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Participação feminina é destaque na abertura de empresas no Pará; setor de varejo é o mais buscado

Apesar de ter sentido uma queda em 2022, os números de 2020 e 2021 mostram que cada vez as mulheres têm alcançado protagonismo dentro dos espaços de trabalho

Camila Azevedo
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Cada vez mais o público feminino paraense tem conquistado espaços de protagonismo dentro do mercado local. A participação delas nas aberturas de empresas no Pará, mesmo tendo caído em 2022, manteve crescimento estável em 2020 e 2021, sendo reflexo dos anos de luta por uma igualdade ainda não totalmente alcançada. É o que mostram os dados levantados pela Junta Comercial do Estado do Pará (Jucepa): foram 80.106 novos empreendimentos no ano passado, sendo 31.165 ocupados por mulheres em cargos administrativos. Desses, o setor mais buscado é o de vendas de vestuários e acessórios. 

Os números de 2021 foram diferentes: das 90.381 empresas abertas, 37.695 tiveram participação feminina, representando 41,71% do total. Já em 2020, as mulheres estavam à frente de 40,93% dos estabelecimentos criados no estado. Dentre as atividades mais frequentes chefiadas por elas, além do setor varejista, com 12,21%, estão os salões de beleza (5,21%), promoção de vendas (5,11%) e restaurantes (4,18%), tendo destaque, também, para os serviços de estética e cuidados com a beleza, somando 4,16% dos locais de trabalho em que são protagonistas.

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Geralmente, o empreendedorismo feminino está acompanhado de particularidades na decisão. É o caso de Michelle Oliveira, de 31 anos, que migrou do trabalho em uma escola para abrir o próprio negócio no ramo de eventos. A necessidade e desejo de participar da criação do filho foi o principal motivo. “Por conta da maternidade, consegui juntar um pequeno capital inicial e entrei no mundo de eventos e festas. Ao contrário do que esperava, foi bem mais fácil e rápido o retorno financeiro. De início, era apenas pra ser uma renda extra, porém, por falta de tempo e retorno, acabei largando meu emprego”, conta.

Desafios

Para conseguir dar conta de todas as demandas do dia, que envolvem administração e atendimento aos clientes, o tempo de descanso com amigos e família, por vezes, acaba sendo deixado de lado. “E principalmente, [sinto] a falta dos benefícios que não temos, como na CLT, ou seja: não trabalho, não tenho dinheiro. Trabalho faça chuva, ou faça sol. Por ser a dona, administradora e atendente, acabo me vendo sem tempo livre nos finais de semana, por exemplo, e tendo que abrir mão muitas vezes de feriados, passeios e eventos”, completa Michelle. 

image O fator decisivo para que Michelle Oliveira, de 31 anos, migrasse para o empreendedorismo foi a necessidade e o desejo de participar da criação do filho (Filipe Bispo / O Liberal)

Apesar dos desafios do dia a dia, ela considera que todas as experiências e resultados obtidos com a empresa são compensadores. “Ser dona do meu próprio negócio foi de início bem desafiador e tive que buscar sempre inovar e me qualificar dentro do meu nicho. Mas, acima de tudo, a liberdade que não tinha em termos financeiros veio somente com meu próprio negócio. A principal vantagem, sem dúvidas, é fazer o meu horário e ter mais tempo para criar meu filho. Conseguimos nos programar e tirar duas férias de curto período por ano”, destaca a empreendedora.

Empresária sente diferença em tratamento 

Apesar de no mercado das festas Michelle não sentir falta de respeito por ser mulher, é comum alguns clientes, que não a conhecem, acharem que ela é um homem no primeiro contato. “Como usamos o nome da empresa no primeiro atendimento, sempre se referem a mim como homem. Como também trabalhamos com brinquedos, acabam achando que o trabalho ‘pesado’ seria de um homem e, muitas vezes, também em eventos, se dirigem ao meu funcionário como se fosse ele o dono por ser homem, mesmo eu estando presente”, relata.

Empreender era um sonho, diz dona de restaurante 

Já o que impulsionou a empreendedora Kleydi Muniz, de 39 anos, a abrir o próprio negócio em fevereiro de 2022 foi um sonho antigo. Ela sempre quis trabalhar com gastronomia. “Ser dona do seu próprio negócio é muito bom, mas é um desafio, você não tem dia, nem noite, nem feriado, sábado e domingo. Todo dia é uma maratona, você dorme tarde, principalmente no meu caso, que é restaurante, e é o dia inteiro na luta. Porém, é muito prazeroso tirar esse sonho do papel, ver ele concretizado… Nós começamos bem pequenos, apenas com delivery, depois, resolvemos abrir um salão para atendimento ao público”.

Estar à frente de tomadas de decisão faz parte das vantagens que Kleydi vê ao longo da rotina de trabalho no restaurante japonês que gere com o auxílio do marido. Para ela, a questão financeira enfrentada no início do negócio foi fator decisivo e encarada com um ponto negativo dentro da empresa. “As desvantagens são as burocracias que a gente enfrenta em relação a questões tributárias, quando você está começando um negócio, é difícil alguém te dar suporte com um crédito, e a gente precisa muito, é uma das barreiras que a gente enfrenta também”, afirma a empresária.

Machismo é escancarado no setor

Kleydi diz que, sim, se sente respeitada dentro do mercado, mas, não deixa de notar o machismo por parte de alguns fornecedores e outros empresários do ramo. Apesar disso, a empreendedora não perdeu as forças para continuar atuando. “Há aquele machismo de um ou outro por estar tratando com uma mulher. No início, senti um tratamento diferente por certas pessoas, empresários homens que me olhavam de uma forma diferente, mas isso não me deixou para baixo, pelo contrário, todos os dias eu luto para mudar essa visão. Nós, mulheres, podemos tudo”, finaliza.

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