Patinetes elétricos em Belém: alternativa promete economia de até 40% em relação a apps de tranporte

Até o final do mês de outubro, haverá expansão territorial do projeto, contemplando o bairro da Marambaia e as imediações do Aeroporto Internacional de Belém

Madson Sousa e Eva Pires | Especial para O Liberal
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Desde agosto, Belém passou a contar com um novo modal de transporte: os patinetes elétricos, que chegaram à capital paraense por meio de uma parceria entre a Prefeitura de Belém e uma empresa russa, dentro de um projeto-piloto de seis meses. Segundo especialistas, a novidade combina mobilidade, praticidade e economia, podendo representar redução de até 40% nos gastos com deslocamento em comparação a corridas por aplicativos como Uber e 99.

Nos pontos onde os equipamentos foram instalados, o público predominante ainda parece ser jovem, atraído pela praticidade e pelo apelo de modernidade. Mas há também quem enxergue o serviço como parte de um trajeto híbrido, usando o patinete em trechos curtos até alcançar o ônibus ou o trabalho.

Usuários apontam economia com a modalidade

image Há também quem enxergue o serviço como parte de um trajeto híbrido, usando o patinete em trechos curtos até alcançar o ônibus ou o trabalho. (Igor Mota / O Liberal)

 

 

Conforme apuração feita pela reportagem do Grupo Liberal, a partir das taxas consultadas no aplicativo JET, o uso dos patinetes custa R$ 1,99 + R$ 0,49 por minuto, ou R$ 30 por hora. Também há opções de pacotes de minutos (R$ 0,33/min) e assinaturas (R$ 0 + R$ 4,49/min). A reserva do equipamento é gratuita, e quem recarrega valores a partir de R$ 50 recebe bônus de R$ 2 a R$ 15.

Para efeito de comparação, o ônibus em Belém custa R$ 4,60, enquanto as corridas por aplicativos variam de R$ 10 a R$ 25 para trajetos de até 10 km — podendo chegar a R$ 70 em distâncias acima de 30 km. Já os apps de moto são mais acessíveis: uma corrida de 15 minutos custa, em média, R$ 10, com tarifas mínimas de R$ 4,99 e R$ 5 a R$ 8 para percursos curtos (2 a 4 km).

O professor Hilton Bentes, usuário frequente dos patinetes, afirma que o modal tem trazido ganhos de tempo e economia real. “A nossa cidade tem um clima quente e rotina intensa, pede soluções inteligentes de mobilidade, e o patinete surgiu como uma alternativa interessante. Uso em média de duas a três vezes por semana, principalmente para deslocamentos de curta e média distância. Ganho cerca de 15 a 20 minutos por deslocamento em relação ao ônibus ou carro em horários de pico. Financeiramente, a economia é de aproximadamente 30% a 40% se comparado a uma corrida de aplicativo para o mesmo trajeto."

"Isso representa uma economia mensal de cerca de R$ 100 a R$ 150, além da sensação de liberdade e autonomia que não tem preço”, completa.

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Sustentabilidade e expansão do projeto

Para Hilton, o patinete também cumpre um papel ambiental relevante. “Atuo em uma organização social e busco sempre usar a mobilidade sustentável. O patinete é uma opção de baixo impacto ambiental, o que me faz sentir que estou contribuindo para uma cidade mais verde.”

A empresa responsável pelo serviço iniciou suas atividades em 2018, com foco em micromobilidade urbana. Hoje, os patinetes estão presentes em dez estados brasileiros, sendo Belém a única capital da Região Norte contemplada.

De acordo com especialistas em mobilidade, o uso de modais elétricos representa um passo importante na redução de emissões de gases de efeito estufa, já que o setor de transportes é responsável por boa parte delas. O movimento acompanha uma tendência global: segundo relatório da Organização das Nações Unidas (ONU), 68% da população mundial será urbana até 2050, e no Brasil esse índice pode chegar a 90% até 2030 — o que exigirá novas soluções em infraestrutura e transporte.

A Prefeitura de Belém informou que até o final de outubro o projeto será expandido para o bairro da Marambaia e as imediações do Aeroporto Internacional de Belém. A ampliação, de caráter experimental, faz parte dos estudos para prorrogar a parceria e prevê, como contrapartida, a ampliação da rede de ciclofaixas da cidade.

Transporte ainda enfrenta desafios

Apesar do entusiasmo, há desafios. O advogado Phylippe Pimentel, a cidade ainda tem alguns desafios a serem superados e nesse primeiro momento não se sente seguro usando os patinetes elétricos. “As vias não são bem adaptadas para esse tipo de transporte, ainda que as recentes obras tenham, de forma tímida, ampliado as ciclofaixas. Além disso, o comportamento de muitos motoristas torna o deslocamento arriscado, tanto para quem utiliza o patinete como meio de locomoção quanto para lazer. Acredito que seria necessário um investimento maior em infraestrutura urbana, com a criação de ciclovias e faixas exclusivas que garantam mais segurança aos usuários.”

Quem também acha que a infraestrutura da cidade ainda precisa melhorar é o estudante Lucas Nascimento que acredita que os equipamentos ainda não são acessíveis economicamente. “Acredito que ainda existam lacunas para serem preenchidas, mas a infraestrutura de Belém tem avançado e isso ajuda bastante para que esse transporte seja mais viável. O custo por minuto ou por quilômetro costuma ser mais alto do que o transporte público tradicional, e nem todo mundo pode pagar por viagens frequentes”, argumenta.

Para a Prefeitura, o feedback é positivo

Em nota, a Prefeitura de Belém, informou que neste momento estão sendo feitas avaliações internas sobre o interesse comum em manter a parceria, além de se somar à micromobilidade urbana, especialmente durante a Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP).

“A Prefeitura avalia de forma positiva a execução do projeto até o momento. O serviço vem sendo utilizado constantemente por servidores das áreas de segurança e comunicação, além de receber feedbacks favoráveis dos usuários. A gestão ressalta que a empresa parceira vem cumprindo sua responsabilidade em oferecer um serviço de excelência, sem registros de reclamações nos canais de comunicação oficiais.”

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