

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