Número de novas empresas abertas no Pará cai quase 5% no trimestre, mostra Jucepa
Empreendedores que mantêm seus negócios abertos apostam na formalização para ganhar mercado
O número de empresas abertas no Pará caiu 4,71% no primeiro trimestre deste ano. Segundo dados da Junta Comercial do Estado do Pará (Jucepa), um total de 20.786 empresas foram abertas no Estado nos meses de janeiro a março de 2023, uma redução com relação ao mesmo período do ano passado, quando 21.814 empresas foram formalizadas.
Com relação ao fechamento, foram 10.582 empreendimentos com atividades finalizadas no primeiro trimestre deste ano, o que representa alta de 44,74% na comparação com o mesmo intervalo de 2022, de 7.311.
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Na avaliação do economista Valfredo de Farias, no ano passado, com as expectativas do mercado em torno da economia, muitas pessoas se “empolgaram” e legalizaram seu negócio, especialmente por ter sido um ano eleitoral.
“Algumas políticas foram adotadas, até de certa formas eleitoreiras, mas isso colocou muito dinheiro em circulação e, quando se coloca muito dinheiro em circulação, a tendência é a economia andar mais rápido”, pontua.
Embora, segundo ele, esse comportamento impacte na inflação, em contrapartida, se faz mais negócio, porque cresce o interesse das pessoas em comprar ou vender e, com a movimentação financeira mais alta, muitas pessoas abrem e legalizam seu negócio.
“Dentro disso também, com a economia circulando e andando mais rápido devido ao poder monetário em circulação, também se abrem novas oportunidades para negociar com empresas maiores, com o próprio governo e, para isso, você tem que emitir nota fiscal, então você vai legalizando os negócios”.
Impacto
Já em 2023, as expectativas econômicas estão ruins, na avaliação do economista, o que pode ter motivado o crescimento de empresas fechadas e a queda de negócios abertos.
Para Valfredo, a turbulência econômica criada a partir das eleições, com incertezas no âmbito da economia, fez com que as expectativas do mercado ficassem negativas, deixando pessoas com “o pé atrás”, ou recuando.
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“Ao invés de abrirem o seu negócio e pagar mais imposto, elas preferem dar uma recuada, observar mais um pouco o que vai acontecer daqui para frente e tem muita gente estudando. O mercado não está tão propício, até porque estamos com uma taxa de juros muito alta, isso também impacta muito nas empresas estarem fechando, porque o crédito fica mais difícil, mais caro”, comenta.
O endividamento das empresas também pode ser um fator que contribuiu para o número divulgado pela Jucepa. De maneira geral, o economista acha que os impactos foram resultado da burocracia para abrir empresas, o crédito muito caro no mercado e o alto endividamento das empresas.
Formalização
Mesmo com as dificuldades do mercado, a empreendedora Suelle Reis, de 40 anos, tem buscado a profissionalização do seu negócio, com a expectativa de conseguir mais espaço para vender seus produtos. Dona da Biomarajoara, empresa de biojoias feitas com matéria-prima regional, ela se formalizou em outubro do ano passado e agora está focada em exportar seus artesanatos.
“Tenho a empresa desde 2008, mas nunca tive a intenção de me formalizar mesmo, porque já tinha o MEI, isso já me dava garantia. Mas comecei a perder projetos e editais que precisavam dessa formalidade e perdi oportunidades grandes, inclusive encomendas maiores. No ano passado, tive a chance de entrar em um projeto, mas tinha que me formalizar antes. Já tinha perdido a oportunidade uma vez, não ia perder de novo”, conta.
Nesses seis meses em que sua empresa está mais constituída, Suelle afirma que tem tido mais visibilidade no mercado, o que é importante porque ela quer exportar seus produtos. “Vendo na Praça da República e no Polo Joalheiro, além de outras exposições, mas agora quero estudar uma nova ambição, de exportar”.
Hoje, a empresa de Suelle conta até com funcionários. Ela recomenda para quem quer se formalizar e ver o negócio crescer: basta ir até a sede do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas no Pará (Sebrae-PA) em data e horário marcados e tirar todas as dúvidas.
Empresas abertas no Pará
- 1º tri/2022: 21.814
- 1º tri/2023: 20.786
- Variação: 4,71%
Empresas fechadas no Pará
- 1º tri/2022: 7.311
- 1º tri/2023: 10.582
- Variação: 44,74%
Fonte: Jucepa
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