Conheça o mercado de imóveis de luxo em Belém, que segue em alta

Um empreendimento desse tipo, por exemplo, com imóveis custando R$ 5 milhões, já vendeu 27 das 28 unidades. E só o valor estimado do condomínio é de cerca de R$ 5 mil

Daleth Oliveira

Quanto custa morar em um imóvel luxuoso? No Rio de Janeiro, casas de famosos chegam a custar R$ 12 milhões, como é o caso da mansão do casal Angélica e Luciano Huck que está há nove anos à venda na Barra da Tijuca. Em Belém, imóveis nesse padrão custam a partir de R$ 1,5 milhão e não têm limite de preço. A última unidade disponível de um empreendimento do tipo, localizado no Umarizal, por exemplo, está custando R$ 5 milhões, conta o especialista de negócios da Quadra Engenharia, Haemel Carlotino.

“Esse valor é comprando com a construtora, porém, tem outras unidades de revenda que podem custar um valor acima”, explicou Carlotino. A estimativa é que além do valor do imóvel, o morador deverá pagar em média R$ 5 mil de condomínio, o que não afasta os compradores do projeto que deve ser entregue em junho de 2023. “As vendas começaram em 2017 e das 28 unidades, fora a cobertura, apenas uma ainda não foi vendida”, reitera.

image Um empreendimento no bairro do Umarizal vendeu quase todas as unidades, conta Haemel Carlotino (Cristino Martins / O Liberal)

No outro lado da cidade, no bairro Parque Verde, uma casa em um condomínio fechado está sendo vendida há seis meses por R$ 4 milhões. O corretor responsável pelas negociações, Carlos Netto, disse que é normal passarem meses com o imóvel à venda, sem fechar um negócio.

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“Nesse nicho de mercado, é um pouco mais demorado concluir uma venda pois o cliente comprador está em busca do que há de melhor e pode demorar a concluir a pesquisa de compra. Se o imóvel estiver dentro do valor de mercado, o tempo que leva é de seis a oito meses para concluir a venda”, especifica.

Imóveis mais em conta costumam ter apenas dois quartos, no máximo três. Já os luxuosos, têm em média não apenas quartos, mas cinco suítes. “Esta casa está em um condomínio de luxo e possui características adequadas, como por exemplo, a quantidade de suítes que são cinco. O que fará ela ser ainda mais luxuosa será como ela será decorada e mobiliada”, detalha o corredor.

image Edifício ainda em construção só tem uma unidade de apartamento a venda (Cristino Martins / O Liberal)

Luxo e super luxo

Mas o que torna um imóvel de luxo? Em Belém, um empreendimento é considerado de luxo quando custa acima de R$1,5 milhões até R$ 3 milhões. Acima de R$ 3 milhões, já é considerado super luxo.

O último Censo Imobiliário de Belém e Ananindeua, do Sindicato da Indústria da Construção do Estado do Pará (Sinduscon-PA), revelou que o custo do metro quadrado de um apartamento com quatro dormitórios na capital paraense chega a R$ 12 mil reais. Atualmente, a região dispõe de sete empreendimentos de alto luxo e dois super luxo. O presidente da Associação de Dirigentes de Empresas do Mercado Imobiliário do Pará (Ademi-PA), Albino Vieira, associado do Sinduscon e presidente da Quanta Engenharia, explicou o diferencial dos dois padrões.

image Se o imóvel estiver dentro do valor de mercado, o tempo que leva é de seis a oito meses para concluir a venda”, diz Carlos Netto (Cristino Martins / O Liberal)

“Os imóveis de luxo, além desse valor delimitado, sempre vão ofertar uma área de lazer completa com piscina, quadra, sauna, academia e salão de festa; e em localizações também específicas. Hoje você encontra esses imóveis no Umarizal, Batista Campos, Nazaré e, mais recente, no Marco. Já os de super luxo, têm tudo o que o de luxo tem, porém com muito mais sofisticação e estão concentrados no Umarizal”, explica Albino.

Para Haemel, o luxo é tudo aquilo que transcende a necessidade do indivíduo. “O cliente que compra um imóvel desse valor, é mais exigente. Ele não quer qualquer acabamento, qualquer metragem, qualquer localização, esses detalhes agregam valor ao imóvel. Outro ponto são os profissionais que assinam esse projeto, isso também é um diferencial. Aqui o morador vai ter um apartamento de 620 metros quadrados, seis vagas de garagem, quadra de tênis, elevador premium pra ele subir até com um piano de cauda, cinco suítes e uma varanda enorme de frente pra Baía do Guajará. Isso tudo é luxo”, detalha.

Carlos completa informando que a diferença também está no acabamento da obra. “Nos imóveis desse estilo, você irá encontrar um padrão de acabamento bem superior ao que vemos normalmente, que vai desde o porcelanato importado da sala à pedra que é usada na bancada dos banheiros. Além de móveis de grife e automação residencial. Tudo muito personalizado para o proprietário”, esclarece o corretor.

Perfil dos compradores

Questionados sobre quem são as pessoas que têm milhões para tirar do bolso e comprar um imóvel concorrido em Belém, já que são poucas as unidades do padrão disponíveis, as respostas variaram. “Normalmente são grandes empresários, fazendeiros, artistas. Geralmente famílias mais maduras, com filhos grandes e que já moram em imóveis de alto padrão", diz Carlos Netto.

Haemel afirma que não são apenas os ricos da família que consomem esse mercado, mas também pessoas comuns, os chamados “novos ricos”, pessoas que ascenderam socialmente. “Quando esse prédio foi projetado, nós pensamos que os clientes seriam majoritariamente das famílias tradicionais da cidade. Porém, fomos surpreendidos. Mas há muitos que vieram de outra realidade da vida e hoje conseguiram conquistar um outro patamar e querem proporcionar o que há de melhor de moradia”, aponta.

image "Aqui vivem muitos empresários, comerciantes e funcionários públicos que consomem esse mercado imobiliário de luxo e super luxo”, ressalta Albino Vieira (Cristino Martins / O Liberal)

De acordo com Albino Vieira, apesar da oferta ser baixa na cidade, a procura é alta e as vendas são boas. “A gente tem uma classe média significativa em Belém. Aqui vivem muitos empresários, comerciantes e funcionários públicos que consomem esse mercado imobiliário de luxo e super luxo”, explica.

Cenário de Belém

Com apenas dois empreendimentos de superluxo na capital paraense, para o setor imobiliário, a venda de praticamente todas as unidades antes mesmo da entrega da obra, é um sinal de que o nicho está aquecido e deve crescer nos próximos anos, afirma o presidente da Ademi.

“Com a pandemia de covid-19, tivemos uma queda significativa no mercado, em todos os segmentos, mas a partir de 2022, começamos a recuperar e a expectativa é de melhorar em 2023. Continuamos construindo e vendendo bem. Com a crise econômica advinda da pandemia, guerra da Ucrânia e aumento da inflação, as grandes empresas de fora saíram do Estado, mas ficaram as regionais que estão dando conta da demanda”, comenta Albino Vieira.

Nas vendas, o cenário pode ser diferente, mesmo com a baixa oferta e alta procura, conta o corretor Carlos Netto. “É difícil vender imóveis desse padrão, principalmente em comparação com os outros nichos do mercado. A maior dificuldade é criar o “network”, que é a principal forma de fazer vendas e captações de imóveis”, diz. “Network” significa rede de relacionamentos ou de contatos.

Para Haemel, este é um mercado singular. “O mercado imobiliário de luxo em Belém é um mercado atípico, ainda muito carente de oferta, então isso torna a procura grande pela falta do produto no mercado local. Este empreendimento da Quadra, que ainda está em fase de construção, mas com apenas uma unidade disponível para venda, demonstra o potencial do mercado belenense”, pondera.

Expansão

Albino Vieira pontua que o mercado de imóveis horizontais está se expandindo para outras cidades da Região Metropolitana de Belém, como Marituba, onde existe o Miriti e Reserva Jardins. “Belém não tem mais terreno para construir imóveis em condomínios fechados. Então a tendência é crescer para a Grande Belém”, conta.

Os empreendimentos verticais de luxo também estão se expandindo, saindo do centro de Belém. O bairro queridinho das imobiliárias da vez é o Marco. “É cada vez mais difícil conseguir terreno no centro de Belém. Para levantar um edifício é necessário comprar e derrubar em média quatro casas. E quem quer abrir mão de sua moradia? E quanto isso custa? É muito caro nos bairros mais centralizados. Por isso, estamos começando a chegar no Marco, onde ainda há terrenos bons e mais em conta para construir”, explica Albino.

“Com a reestruturação da avenida Rômulo Maiorana, obra que começou recentemente pela Prefeitura, o bairro vai ficar mais atraente para novos moradores, vai trazer mais desenvolvimento para o entorno e assim, o mercado se interessa também para empreender nesta região”, finaliza.

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