Alter do Chão completa 264 anos neste domingo

Um dos destinos turísticos mais visitados do Pará já foi eleito pelo The Guardian como uma das dez praias mais belas do país

Ândria Almeida

O Pará é uma terra cheia de encantos, sabores, belezas naturais e um povo acolhedor, quem visita dificilmente não se apaixona. O estado já foi premiado com o título de melhor culinária do país. E quando o assunto é premiação popular, existe uma vila balneária, localizada em Santarém, no oeste paraense, às margens do grandioso rio Tapajós, que carrega vários títulos. A famosa Alter do Chão, considerada o Caribe da Amazônia, que comemora 264 anos neste domingo (06).

Alter do Chão é um dos pontos turísticos mais visitados do Pará, a praia já foi eleita pelo The Guardian, no ano de 2009 como uma das 10 praias mais bonitas do Brasil. E foi a grande vencedora da 31ª edição do Prêmio UPIS de Turismo, na categoria Melhor Destino Turístico Nacional em 2021. Já neste ano o Ministério do Turismo recomendou o paraíso natural como um ponto turístico recomendado para se conhecer.

image Quem procura sossego e contato com a natureza encontrará em Alter do Chão (Ândria Almeida / O Liberal)

A vila secular carrega uma beleza natural exuberante, um povo que valoriza as raízes históricas e a cultura local. Todos os anos a tradicional festa do Sairé atrai visitantes do mundo todo, a festa era realizada anualmente, mas a pandemia afetou os festejos dançantes, porém manteve a alegria de todos que conhecem uma terra que transborda encontros e encantos.

O clima quente e úmido, junto com as praias de águas claras e areia branquinha, banhada pelas águas azuis límpidas do rio Tapajós, atrai pessoas de todos os lugares do mundo. A base da economia local é o turismo que oferece uma vasta gastronomia com cardápios à base de peixes da região, além da vivência da cultura local através de algumas festividades.

Alter tem turismo durante todo o ano

No "verão amazônico", que ocorre entre os meses de agosto a dezembro, as praias de areia fina se revelam com paisagens de tirar o fôlego. Já em setembro o volume de água diminui e surgem os bancos de areia – um verdadeiro espetáculo da natureza.

image Alter do Chão é um dos pontos turísticos mais visitados do Pará (Ândria Almeida / O Liberal)

Estamos no mês de março, período que a vila vive o inverno amazônico, e a melhor época para quem quer ter experiências mais ecoturística, nos meses de janeiro a julho ocorre a subida dos rios e é quando aparece a exuberância da Floresta Encantada.

Ilha do Amor

Na parte central da vila tem a praia de acesso mais comum aos turistas, que é a Ilha do Amor, composta por faixas de areia que se formam no período do vazamento. O local oferece infraestrutura de restaurantes e um cardápio bem regional. Cercada pelo colorido das catraias, considerada patrimônio histórico, que fazem a travessias para ilha.

Já a vida noturna de Alter do Chão se restringe a praça principal – Praça da Matriz Nossa Senhora da Saúde, onde tem vários restaurantes e barracas com quitutes feitos pelos moradores. Outra atração da noite são as rodas de carimbó, toda a movimentação dançante termina cedo.

Amor por Alter

Para quem nasceu em Alter, o amor pelo lugar corre nas veias, e isso pode ser visto na fala da dona Benedita Pereira, moradora do mesmo lugar há 88 anos. Ela lembra com nostalgia da época da infância. “Era tudo tão calmo, minha infância foi muito boa, a gente saía para ir para a praia e passeava pelo lago. Não tinha medo de nada. Era muito bom.

Agora, está meio diferente. Todos brincavam juntos, não tinha separação de nada. O que eu mais gosto aqui é de viver essa vida sossegada, desde a minha infância”, finalizou.

O empresário Moisés Martins mirou na vila para recomeçar com sossego junto da família. Ele viu uma foto de Alter do Chão, e foi suficiente para chegar na vila de mudança. O empresário montou uma sorveteria há cerca de anos e diz não querer mais sair.

“A gente não conhecia Alter, viemos de mudança em busca de qualidade de vida. Pesquisamos no Google lugares tranquilos para morar e apareceu Alter. Vendemos tudo e viemos de mudança. Não penso em sair daqui, talvez expandir a sorveteria. Alter é o lugar para se viver bem e com menos”, disse.

A moradora Maria Valdenice, que adotou Alter Chão como lar, declara seu amor pelo Caribe Amazônico. “Alter é um cantinho, uma casa onde você se sente à vontade. Ele é reconhecido como ponto turístico, mas aqui eu encontrei um lar. O povo é muito hospitaleiro”, enfatizou.

Tem gente que afirma que Alter é uma obra divina. “Isso aqui foi desenhado por Deus, colocar essa ilha no meio do rio, só Deus mesmo. Aqui é minha casa, meu lazer. Esse lugar é tudo para mim”, contou o catraieiro.

O empresário, Rômulo Pereira, nascido em Belém, conhecia histórias sobre o rio Tapajós contadas pelo pai que é natural de Santarém. Rômulo tinha muita curiosidade de conhecer o rio com águas azuis límpidas. E quando conheceu foi amor à primeira vista.

O empresário está morando no paraíso há 23 anos e 5 meses. Hoje ele tem um Bed&Breakfast, que é um conceito de uma casa para hospedagem com atendimento personalizado. Os hóspedes são recebidos pelo morador da casa que busca oferecer uma experiência única de turismo.

A hospedagem na Vila Flor Bed Breaklest fica no alto da serra da reserva botânica Cairé Carauary, cercada de sossego e contato com a natureza.

“A gente costuma dizer que não vende hospedagem, nós oferecemos uma autêntica experiência amazônica, inclusive, esse é o nosso slogan. Não sou a favor do turismo massificado, não acho que seja saudável, então a gente sempre tenta sair um pouco do que a gente chama de sufoco e tentar mostrar uma Amazônia interpretada e guiada por gente daqui”, contou.

Ele lembra com nostalgia a primeira vez que visitou Alter. “Conhecer Alter do chão foi um momento impactante na minha vida, para quem cresceu em Belém, não imagina esse Pará dos afluentes como Xingu e Tapajós e outros rios fantásticos. Fiquei encantado com a luz, o lugar, poder ver o fundo do rio foi uma experiência única. Pensei de cara que esse era o lugar certo para estabelecer uma base, e assim fiz de Alter o meu lar”, relatou.

Floresta Encantada de Alter do Chão atrai turistas no inverno amazônico

O passeio pela Floresta Encantada do Caranazal, tem um clima totalmente ecoturístico. Esse passeio acontece dentro de uma canoa e tem o período certo para ser realizado - janeiro a julho, que é quando o rio sobe e fica envolto nas árvores da pequena área de floresta existente nesta comunidade. A floresta alagada foi batizada como ‘encantada’ pelos visitantes por levar brilho aos olhos de quem conhece o lugar.

O passeio é relaxante, os turistas sentem toda tranquilidade e boas energias que a floresta oferece. O trajeto é conduzido pelo canto dos pássaros e o som da água ao bater no remo da canoa que tem capacidade para cinco visitantes.

Raios de sol invadem a floresta, levando um efeito espelhado de tirar o fôlego. Em alguns pontos do passeio a água cristalina revela parte da floresta que está submersa. Durante a experiência, além das árvores nativas é possível ver alguns animais, como tucanos, papagaios, macacos e peixes.

Os troncos das árvores ficam parcialmente de fora da água, elas já se adaptaram ao sobe e desce das águas.

Uma cooperativa de catraieiros que são responsáveis por realizar os passeios, eles ficam em um restaurante em frente a floresta encantada, poucos quilômetros da vila balneária de Alter do Chão.

Origem do passeio pela floresta alagada

Itaguary Garcia, conta que ele iniciou o passeio pela floresta no ano de 2001, quando o pescador estava lavando sua canoa e duas turistas que estavam comendo no restaurante perguntaram sobre a floresta e tiveram interesse em conhecer.

“Elas me perguntaram o que era aquela paisagem e eu falei que era uma floresta alagada. Então elas me pediram para conhecer. Depois do passeio elas saíram de lá dizendo que a floresta era encantada. E assim nasceu o passeio”, relatou.

Antônio Sousa trabalha há três anos fazendo o trajeto e conta que durante o passeio é possível ter gratas surpresas de fauna e flora.

“Aqui a gente tem as árvores nativas de Murici do igapó, Bacuri, Caraná, além de vários tipos de peixes como o tucunaré, tambaqui, Caratinga e muitos outros animais, a exemplo do macaco branco, macaco guariba, amarelo e pica pau”, disse.

A trilha na floresta foi aberta pelos moradores para pescaria e acesso às praias, mas acabou virando um dos pontos turísticos que atrai gente de todos os lugares. Como é o caso do casal Guilherme Areia e Juliana Lopes, que vieram de Manaus para conhecer o local.

“Achamos muito, muito bonito, mesmo já conhecendo muitos lugares da Amazônia, aprendi e gostei muito” disse Guilherme. Juliana completou dizendo que o local honra o nome, o passeio é uma aula sobre a floresta. “Vale muito a pena”, finalizou Juliana.

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