Dia das Mães: atletas relatam experiência de conciliar a vida esportiva com a maternidade

Ex-jogadora e karateca estavam no auge de suas carreiras quando descobriram que estavam grávidas 

Aila Beatriz Inete
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“Ser mãe é uma dádiva", disse a ex-jogadora de futebol Glazielle Perotes. A atleta descobriu a gravidez em 2017, quando disputava o Campeonato Brasileiro pelo Pinheirense. Mesmo assim, ela optou por continuar jogando e, com a pequena Isis ainda na barriga, tornou-se campeã nacional da Série A2. 

“Até o final da competição eu estava com cerca de três meses de gravidez. E eu não me arrependo nenhum pouco. Tem gente que fala: ’ tu estavas grávida e jogaste, tu és louca, se alguma coisa acontecesse?’ Mas eu acredito nos planos que Deus tem pra mim e sempre pedia proteção quando ia para os treinos e os jogos. E deu tudo certo”, relatou Perotes. 

Na época, nas quartas de finais da competição, Glazielle teve uma lesão, que acabou a tirando dos jogos. Assim, ela passou a fazer apenas a fisioterapia e o acompanhamento com do time. Perotes relatou que preferiu manter a gestação em segredo até o fim da competição para não correr o risco de ficar fora dos torneios. 

“Foi uma gravidez muito tranquila. Ninguém do time sabia, se a treinadora soubesse ela ia dizer para eu parar de jogar, contei apenas para a minha colega de quarto que me ajudava em tudo”, contou a ex-jogadora. 

Assim como Perotes, a karateca Sônia Coutinho também descobriu a gestação do primeiro filho no auge da carreira. Ela iria disputar o Campeonato Sul-Americano em 2011 e como era um momento muito importante profissionalmente, Sônia decidiu competir mesmo grávida. 

A karateca é natural do Maranhão, mas veio para o Pará em busca de melhores chances no esporte. Assim, Sônia não tinha uma rede de apoio familiar, além disso, ela também seria mãe solo. 

“A gravidez é um momento que traz muita insegurança, principalmente a primeira, que você não sabe muito. E o meu principal medo era de não dar conta. Eu estava passando por um marco na minha carreira e entrando em uma outra fase da minha vida com a mesma representatividade", afirmou a karateca. 

(Filipe Bispo/O Liberal)

Retorno  
Sônia contou que teve uma gravidez tranquila, mesmo com o bebê nascendo de sete meses. Além disso, a karateca relatou que não teve dificuldades fisicamente para voltar aos treinos após as gestações. 

“Eu me mantive ativa, caminhava, me alimentava bem, só sentia muito enjoo. Meu primeiro filho foi prematuro, então, não tive muita dificuldade de voltar ao meu físico. A minha dificuldade maior foi ter de cuidar, amamentar e estar ali presente”, revelou. 

A preparadora Cássia Gouveia afirmou que é obrigação de um clube feminino estar preparado para auxiliar a mulher em qualquer situação. Contudo, nem sempre essa é uma realidade. Segundo ela, além dos desafios para voltar a ter o condicionamento físico de antes, o principal desafio de uma atleta é ter uma rede de apoio para ajudá-las no processo. 

“Creio que seja um ponto-chave para que ela decida voltar ou não. Algumas atletas acabam se afastando totalmente da modalidade e só retornando anos depois. Outras nunca voltam. Porque além de não ter uma rede de apoio, alguém com quem deixar a filha, não são apoiadas também a seguirem essa vida de atleta. As atletas de futebol feminino ainda sofrem muito preconceito dentro das próprias famílias”, pontua a preparadora física. 

Perotes relata que não teve tantas dificuldades para retornar depois da gravidez. Seu maior desafio foi deixar a filha pequena com a mãe e a falta de apoio que o futebol feminino enfrenta. 

“Eu voltei aos treinos quando a Isis estava com dois meses. Não tive dificuldade nenhuma, voltei bem. Era ruim sair de perto, eu ficava me sentindo culpada. Mas a minha filha nunca me impediu de fazer o que eu amava. Eu a levava para os jogos, quando ela começou a andar”, lembrou Glazielle.  

Perotes deixou de jogar profissionalmente o futebol no ano passado, já que não tinha retorno financeiro. Agora a modalidade se tornou lazer. Mas antes da aposentadoria, ela conseguiu realizar o sonho de ser campeã Brasileira e mãe ao mesmo tempo. 

“Quando o juiz deu apito final, foi a realização de um sonho para mim. O meu outro maior desejo era ser mãe e veio essas duas bençãos na minha vida juntas. Eu fiquei muito feliz. Na época eu dizia que eu demorei 29 anos para ser campeã Brasileira e a Isis já nasceu campeã”, finalizou.

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