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Copa do Mundo 2022: grupo cria álbum em tributo a trabalhadores mortos em obras de estádios no Qatar

“Card of Qatar” conta a história de 70 trabalhadores imigrantes que morreram durante as obras dos estádios

Aila Beatriz Inete
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A Copa do Mundo do Catar é cercada por polêmicas e críticas. Além das questões da falta de direitos às mulheres e ao público LGBTQIA+, outro fato chama bastante atenção: a quantidade de pessoas que morreram durante as construções dos estádios. Por isso, um grupo, formado por um jornalista e uma designer, decidiu criar o álbum "Card of Qatar" (Carta do Catar), em que substituíram as tradicionais figurinhas dos jogadores por trabalhadores que morreram nas obras.

De acordo com um dos idealizadores do projeto, o jornalista Martin Schibbye, ele sentiu a necessidade de contar as histórias de algumas pessoas que perderam a vida durante as construções.

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"Trata-se de uma coleção de histórias apresentadas em formato de figurinhas que se parecem às do tradicional álbum, essas que a gente coleciona em todas as Copas do Mundo desde que eu era criança - a gente se acostumou a colecionar jogadores, seleções, países. Mas, antes desta Copa do Mundo, houve um grande debate sobre números, estatísticas, sobre quantos morreram na construção, para que esta Copa do Mundo fosse possível”, disse Schibbye em entrevista para a RFI. 

70 trabalhadores mortos 

Ao todo, o álbum reúne histórias de 70 trabalhadores. Mas, esse número não chega nem perto do real. Segundo o chefe da organização da Copa do governo do Catar, “entre 400 e 500 pessoas” morreram.

Martin trabalhou ao lado da designer Brit Stakston, ambos são suecos e pensaram no projeto durante o período da pandemia. A ideia de criar o álbum foi justamente para chamar atenção do universo do futebol para o assunto.

"E eu senti que, atrás das estatísticas, havia pessoas e nós, jornalistas, não estávamos contando suas histórias. Então eu fui para o Sul da Ásia e, com outros jornalistas, em Bangladesh, Índia e Nepal, para falar com o maior número possível de famílias que perderam seus entes queridos no Catar', contou Schibbye.

Brit explicou que todo o designer do "Card of Qatar" foi pensado para quem assiste aos jogos de futebol. Segundo ela, essa foi a forma “mais natural de apresentar essas histórias”.

“Para mim, é uma honra trabalhar nas Cartas do Catar, pela urgência do assunto, mas também pelas possibilidades que ele traz de comunicação, de atingir um novo público para o nosso trabalho. O design foi feito para quem assiste aos jogos de futebol, para quem tem filhos que colecionam as cartas e figurinhas. Esta me pareceu a maneira mais natural de apresentar essas histórias: os cards funcionam como uma ponte para contar as histórias de cada trabalhador migrante. Nós queríamos destacá-los como as outras estrelas desta Copa do Mundo, queríamos aproveitar a paixão pelo futebol para mostrar os diferentes aspectos deste Mundial", afirma Brit Stakston.

Ainda de acordo com os idealizadores, a ideia não era para promover um boicote à Copa, mas sim lembrar das pessoas que foram exploradas e perderam a vida.

"Uma das famílias que eu entrevistei quando eu fui para o Nepal foi a viúva de Bine Bishworkarma; o seu marido nunca voltou para casa. Ele morreu no Qatar, mas o seu corpo nunca foi mandado de volta. Ela tinha muitas perguntas sobre o que aconteceu com ele no Qatar. E, para ter algo que parecesse um funeral, ela pegou suas roupas antigas, num guarda-roupa, e as queimou numa tradição fúnebre", contou o jornalista.

O Catar é fortemente criticado pela forma como trata os trabalhadores imigrantes. Acredita-se que as pessoas que trabalharam nas construções dos estádios eram todos de outros países.

Nunca mais mortes de trabalhadores 

O álbum foi enviado para todos os patrocinadores da copa e para a FIFA (Federação Internacional de Futebol) com o intuito de provocar uma resposta ativa, para que isso nunca mais aconteça em outras edições do Mundial.

"Nós enviamos as cartas para todos os patrocinadores desta Copa, para a Fifa, para o Qatar. Gostaríamos de ter as respostas deles, para ter a certeza de que isso nunca mais vai acontecer: para fazer reformas trabalhistas, melhorias nas leis de imigração etc. Até agora não recebemos nenhuma resposta da Fifa ou do governo do Qatar. A Adidas foi a única empresa que nos respondeu, dizendo que não foi decisão deles que a Copa acontecesse no Qatar, mas que estavam atentos para melhorar a situação dos trabalhadores migrantes. Isso mostrou que eles foram tocados pelas histórias", finalizou Martin Schibbye.

(Aila Beatriz Inete, estagiária, sob supervisão de Pedro Cruz, coordenador do Núcleo de Esportes)

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