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Boxe chinês: arte marcial mistura golpes plásticos e equilíbrio entre o corpo e a mente

Paraenses destacam características da modalidade e projetam crescimento do esporte do estado

Aila Beatriz Inete

A mistura de golpes plásticos, arremessos, socos, chutes e o trabalho com o corpo e a mente pode caracterizar o Sanda. Conhecida como boxe chinês, a modalidade tem muita tradição na cultura oriental e é pouco difundida no Ocidente. No entanto, aos poucos, a arte marcial começa a ganhar espaço no Pará. Esse movimento tem sido impulsionado pelos mestres Luiz Guerreiro e Samuel Paiva, que recentemente foram graduados pela Federação Brasileira de Wushu Sanda e se tornaram os principais representantes do esporte no estado.

Além de ter sido graduado como mestre, Luiz Guerreiro também foi empossado como delegado da organização no Pará. Ele destacou que a modalidade tem grande potencial de desenvolvimento na região e revelou que há um movimento para que o esporte se torne olímpico.

"É uma modalidade de luta muito completa, que surgiu do Kung Fu. Envolve soco, chute, joelho, cotovelo, queda, projeções e arremessos. A partir de 1990, o boxe chinês foi regulamentado como esporte. Para entrar nos Jogos Olímpicos, a China precisou retirar o uso de joelhos e cotovelos. É uma modalidade que consideramos antiga, mas pouco divulgada. Nosso objetivo hoje é trabalhar na divulgação aqui e no cenário nacional", destacou o mestre Guerreiro.

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A prática incluem chutes, esquivas, giros e saltos, queimando até 750 calorias por hora e trabalhando diversos grupos musculares

Características do Sanda

O Sanda pode ser confundido com o kickboxing e até com o Muay Thai, já que mescla técnicas dessas duas modalidades. Em alguns locais, é chamado de kickboxing chinês, mas se diferencia por permitir quedas, projeções e arremessos dos atletas. Segundo Guerreiro, as lutas são disputadas em até três rounds, mas, caso um lutador consiga arremessar o adversário para fora do leitai — plataforma de luta — por quatro vezes, o combate é encerrado.

image Movimentos de queda são comuns no Sanda (Ivan Duarte / O Liberal)

"Normalmente, todas as modalidades têm três rounds. No Sanda, não. Você luta o primeiro, venceu; luta o segundo, venceu; não precisa lutar o terceiro. Mesmo com a possibilidade de um nocaute, o combate termina", explicou o mestre.

Com competições realizadas em todo o mundo, no Brasil o esporte é regulamentado pela Federação Brasileira de Wushu Sanda e pela Confederação Brasileira de Wushu Kuoshu (CBWK), que é ligada ao Comitê Olímpico Brasileiro (COB) e também a instituições internacionais. A organização será responsável pelo Campeonato Mundial de Wushu, que vai reunir várias modalidades das artes marciais chinesas, incluindo o boxe chinês, em Brasília, de 31 de agosto a 7 de setembro.

Esta é a primeira vez que o Brasil vai sediar o circuito mundial. Infelizmente, o Pará não terá representantes na disputa, mas Guerreiro espera que, com o evento, o estado forme atletas capazes de competir em alto nível nos próximos anos.

"O fato de o mundial estar acontecendo aqui é justamente para fomentar a modalidade no país. Você está trazendo atletas de todos os países para disputar essa competição. Vamos aproveitar esse momento para que também possamos desenvolver a prática no Pará, de forma que, no prazo de um ano, tenhamos atletas nossos no circuito nacional, representando nossas cores", destacou o mestre Guerreiro.

image Professores acreditam no crescimento da modalidade (Ivan Duarte / O Liberal)

Corpo e mente em harmonia

Samuel Paiva, hoje professor de Sanda, também é atleta. Ele começou a lutar aos 11 anos para aprender a se defender e descobriu um universo de possibilidades com as artes marciais, tornando-se lutador e abrindo a própria academia.

"A gente encontra outro mundo, e a estimulação começa a direcionar você para outro caminho — de autossuperação, de reflexão interna sobre suas qualidades. Ensina humildade, disciplina, respeito. A arte marcial me abriu várias portas. Inclusive, aprendi outras modalidades", contou Samuel, que também disputou competições de MMA.

Grande adepto do Kung Fu, Samuel não teve dificuldades em desenvolver-se no boxe chinês e, em 2012, conquistou o Mundial com a Seleção Brasileira. Hoje, em sua academia, dedica-se a treinar outros entusiastas e formar novos atletas, utilizando técnicas de combate e fundamentos espirituais da filosofia chinesa.

"A arte marcial é muito embasada na filosofia budista ou em alguma religião asiática, aliada à atividade física. A união dessa teoria com o conhecimento técnico é poderosa. No entanto, ela tem perdido sua essência, já que sua capacidade de transformar vidas vai além do físico. O lado terapêutico e mental da arte marcial vem se perdendo. Nós tentamos manter isso com os alunos, sem deixar de lado essa parte essencial, que é a conexão entre corpo e mente", concluiu.

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