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Re-Pa: psicólogo fala até que ponto fanatismo de torcidas é saudável; saiba mais

Na última semana, um torcedor do Clube do Remo acabou falecendo, após o jogo contra o Paysandu, durante uma briga entre torcidas organizadas da qual sequer fazia parte

Andréia Santana
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O clássico entre Remo e Paysandu é uma das maiores rivalidades que existe no futebol, um sentimento que domina não só em campo, mas também fora dele, entre as torcidas. O problema é quando a rivalidade deixa de ser saudável e se torna violenta, como ocorreu na última semana, no segundo Re-Pa de uma sequência de quatro jogos entre os times. 

Na ocasião, Paulo Alexandre Silva, torcedor do Clube do Remo, acabou falecendo durante uma briga de torcidas organizadas azulinas no estacionamento do Mangueirão, na saída do jogo. A morte ocorreu após Cristóvão Augusto Alcântara Evangelista, o 2º sargento da reserva da Polícia Militar, fazer disparos de arma de fogo durante a briga. 

A morte do torcedor ocorreu um pouco mais de um ano depois do falecimento de um torcedor do Corinthians durante uma partida da equipe paulista contra o Remo, também no Mangueirão. O caso levantou a discussão sobre até onde o fanatismo entre torcidas é saudável e, em uma entrevista para a Rádio Liberal+, o psicólogo Alberto Neto explicou como ocorre o fanatismo. 

Confira a entrevista completa

"A psicologia enxerga o fanatismo como algo do ser humano. Se a gente olhar para nossa história, sempre existiu algum tipo de fanatismo na espécie humana, seja religiosa, política, de alguma forma. O futebol, como mais uma manifestação cultural, também acaba sendo “vítima” desse fanatismo. O que eu vejo, e de certa forma a psicologia vai dizer, é que o ser-humano tem a necessidade de fazer parte de grupos e de procurar identidades, então, o fanatismo ao torcer por um time de futebol é uma forma de ser aceito e de reforçar sua identidade”, explicou.

“O problema disso é até que ponto o seu fanatismo não tolera o do outro. Então, quando a gente vê violência no futebol, violência no fanatismo, é muito nesse ponto, eu reforço minha identidade, mas não consigo compreender a do outro. Eu preciso destruir, matar, exercer algum tipo de violência”, completou.

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Segundo o psicólogo, nem todo torcedor cometerá atos de violência por ser fanático, mas alguns possuem condições mentais que propiciam atitudes violentas durante a participação em jogos de futebol, principalmente por não aceitar opiniões contrarias às suas próprias. 

“Uma pessoa saudável pode também ser fanática, mas eu diria que é muito comum a gente ver pacientes esquizofrênicos, paranoicos ou com ansiedade, em torcidas de futebol. Eu vejo que essas pessoas acabam recorrendo às torcidas de futebol porque acabam liberando ali sua violência, ansiedade, impulsividade. Acho que em dia de Re-Pa isso fica mais visto porque todo mundo está à “flor da pele”, é o dia do clássico, dia que as duas torcidas vão se encontrar, e as emoções ficam afloradas. Mas não necessariamente todo mundo que é fanático é doente”, disse.

“Eu vejo que são pessoas que se identificam fortemente com o seu time, mas acabam não sabendo tolerar também o fanatismo do outro. São pessoas que só aceitam a visão de mundo delas. Isso a gente vê em outros lugares também, como a política, a gente está vivendo em um mundo muito bipolar, ou você é uma coisa, ou outra, sem meios termos. Eu vejo que a violência vem do conflito entre extremos, e da intolerância principalmente”, completou. 

O psicólogo também ressaltou que o futebol, os times e as torcidas, não possuem só aspectos negativos, mas fazem parte de uma identidade cultural regional muito presente no Pará, principalmente se tratando de Remo e Paysandu, que são duas equipes muito famosas Brasil afora, não só pela rivalidade. 

“Tem esse lado negativo, mas tem esse lado positivo também. Você vê que as pessoas vêm para cá e falam de Remo e Paysandu, é uma identificação cultural nossa. Se você vai em outros estados, alguns não têm isso. É uma consequência na sociedade, porque onde tem times assim, tem uma identificação, você sabe para quem você torce, não é porque teve uma violência que tudo não presta”, finalizou

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