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Câncer de próstata: no Pará, doença lidera os casos de câncer em homens

No Brasil, doença mata um homem a cada 40 minutos, segundo o Instituto Nacional do Câncer

Dilson Pimentel

Em 2021, foram registrados 410 casos de neoplasia maligna de próstata no Pará, seguidos de 162 novos casos entre 1º de janeiro e 15 de outubro deste ano. Em 2019, foram registrados 420 casos da doença, seguidos de 312 em 2020.

Os dados são da Secretaria de Estado de Saúde Pública do Pará (Sespa). O câncer de próstata é segundo mais incidente em homens, no Brasil, depois do câncer de pele não melanoma, segundo estimativas do Instituto nacional do Câncer (Inca). Câncer é sinônimo de neoplasia maligna.

No Pará, a doença lidera os casos de câncer em homens. De acordo com o Inca, 930 novos casos de câncer de próstata devem ser registrados na população paraense neste ano de 2022.

E “Novembro Azul” é o mês dedicado ao combate ao câncer de próstata, que, no Brasil, mata um homem a cada 40 minutos, segundo os dados mais recentes do Inca.

O câncer de próstata, tipo mais comum entre os homens, é a causa de morte de 28,6% da população masculina que desenvolve neoplasias malignas. A próstata é uma glândula do sistema reprodutor masculino, que pesa cerca de 20 gramas, e se assemelha a uma castanha. Ela localiza-se abaixo da bexiga e sua principal função, juntamente com as vesículas seminais, é produzir o esperma.

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Campanha da Sespa tem, como slogan, "Te cuida maninho"

E a Sespa alerta sobre cuidados com a saúde do homem durante o "Novembro Azul". Com o slogan "Te cuida maninho", a campanha sensibiliza os usuários e também profissionais de saúde abordando temas como mudança de estilo de vida, pré-natal do pai/parceiro, cessação de tabagismo e bebidas alcoólicas.

Mais: redução do consumo de açúcar e alimentos industrializados, estímulo a perda de peso no combate a obesidade/sobrepeso, prática de exercícios físicos, cuidados com a saúde mental, saúde no trânsito e prevenção a violência contra mulher.

A Sespa informou que, com a pandemia, observou a procura mais assídua aos espaços de saúde, seja para prevenir ou até mesmo procurar diagnóstico ou tratamento a algum sintoma.

Homens na faixa etária de 49 a 69 anos costumam ter mais atenção com sua saúde e o nosso desafio e fazer com que os homens jovens possam ter essa consciência também.

A partir de 50 anos é a nossa idade de risco, diz médico oncologista

O Dr. Luis Eduardo Werneck é médico especialista em oncologia pela Sociedade Brasileira de Cancerologia e Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica. Sou PDH em Oncologia e sou vice-presidente da Sociedade Brasileira de Cancerologia. “O câncer de próstata ele normalmente atinge homens e, claro, somente homens. A partir de 50 anos é a nossa idade de risco, atingindo o seu pico aos 68 anos pelos últimos estudos brasileiros”, disse.

O câncer de próstata é uma doença de pessoas mais velhas. Mas já se nota, nos estudos mundiais, que há um aumento da incidência nas faixas acima de 70 anos, e por um motivo bem específico: as pessoas estão vivendo mais tempo. E, também quanto mais se vive, mais chance de se ter câncer de próstata. Além disso está havendo um aumento na incidência de doença em pessoas mais jovens, mesmo abaixo de 50 anos, possivelmente, não se sabe ainda, por fatores comportamentais e fatores do ambiente.

Descobrindo cedo, a chance de cura da doença é de 100%

O Dr. Luis Eduardo Werneck disse que existe um certo preconceito com relação ao exame para detectar o câncer de próstata. “Impedir que ele aconteça é impossível. Algumas pessoas vão desenvolver câncer de próstata. Já que não há como impedir, a melhor maneira é detectar de maneira precoce. Ou seja: descobrir cedo, no início, porque a chance de cura é de 100%. Impedir não se pode, mas prevenir se pode”, afirmou.

Todos os pacientes que descobrem no início podem ficar curados. O tratamento é menos caro, é muito mais barato, e demora muito menos tempo, além de ser muito menos agressivo, acrescentou. 

O homem deve realizar o exame a partir dos 45 anos, se houver um caso de câncer na família, ou a partir dos 50 anos, se não houver nenhum caso de câncer de próstata na família.

São dois exames no mínimo: o de toque e o exame de dosagem do PSA no sangue. “Não tem nenhuma serventia fazer só um deles, porque, se o PSA tiver alto, pode ser por outras razões. Pode ser prostatite (inflamação da próstata) ou hiperplasia benigna (que não é maligna) da próstata, que ocorre em muitas pessoas acima dos 60 anos.

image O Dr. Luis Eduardo Werneck é médico especialista em oncologia pela Sociedade Brasileira de Cancerologia e Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica: “O câncer de próstata ele normalmente atinge homens e, claro, somente homens. A partir de 50 anos é a nossa idade de risco, atingindo o seu pico aos 68 anos pelos últimos estudos brasileiros” (Sidney Oliveira /O Liberal)

Para 2023, e no Brasil, são esperados quase 73 mil novos casos

O médico disse que a questão da masculinidade, no Brasil, é muito exarcebada. “Primeiro: médico não tem sexo. Médico é médico. Segundo: o médico está sempre acompanhado na sala, caso seja de conveniência do paciente. A posição é deitado, de lado, ninguém fica em posição vexatória, ajoelhado. É uma posição de examinar o outro. Medicina é exercida com amor. Isso tem que ser dito para acabar com esse preconceito que vai matar um homem a cada 40 minutos no Brasil”, afirmou.

Para 2023, e no Brasil, são esperados 72 mil e 800 novos casos, fora as que já têm câncer de próstata e estão se tratando. Essa realidade não muda muito em relação ao Pará. 

Ainda segundo o Dr. Luis Eduardo Werneck, no Brasil um homem morre a cada 40 minutos no Brasil. “E nós vamos dobrar o número de casos nos próximos 15 anos, no mundo. Não quer dizer que vai dobrar o número de mortes, porque os tratamentos estão ficando melhores e as pessoas também estão fazendo mais exames e descobrindo mais cedo”, afirmou.

"A genética influencia sim. Quem tem parente com câncer de próstata, especialmente se ele for abaixo dos 50 anos de idade, pode aumentar a chance em 6 a 8 vezes de ter a câncer. Esse é um fator de alerta muito importante", completou.

Câncer de próstata não dói e nem coça, alerta oncologista

Ele disse que o câncer de próstata não dói, não coça, não dá nenhum tipo de sinal até que ele esteja completamente disseminado. Há alguns sinais: o jato urinário fica mais fraco, o homem faz xixi e para.

Ele também pode ter a sensação de que acabou de fazer xixi e quer fazer mais um pouco. “Mas, se for pensar bem, isso acontece com quase todos os homens a partir dos 50 anos. Então não tem sinais ou sintomas que são diferenciais”, disse.

O médico também disse que as mulheres têm um papel social importante. “Elas que levam os homens ao médico, elas que encorajam. Levar o seu companheiro ao médico é um ato de amor, de carinho e de cuidado”, disse. "Meu recado: ir ao especialista pelo menos uma vez ao ano a partir de 40 anos. Todo mundo que tem câncer, e seja homem, um a cada três vai morrer de câncer de próstata", disse.

O tratamento mais novo é a imunoterapia, que usa o próprio sistema de defesa do organismo para combater o câncer. “Tem muitos medicamentos novos para quando o câncer já está espalhado (metástase), e a gente já consegue hoje curar metástases. Paciente que já tinha câncer disseminado, não andava mais, cadeira de rodas, acamado, volta a andar, volta a dirigir, participa de maratona. Isso é real. É fato com a medicina moderna. E nós fazemos isso aqui já em Belém”, disse.

image “Por causa da minha idade, todo ano a gente tem que fazer esse check-up”, disse o professor José Emílio Almeida, de 59 anos. “De cada três mortes por câncer, duas são por câncer de próstata. Então todo cuidado é pouco. A partir dos quarenta anos já se deve fazer esses exames e esse acompanhamento”, afirmou (Thiago Gomes /O Liberal)

“Todo ano a gente tem que fazer esse check-up”, diz professor de 59 anos

“Por causa da minha idade, todo ano a gente tem que fazer esse check-up”, disse o professor José Emílio Almeida, de 59 anos. “De cada três mortes por câncer, duas são por câncer de próstata. Então todo cuidado é pouco. A partir dos quarenta anos já se deve fazer esses exames e esse acompanhamento”, afirmou.

O alerta acendeu, há cinco anos, na hora dele urinar. “Eu comecei a ter o que os médicos chamam de ‘pinga-pinga’ no processo urinário’, disse. “Aí eu fiz os exames, mas não deu nada demais. Deu tudo certo”, contou.

Sobre o preconceito, Emílio disse que os homens têm que fazer os exames. "Tem que fazer, tem que superar, tem que se cuidar. O exame de próstata é como qualquer outro exame. A diferença é que ele tem uma relação mais íntima com o corpo da gente. Ninguém quer ser tocado, né?”, afirmou.

Ainda segundo o professor,  as mulheres têm tido um papel preponderante nessa relação de acompanhamento com os maridos, com os filhos, com os pais.

Emílio afirmou que, nesse “Novembro Azul”, é importante que as administrações públicas municipais, estaduais e federais tentem chegar o máximo possível na população. “Que prefeitos, governadores, os órgãos de saúde pública invistam nessa campanha de prevenção e combate ao câncer de próstata", disse.

"Porque, nas regiões mais remotas, não chega essa informação. E essa campanha tem que tem que ter uma abordagem bem natural e bem corajosa, bem popular: ‘Não se pode ter medo, não se brinca com isso’. Então essa é a grande mensagem: a administração pública tem que investir pesado em campanhas e o mês é importante porque foi tirado para se tratar desse assunto”, afirmou.

Orientações:

Ter uma alimentação saudável;

Manter o peso corporal adequado;

Praticar atividade física;

Não fumar cigarro e outras substâncias toxicas;

Evitar o consumo de bebidas alcoólicas;

Fonte: Sespa, seguindo às orientações do Inca

 

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