CONTINUE EM OLIBERAL.COM
X

No Pará, fumantes usam 11% da renda familiar per capita para comprar cigarro

O percentual é o mesmo nos Estados do Tocantins e Ceará, mas superior à média nacional, de 8%

O Liberal
fonte

A região Norte, junto com o Nordeste, concentra os maiores gastos com o tabagismo, segundo uma pesquisa do Instituto Nacional do Câncer (Inca), apresentada nesta quarta-feira (31). Especificamente no Pará, a população fumante gasta cerca de 11% da renda familiar per capita (por pessoa) na compra de cigarros industrializados. O percentual é o mesmo nos Estados do Tocantins e Ceará, e fica abaixo do Acre (14%) e Alagoas (12%).

VEJA MAIS:

image Menos tabaco, mais saúde: ex-fumantes relatam melhoras depois da superação do vício
O tabagismo pode causar aproximadamente 50 outras doenças incapacitantes ou fatais como câncer, doenças cardiovasculares e doenças respiratórias crônicas

image Domingo em Belém é marcado por ações contra o tabagismo
As atividades aconteceram na sede do Centro de Referência em Abordagem e Tratamento do Fumante (Cratf) e na Praça da República, de 9h às 13h.

image Nova Zelândia proíbe venda de cigarro para nascidos a partir de 2009; medida vale para a vida toda
Descumprimento da decisão, que faz parte de um dos pacotes de medidas antifumo mais rígidos do mundo, pode levar a multa de quase R$500 mil

Em todo o país, cerca de 8% da renda familiar per capita é destinada a este fim. Para os fumantes, o gasto mensal chega a quase 10% da renda se a faixa etária for de 15 a 24 anos, atingindo 11% entre aqueles com ensino fundamental incompleto.

A variação maior ocorre no rendimento e não tanto no gasto, segundo o médico André Szklo, um dos autores do estudo, realizado pela Divisão de Pesquisa Populacional do Inca. "Para pessoas que têm escolaridade mais baixa, que moram em Estados ou regiões em que a renda média é menor, o gasto com cigarro acaba tendo uma contribuição relativa maior", destacou, em entrevista à Agência Brasil.

Entre os fumantes de baixa escolaridade, o comprometimento do gasto com cigarro, em função da renda domiciliar per capita do domicílio onde reside, é maior do que entre fumantes que têm escolaridade mais elevada.

A mesma coisa ocorre em regiões do país. No Norte e Nordeste, onde a renda média é menor, comparada com o Sudeste e Sul, o comprometimento do gasto com o cigarro acaba sendo maior também. Por sexo, o percentual alcança 8% para os homens e 7% para as mulheres.

Outras regiões

Na Região Sul, Paraná e Rio Grande do Sul registram 8% de gastos com cigarros, e Santa Catarina, 7%. No Sudeste, Rio de Janeiro e Minas Gerais apresentam gastos em torno também de 8%, enquanto São Paulo e Espírito Santo atingem 7%. Os menores índices aparecem na região Centro-Oeste, com Mato Grosso do Sul e o Distrito Federal mostrando gastos de 6% cada. Mato Grosso e Goiás alcançam 9% cada.

Segundo o médico, essa contribuição é derivada de duas variáveis: quanto a pessoa está gastando em média, naquele mês, com cigarro, e o rendimento médio dos domicílios daqueles Estados onde há um morador fumante.

Preço baixo

"Não necessariamente vai ser o mesmo (gasto) para todos os Estados. Porque tem a relação de quanto você gasta e o rendimento médio do domicílio daquele Estado, per capita", diz.

Por exemplo, quando se nota que Mato Grosso do Sul tem contribuição menor, isso pode ser em função tanto de um rendimento maior domiciliar entre as famílias que têm pelo menos um fumante, como também um gasto proporcional menor desse fumante, não necessariamente porque ele está comprando menos cigarro, mas também pelo preço que está pagando pelo produto.

Depois do Paraguai, o Brasil é o país que tem o cigarro mais barato das Américas. "Desde 2017 que a gente tem uma queda real, isto é, já descontada a inflação, do preço do cigarro legal brasileiro. É um cigarro muito barato". No gasto analisado pelo Inca, está incluído o gasto com cigarro legal e ilegal.

Consumir cigarro muito barato pode contribuir para que a pessoa não pare de fumar, de acordo com André Szklo, e ainda pode levar adolescentes e jovens, principalmente, a começar a fumar, estimulados pelo preço muito baixo.

A recomendação é que é preciso voltar a criar barreira, defendeu Szklo. "E essa barreira para o gasto com cigarro é voltar a aumentar o preço". Na avaliação do pesquisador do Inca, aumentar as alíquotas que incidem sobre os produtos finais do tabaco e, consequentemente, sobre o preço final do cigarro, é a medida mais efetiva de saúde pública e controle do tabaco, para reduzir a iniciação e estimular a suspensão desse hábito. "Se a gente voltar a aumentar o preço do cigarro, os fumantes vão acabar gastando menos, porque vão parar de fumar".

Os recursos desse imposto devem ser canalizados para o Sistema Único de Saúde (SUS), por exemplo, para tratamento de doenças relacionadas ao uso do tabaco. "O custo do tabagismo para o país representa muito mais do que é arrecadado em termos de impostos pela indústria do tabaco". Segundo Szklo, a arrecadação chega a 10% do custo estimado de R$ 125 milhões por ano.

Impacto

É exatamente nas populações de menor renda e nos Estados mais pobres, de acordo com o médio, entre as famílias de menor escolaridade, que o cigarro acaba comprometendo mais o rendimento domiciliar per capita.

Szklo reforçou que, se os integrantes desses domicílios pararem de fumar ou nem começarem a fumar, esse dinheiro que hoje é gasto com cigarro poderá ser canalizado para outras ações de promoção da saúde das pessoas, além da compra de alimentos, tema deste ano do Dia Mundial sem Tabaco.

A pesquisa mostra que, se a pessoa não estiver gastando com tabaco, ela pode usar o dinheiro para comprar comida. "Se tiver menor consumo de tabaco, vai ter mais comida no prato do brasileiro, porque a pessoa pode destinar também uma parte da área empregada atualmente no cultivo de folhas de tabaco para alimentos como arroz e feijão, entre outros".

Entre no nosso grupo de notícias no WhatsApp e Telegram 📱
Economia
.
Ícone cancelar

Desculpe pela interrupção. Detectamos que você possui um bloqueador de anúncios ativo!

Oferecemos notícia e informação de graça, mas produzir conteúdo de qualidade não é.

Os anúncios são uma forma de garantir a receita do portal e o pagamento dos profissionais envolvidos.

Por favor, desative ou remova o bloqueador de anúncios do seu navegador para continuar sua navegação sem interrupções. Obrigado!

ÚLTIMAS EM ECONOMIA

MAIS LIDAS EM ECONOMIA