Aumento da taxa mínima não convence entregadores em Belém

Profissionais reivindicam reajustes maiores

George Miranda | Especial para O Liberal
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Dois dias depois do anúncio de reajuste na taxa mínima de entrega feito pelo iFood, a medida ainda é vista com desconfiança por parte de trabalhadores do setor em Belém. Para entregadores e apoiadores do movimento, o aumento, que começa a valer em junho, está longe de responder às principais pautas da paralisação nacional ocorrida nos dias 31 de março e 1º de abril, que teve adesão na capital paraense.

Na manifestação, os entregadores exigiam taxa mínima de R$ 10 por pedido, aumento no valor do quilômetro rodado e limite no raio de atuação das bicicletas para até 3 km. No pacote anunciado pela plataforma, a taxa mínima passará de R$ 6,50 para R$ 7,00 (bicicleta) e R$ 7,50 (moto e carro), abaixo do que foi reivindicado.

“Eles poderiam ter aproveitado esse momento para fazer uma reparação justa, mas o tiro saiu pela culatra. Foi um anúncio desastroso”, avalia Euclides Magno, presidente do Sindicato dos Motoristas de Aplicativo (Sindtapp), entidade que presta suporte jurídico a alguns entregadores. Segundo ele, o setor é marcado pela ausência de dados oficiais sobre o número de trabalhadores e sofre com a falta de segurança, baixa remuneração e ausência de mediação entre profissionais e plataformas.

 

Articulação

Além do aumento da taxa mínima, o iFood anunciou ampliação do seguro pessoal para casos graves, com indenização de até R$ 120 mil por morte ou invalidez e cobertura de até 30 dias para afastamentos temporários. O aplicativo também padronizou as rotas de bicicleta em até 4 km, e não mais acima disso.

Para a plataforma, as mudanças fazem parte de um processo contínuo de escuta e aperfeiçoamento da relação com os entregadores. “Estamos sempre ouvindo nossos entregadores e buscando entender suas necessidades para oferecer soluções reais que impactem positivamente seu trabalho”, afirmou Johnny Borges, diretor de Impacto Social do iFood. A empresa ressaltou que os aumentos estão acima da inflação e que também tem investido em ações de educação, assistência em saúde e apoio jurídico.

Ainda assim, segundo Euclides Magno, o sentimento entre os trabalhadores é de que a mobilização deve continuar. “As plataformas acham que o barulho das ruas não foi suficiente, mas a revolta aumentou. Outras categorias, como os motoristas por aplicativo, já estão se articulando. Isso é só o começo”, afirma.

 

Insatisfação

Para quem depende das entregas como principal renda, como é o caso de Carlos Eduardo Silva, de 32 anos, o reajuste não muda o cenário. Ele trabalha como entregador em Belém desde 2020, após ser demitido do comércio no início da pandemia. De bicicleta, o trabalhador percorre, em média, 25 km por dia e lamenta que as mudanças pouco impactem no bolso dele.

“O que a gente queria era uma taxa de pelo menos R$ 10. Esse valor aí não cobre nem os dias de chuva, que são os mais puxados e com menos demandas”, relata o entregador.

 

Repasse

Do lado das empresas que precisam do trabalho dos entregadores, como restaurantes e pizzarias, há receio de que eventuais reajustes sejam repassados a elas e, consequentemente, aos consumidores. O empresário Nazareno Alves, CEO do Grupo Point do Açaí, diz que, se o custo da entrega subir, o repasse ao consumidor será inevitável.

“A gente já trabalha numa margem [de lucro] muito espremida. Vamos ter que repassar para o consumidor”, afirma. Ele considera positiva a valorização dos entregadores, mas diz que isso não garante melhoria no serviço. “As plataformas também precisam ofertar treinamentos para os trabalhadores”, destaca

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