Formigas da Bola: A presença feminina na sociedade e no futebol
Pesquisadores fazem apanhado histórico da modalidade no estado, desde a proibição durante o período da ditadura
Em 1941 todas as brasileiras foram proibidas de praticar esportes através do decreto-lei 3.199, assinado pelo então presidente Getúlio Vargas. Essa realidade só seria reparada na década de 1980, atrasando o desenvolvimento das modalidades esportivas femininas por 40 anos. Nesta edição, o Formigas da Bola apresenta um breve apanhado histórico do futebol feminino no Brasil e no Pará.
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O decreto-lei de 1941 apresenta um pensamento de qual supostamente seria o papel da mulher na sociedade, principalmente em seu art. 54, em que afirma, de forma direta, que a prática esportiva era incompatível com o corpo feminino. Desta forma, jogos ou torneios tinham que ser realizados de maneira clandestina.
“As mulheres deixaram de jogar futebol? Não, pois encontraram maneiras de jogar, de driblar a censura que o governo Vargas estava aplicando. Não podemos esquecer que no período de 1937 a 1945 estávamos vivendo a ditadura varguista”, apontou o historiador Diego Pereira.
No Brasil, embora o governo Vargas tenha dado às mulheres o acesso ao voto e à direitos trabalhistas, a emancipação feminina ainda era considerada uma ameaça à estabilidade familiar. A transformação social se deu através de muita luta e protestos, também ao longo da ditadura militar imposta a partir de 1964.
“A presença da mulher é muito importante, é necessária, até porque faz parte de vários momentos de transformação. A sociedade vai mudando e as dinâmicas da sociedade têm uma reverberação no futebol”, reforçou Pereira.
Já a pesquisadora Milene Sousa, que estuda questões relacionadas à presença da mulher no esporte paraense, relata que o futebol feminino é pouco explorado no estado.
“O futebol feminino, aqui no Pará, é mais abordado de maneira histórica, algo que considero muito importante, pois o nosso futebol feminino é pouco estudado. Quando fiz a pesquisa achei pouca referência bibliográfica e, quando se cita o assunto, é apenas em trechos ou alguns parágrafos”, lamentou.
O futebol feminino paraense ainda é tratado como amador e carece de apoio, seja por parte do governo do estado, da federação, dos clubes e da torcida. Segundo a pesquisadora, até mesmo os jogos recebem menos atenção na mídia.
“Desejo que o futebol feminino seja abordado para além da história, não vejo tanta gente tratando, como assunto principal, o futebol feminino paraense. Vejo a mulher sendo citada em trechos ou tópicos, mas é muito difícil encontrar estudos específicos”, finalizou.
Seleção Brasileira de futebol feminino na década de 1990 (Arquivo)
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