Boeing 787 Dreamliner: o que se sabe sobre o modelo envolvido na tragédia na Índia?
Aeronave da Air India caiu logo após a decolagem; é o primeiro grande acidente com o Dreamliner desde seu lançamento, em 2011

O acidente com o voo AI171 da Air India nesta quinta-feira, 12, nas proximidades da cidade de Ahmedabad, no oeste da Índia, reacendeu o debate sobre a segurança do Boeing 787 Dreamliner. A aeronave, que seguia para Londres (aeroporto de Gatwick), caiu pouco após a decolagem com 242 pessoas a bordo — 230 passageiros e 12 tripulantes. Este é o primeiro grande incidente envolvendo esse modelo desde sua introdução no mercado, em 2011.
Segundo o Resumo Estatístico de Acidentes com Aviões Comerciais a Jato, elaborado pela própria Boeing, o Dreamliner mantinha, até então, um histórico de segurança considerado sólido. Com mais de 1.175 unidades em operação globalmente e aproximadamente 2.100 voos realizados por dia, o modelo é amplamente adotado por companhias aéreas de grande porte.
O analista de aviação Geoffrey Thomas, em entrevista à CNN, afirmou que o 787 "acabou de comemorar um bilhão de passageiros transportados". Ao revisar imagens da queda, ele observou que a aeronave "não parecia estar em perigo", mas simplesmente perdeu sustentação e caiu, incendiando-se após o impacto.
Apesar de não ter registros anteriores de acidentes fatais, o 787 já enfrentou desafios operacionais. Problemas recorrentes nos motores levaram companhias a suspender voos temporariamente em diferentes períodos. A Administração Federal de Aviação dos EUA (FAA) também abriu diversas investigações relacionadas ao modelo, incluindo um caso envolvendo a LATAM, em que um 787 mergulhou abruptamente durante o voo.
Em audiências realizadas em Washington, um ex-engenheiro da Boeing chegou a pedir a suspensão global da aeronave, alegando falhas estruturais. A empresa, no entanto, rejeitou as acusações e reiterou sua confiança na segurança do Dreamliner.
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Histórico da Air India também é marcado por acidentes
Com cerca de trinta Dreamliners operando desde 2012, a Air India também entrou no foco das investigações. A companhia apresenta um histórico misto de segurança. Em 2020, um Boeing 737-800 da subsidiária Air India Express saiu da pista durante o pouso sob forte chuva, matando 18 pessoas. Em 2018, outro Boeing 737 colidiu com um muro durante a decolagem, e em 2010, um jato ultrapassou a pista no sul da Índia, provocando a morte de 158 pessoas — um dos acidentes mais fatais da aviação indiana.
Nos últimos anos, autoridades do país têm buscado reforçar protocolos de segurança e modernizar a infraestrutura aeroportuária. A privatização da Air India, adquirida pelo conglomerado Tata Group em 2022 após quase 70 anos sob controle estatal, também foi vista como um passo rumo à reestruturação e à melhoria dos serviços.
Informações preliminares do site de rastreamento Flightradar24 indicam que o avião atingiu apenas 190 metros de altitude antes da queda. A fase de decolagem, assim como a de pouso, é estatisticamente uma das mais críticas da aviação, concentrando a maior parte dos acidentes.
*Thaline Silva, estagiária de jornalismo, sob supervisão de Keila Ferreira, coordenadora do núcleo de Política e Economia
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